Jornal Estado de Minas

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Nova série de máfia de 50 Cent ambientada em Chicago estreia hoje


“Faço mais sucesso aqui do que jamais fiz na música.” A afirmação surpreende por vir de 50 Cent. Um dos nomes mais importantes da indústria do hip hop a emergir nos anos 1990, Curtis James Jackson III, de 46 anos, já vendeu 30 milhões de álbuns e venceu os principais prêmios do mercado fonográfico. 





O “aqui” a que ele se refere é a televisão. 50 Cent tem produzido mais séries do que discos – seu mais recente álbum de estúdio é “Animal ambition”, de 2014. Realizou lançamentos musicais desde então – compilações ou singles. As novas músicas geralmente integram as trilhas de suas produções. 

Somente no segundo semestre de 2021 ele lançou duas novas séries, ambas produzidas durante a pandemia – “Raising Kanan” e “BMF”. Neste domingo (4/2) lança mais uma, “Power Book IV: Force” – todas elas pela plataforma Starzplay. Atualmente, pelo menos uma dezena de séries têm à frente o nome de 50 Cent.

O ano de 2014 foi um divisor de águas em sua carreira. Fã inconteste de “Scarface” (1983), o clássico dos clássicos dos filmes de gângster, 50 Cent criou sua própria história de máfia. “Power” (2014-2020) tem um protagonista negro, James “Ghost” St. Patrick (Omari Hardwick). Rico e dono de uma das boates mais badaladas de Nova York, ele leva uma vida dupla. Com a persona Ghost, é um traficante implacável. Deixar o mundo do crime e levar uma vida “legítima” na elite da cidade é a grande questão do personagem.





Assim que a série foi lançada, “Power” foi comparada a “Os Sopranos” (1999-2007). A produção sobre uma família de mafiosos ítalo-americana teve seis temporadas. Pois então, “Power” teria que ter mais. “Na minha cabeça, seriam sete. E quando fizemos a sexta não precisávamos parar”, comenta. A temporada final de “Power” teve 15 episódios, contra os 10 de cada uma das temporadas anteriores. “Foram seis temporadas e meia; sete, tecnicamente”, diz ele, em entrevista ao Estado de Minas.

Tal qual a Marvel, só que com o hip hop, tendo o mundo das ruas e do tráfico como pano de fundo, 50 Cent criou o chamado “Universo Power”. Todos os spin-off são com personagens derivados da série mãe. “Power Book II: Ghost” (2020, com a terceira temporada prometida para este ano) acompanha Tariq St. Patrick (Michael Rainey Jr.), o filho de Ghost que, após a morte do pai, divide-se entre a vida em uma universidade de elite e o legado de crimes que ele deixou. Foi lançada uma semana depois do fim da série original.

O terceiro título, “Power Book III: Raising Kanan” (2021, já com o segundo ano confirmado), acompanha a juventude do personagem Kanan nos anos 1990 – no “Power” original, ele foi interpretado pelo próprio 50 Cent. Já a novíssima “Power Book IV: Force” deixa Nova York e chega até Chicago. Tem como protagonista Tommy Egan (Joseph Sikora), o amigo-irmão de James “Ghost” St. Patrick, agora em busca de uma nova vida. 






DIVERSIDADE

50 Cent dá várias razões para explicar o sucesso da franquia: “Nova York sempre foi uma das personagens de ‘Power’. E todo mundo é representado naquela cidade, incluindo os brasileiros. A ideia era realmente fazer uma história diversa, que tivesse culturas e mundos diferentes”, diz ele.

Outro motivo é que ele é o garoto-propaganda de todas as produções. “O ‘Power’ original não teve uma supercampanha de marketing. Cada temporada, inclusive, é divulgada por uma equipe diferente de relações públicas. A única coisa que se manteve igual fui eu divulgando a série e dando suporte a ela. Então, hoje, se você pensa em 50 Cent, pensa em ‘Power’.” 

Ele cita ainda a relação próxima com a música – e o rapper também é autor dos temas das séries. “Sempre volto para as minhas raízes. Sem o meu sucesso na música, não teria a oportunidade de fazer séries.” 

