O Movimento Arte na Maternidade (MAM) abre, nesta quarta-feira (9/2), exposição on-line com obras das artistas plásticas Luciana Brandão, Iaci Carneiro e Lorena Barros e de suas filhas, respectivamente, Teresa, de 4 anos, Cora, de 4, e Flora, de 1 ano e nove meses.
O trio se juntou para realizar residência artística entre agosto e outubro de 2021. Dali saíram 45 obras: 10 de cada uma delas e cinco das crianças. A exposição “Movimento Arte na Maternidade” contou com supervisão da curadora Flaviana Lasan, idealizadora do Ateliê Gamela.
O movimento surgiu de questionamentos de Luciana Brandão sobre a possibilidade de aliar o exercício da profissão à maternidade. Depois de passar uma década sem pintar e se tornar mãe durante o mestrado em artes cênicas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ela criou uma cena curta como trabalho do curso. Colou post-its coloridos na barriga com frases que considerava invasivas e desnecessárias.
Mãe de Teresa, de 4 anos, Luciana ressalta as dificuldades de horário, alimentação e saúde que a maternidade acarreta para a vida profissional. A residência artística trouxe importante apoio, ressalta. “Quando você alivia a demanda de fazer dinheiro durante um período, você tem condição e contexto para se dedicar a algo extremamente individual, que não diz respeito a ser mãe ou não, mas a ser artista”, explica.
LENKA CLAYTON
Devido à dificuldade das mães em deixar o ambiente doméstico, a residência artística teve de ser adaptada para que o trio pudesse trabalhar em casa. O site da artista e educadora britânico-americana Lenka Clayton e sua experiência inspiraram o projeto.
“Por ser mãe, minha produtividade não funciona necessariamente em horário comercial. Para atuar como artista, eu tinha de garantir uma rotina para poder fazer minha filha dormir às 20h e trabalhar até meia-noite e meia, 1h. Isso não é saudável, mas é o viável, pela nossa teimosia de não desistir”, conta Luciana.
Ela defende a ampliação da oferta de espaços artísticos para mães que não têm condições de prosseguir na carreira. “O MAM sempre partiu da premissa de que a discussão sobre a reinserção da mãe artista no mercado de trabalho é uma questão coletiva”, afirma.
Luciana diz que a filha sempre manifestou interesse por seu trabalho e pelo exercício da arte. “Certa vez, ela pediu para me ver pintar. Não queria interferir, apenas me observar”, relembra. A menina ficou entre a mãe e a tela, sem atrapalhar.
Além da exposição, o MAM promove rodas de conversa no Instagram com a presença das participantes e da curadora. A primeira ocorrerá hoje e a outra em 18 de fevereiro.
KIT NO CENTRO CULTURAL
Trezentas unidades do kit “Exposição em casa” serão distribuídas no Centro Cultural Zilah Spósito, em Belo Horizonte, em 1º de março, contendo as obras do trio em formato de postal, informações sobre atividades lúdicas e quebra-cabeças a serem desenvolvidos por mães e filhos.
Quatro masterclasses foram conduzidas por educadoras e mães com o objetivo de discutir a ligação entre arte e maternidade. Participaram da iniciativa Camila Amy, Tatiana Blass, Francisca Caporali e Flaviana Lasan. “Convocamos profissionais da cultura para dar masterclasses para nós. A troca foi muito importante”, revela Luciana Brandão.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
ARTE NA MATERNIDADE
Lançamento de vídeo nesta quarta-feira (9/2), no canal do MAM no YouTube. Rodas de conversa hoje e 18 de fevereiro, no perfil do MAM no Instagram. Distribuição de kits em 1º de março, no Centro Cultural Zilah Spósito, em BH.