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Estado de Minas MERCADO FONOGRÁFICO

Spotify é o 'inimigo íntimo' do qual os músicos não conseguem se livrar

Mesmo indignados com a remuneração que a plataforma oferece por suas músicas, artistas menos conhecidos dizem não poder abandoná-la, como fez Neil Young


10/02/2022 04:00 - atualizado 10/02/2022 03:52

Logo do spotify visto num celular carregado por uma pessoal da qual só aparece parte da mão
Spotify tem 381 milhões de usuários e domina 30% do mercado de streaming da música (foto: Stefani Reynolds / AFP)

Depois que lendas da música, incluindo Neil Young e Joni Mitchell, retiraram suas músicas do Spotify em protesto ao fato de a plataforma permitir a divulgação de informações equivocadas sobre a COVID-19, alguns artistas menos conhecidos afirmaram que a maior plataforma de música por streaming do mundo é um "mal necessário" e que não podem se dar ao luxo de abandoná-la.

Além de a plataforma dar a oportunidade de alcançarem uma grande audiência, os artistas recebem pagamentos pela reprodução de suas músicas – ainda que muitos considerem a remuneração injusta.

Com 381 milhões de usuários e mais de 30% do mercado de streaming da música, o Spotify "é um mal necessário", disse Leo Sidran, músico e apresentador do podcast "The Third Story". "Deixar o Spotify seria eliminar o enorme potencial para que as pessoas me encontrem."

O músico de jazz Michael Valeanu, baseado em Nova York, afirma que o ideal seria nunca ter apresentado sua música no Spotify, mas que "é crucial ser ouvido, e essas plataformas são a maneira como as pessoas consomem música hoje em dia".

Valeanu afirma que, muitas vezes, pensa em abandonar a plataforma, por considerar que o Spotify não remunera os artistas de forma justa. Ele conta que recebeu apenas US$ 500 em todas as plataformas, a maior parte vinda do Spotify, por seu primeiro álbum, lançado há 10 anos, e que já teve milhares de reproduções por streaming.

FRAÇÃO DE CENTAVO 

O Spotify paga entre US$ 0,03 e US$ 0,05 por reprodução, ou entre US$ 3 e US$ 5 para cada mil execuções, segundo órgãos da imprensa americana. A plataforma declarou que desde 2020 pagou mais de US$ 23 bilhões em royalties aos detentores de direitos autorais.

IMPACTO 

Os pagamentos aos artistas estão vinculados à demanda, o que significa que nomes populares, como Joni Mitchell e Neil Young, sofrerão um impacto financeiro, assim como suas gravadoras. Segundo Neil Young, 60% de suas receitas oriundas do streaming vinham do Spotify.

A revista “Billboard” calcula que a decisão de Young de abandonar a plataforma custará, pessoalmente, US$ 754 mil por ano ao artista, enquanto para Joni Mitchell as perdas devem alcançar US$ 272 mil por ano.

A conta de Neil Yong no Twitter direcionou os fãs para a Amazon Music com um link e informou que "todos os novos ouvintes terão quatro meses de graça".

Alguns artistas reclamaram que Young e Mitchell deixaram a plataforma pela questão da desinformação, e não em protesto aos pagamentos insuficientes.

A cantora e compositora India Arie, que também abandonou o Spotify por causa do podcast de Rogan, afirmou: "Pagar aos músicos uma fração de centavo? E (a Rogan) US$ 100 milhões? Isso mostra o tipo de empresa que ela é".

Leo Sidran acredita que a única forma de mudar o sistema é com a saída dos grandes nomes da música da plataforma para gerar um impacto.

“Se Adele, ou Billie Eilish, ou alguns grandes artistas pop contemporâneos saíssem, talvez fizesse diferença", afirmou. "Mas a saída dos artistas independentes realmente não vai afetar o Spotify. Vai afetar os artistas", acrescentou.

Miles Blackwood, artista independente de 31 anos de Boston, conhecido como Baze Blackwood, afirma que o episódio de Rogan se uniu à irritação com a taxa de pagamento e que iniciou o processo para retirada de suas músicas do Spotify. Para ele, há plataformas mais justas. "Eu acho que isso foi realmente a gota d'água."



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