Em 5 de janeiro passado, em sua conta no Instagram, 50 Cent divulgou dados sobre as séries mais bem avaliadas de 2021 entre o público negro nos EUA. Os três primeiros lugares foram dele: “Power: Ghost”, “Raising Kanan” e “BMF”, respectivamente. “Não tenho que encontrar um novo público, tenho que encontrar o meu público”, afirma.

Neste aprendizado como produtor, e com uma trajetória profissional e pessoal tão turbulenta quanto a de seus personagens (traficou na juventude, foi vítima de atentado, tornou-se uma potência na música e envolveu-se em ações judiciais), 50 Cent descobriu que até questões aparentemente simples se refletem na audiência.





Em 2014, “Power” estreou em 7 de junho, um sábado. A segunda temporada, em 2015, também foi exibida aos sábados. Somente a partir do terceiro ano a produção passou para os domingos – o que ocorreu com as séries que ele lançou desde então. “A maioria das pessoas adultas trabalha de segunda a sexta. O sábado é o dia em que saem, e o domingo é o dia em que ficam em casa. Por isso mudei, mesmo que tenha que competir com os jogos. Foi um processo, mas aprendi rápido”, comenta.


Joseph Sikora é o protagonista Tommy Egan, que recomeça a vida em Chicago, depois de se ver só e arrependido em Nova York (foto: STARZPLAY/DIVULGAÇÃO )

NADA (MAIS) A PERDER

O que faz alguém que perdeu tudo? Bem, se for Tommy Egan, ele vai pegar o seu Mustang e se jogar na estrada. No episódio piloto de “Power Book IV: Force”, que estreia hoje, o personagem de Joseph Sikora deixa Nova York com a intenção de se mudar para Los Angeles. Mas decide fazer uma parada em Chicago, para resolver uma questão do passado. Só que tudo acontece – e Tommy decide refazer sua vida na “cidade dos ventos”.

“Tommy é um homem machucado. Perdeu todos os que lhe eram próximos: Ghost, seu irmão, a mãe, a namorada, a mãe do filho que não nasceu. Ele vive com dor e arrependimento, e isto vai trazer muitas consequências para tudo o que fizer. Um dos aspectos que mais gosto dele é que Tommy faz suas próprias leis. Ele não veio ao mundo para agradar ninguém, não se importa se gostam ou não dele”, afirma Sikora.





Coprotagonista de “Power” e agora dono de sua própria série, Tommy vai se envolver com as duas maiores gangues de Chicago. Quer se tornar o maior traficante local, e por isto não deve fidelidade a ninguém. Já no primeiro episódio, somos apresentados aos novos parceiros do personagem no crime.

DISPUTA

Um deles é Water Flynn (Tommy Flanagan), o chefão de uma família que tem alguns negócios legítimos e outros escusos. A parte, vamos dizer, “limpa” da história fica a cargo da filha, Claudia (Lili Simmons), que quer porque quer colocar a mão na parte suja. O pai não deixa, pois ali é o território do filho, Vic (Shane Harper). Recém-chegado a Chicago, Tommy esbarra com Vic. A animosidade é recíproca e a disputa irá além das drogas, pois ambos estão interessados em Gloria (Gabrielle Ryan), uma bartender que parece não depender de ninguém.

“Tommy é como um animal encurralado. Ou ele nada, ou afunda. No começo da série ele está no fundo do mar. Só que uma descoberta irá levá-lo a nadar. Ele vai fazer o que tiver que ser feito”, comenta Sikora. Já na estreia não faltam cenas de luta, de sexo e de um possível drama familiar.





Natural de Chicago, onde viveu mais da metade de seus 45 anos, Sikora diz que foi um prazer filmar “Force” na cidade. “Apesar do frio, pois lá é diferente, ele parece que entra nos seus ossos. Para mim foi surreal filmar nas ruas onde cresci. Fiz muito teatro em Chicago, e há vários atores locais que participam da série. Fiquei orgulhoso por isto.” 

Agora, se Chicago será uma personagem como Nova York foi em “Power”, só o tempo irá dizer. “’Power’ teve seis temporadas e meia para mostrar Nova York em sua multiplicidade. ‘Force’ mostra uma camada de Chicago; caso tenhamos outras temporadas, com certeza mostraremos outros lados”, diz Sikora.

“POWER BOOK IV: FORCE”

Série em 10 episódios. O primeiro estreia neste domingo (6/2), na Starzplay. Os demais serão lançados semanalmente, sempre aos domingos.