Depois que lendas da música, incluindo Neil Young e Joni Mitchell, retiraram suas músicas do Spotify em protesto ao fato de a plataforma permitir a divulgação de informações equivocadas sobre a COVID-19, alguns artistas menos conhecidos afirmaram que a maior plataforma de música por streaming do mundo é um "mal necessário" e que não podem se dar ao luxo de abandoná-la.
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O músico de jazz Michael Valeanu, baseado em Nova York, afirma que o ideal seria nunca ter apresentado sua música no Spotify, mas que "é crucial ser ouvido, e essas plataformas são a maneira como as pessoas consomem música hoje em dia".
Valeanu afirma que, muitas vezes, pensa em abandonar a plataforma, por considerar que o Spotify não remunera os artistas de forma justa. Ele conta que recebeu apenas US$ 500 em todas as plataformas, a maior parte vinda do Spotify, por seu primeiro álbum, lançado há 10 anos, e que já teve milhares de reproduções por streaming.
FRAÇÃO DE CENTAVO
O Spotify paga entre US$ 0,03 e US$ 0,05 por reprodução, ou entre US$ 3 e US$ 5 para cada mil execuções, segundo órgãos da imprensa americana. A plataforma declarou que desde 2020 pagou mais de US$ 23 bilhões em royalties aos detentores de direitos autorais.
IMPACTO
Os pagamentos aos artistas estão vinculados à demanda, o que significa que nomes populares, como Joni Mitchell e Neil Young, sofrerão um impacto financeiro, assim como suas gravadoras. Segundo Neil Young, 60% de suas receitas oriundas do streaming vinham do Spotify.
A revista “Billboard” calcula que a decisão de Young de abandonar a plataforma custará, pessoalmente, US$ 754 mil por ano ao artista, enquanto para Joni Mitchell as perdas devem alcançar US$ 272 mil por ano.
A conta de Neil Yong no Twitter direcionou os fãs para a Amazon Music com um link e informou que "todos os novos ouvintes terão quatro meses de graça".
Alguns artistas reclamaram que Young e Mitchell deixaram a plataforma pela questão da desinformação, e não em protesto aos pagamentos insuficientes.
A cantora e compositora India Arie, que também abandonou o Spotify por causa do podcast de Rogan, afirmou: "Pagar aos músicos uma fração de centavo? E (a Rogan) US$ 100 milhões? Isso mostra o tipo de empresa que ela é".
Leo Sidran acredita que a única forma de mudar o sistema é com a saída dos grandes nomes da música da plataforma para gerar um impacto.
“Se Adele, ou Billie Eilish, ou alguns grandes artistas pop contemporâneos saíssem, talvez fizesse diferença", afirmou. "Mas a saída dos artistas independentes realmente não vai afetar o Spotify. Vai afetar os artistas", acrescentou.
Miles Blackwood, artista independente de 31 anos de Boston, conhecido como Baze Blackwood, afirma que o episódio de Rogan se uniu à irritação com a taxa de pagamento e que iniciou o processo para retirada de suas músicas do Spotify. Para ele, há plataformas mais justas. "Eu acho que isso foi realmente a gota d'água."