Formado a partir da união de Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra, o grupo Bala Desejo é a grande novidade da música brasileira neste início de 2022. O quarteto carioca está na ativa há dois anos, mas só agora lança seu primeiro disco, “SIM SIM SIM”, concebido de forma a reproduzir o formato de um LP.
O “Lado A”, com sete faixas, chegou às plataformas em 27 de janeiro. O “Lado B”, com seis músicas inéditas, desembarca no mundo digital na próxima quinta-feira (16/2).
Apesar de evocar o passado com esse jeito de colocar seu trabalho na praça, Bala Desejo tem uma história que se relaciona com o tempo em que foi criado.
Depois da aparição on-line, os quatro receberam o convite para se apresentar na edição de 2021 do festival paulistano Coala. Como o evento foi cancelado, os produtores propuseram ao quarteto entrar em estúdio para construir o disco de inéditas.
“Somos amigos há muito tempo, mas só agora começamos a aparecer juntos para o público”, conta Dora, filha da cantora Paula e do violoncelista Jaques Morelenbaum. “Depois do convite para fazer o show, que foi cancelado, veio a proposta do disco e foi aí que a gente entendeu que éramos realmente um grupo.”
“Primeiro veio a união, depois vieram as canções”, explica Julia Mestre. “Bala Desejo foi o último 'carimbo'. O projeto todo tem mais ou menos um ano. Entramos em estúdio em agosto”, ela conta.
Composto a oito mãos, o repertório autoral nasceu em uma série de imersões de Dora, Julia, Lucas e Zé em um sítio em Barbacena, no interior de Minas Gerais. A partir desses encontros, eles perceberam que seu trabalho era realmente significativo.
“Vi a força do grupo nessas imersões. Foi muito interessante perceber, em casa, um pipocar ideias para contribuir, a partir de olhares diferentes. A gente conseguiu encontrar o equilíbrio dentro do desequilíbrio. É a partir de embates construtivos que a gente consegue chegar nos lugares que queremos”, comenta Dora.
Julia concorda, afirmando que a força está no aspecto coletivo do grupo. “Em 2020, sempre que aparecíamos juntos nas lives, o alcance era muito maior do que separados. Com isso, a gente sacou como a força coletiva comunica muito mais, como quatro vozes juntas podem amplificar um trabalho só”, analisa.
No estúdio, os quatro se revezaram nas vozes, violões, pianos e teclados sob a supervisão de Gabriel Andrade, sócio-fundador e curador do Coala. A produção é assinada pelo grupo em parceria com a cantora e compositora Ana Frango Elétrico. As gravações contaram com a participação de Alberto Continentino (baixo), Daniel Conceição (percussão) e Thomas Harres (bateria).
Assim como “Lado A”, o “Lado B” de “SIM SIM SIM” começa com uma introdução, “Chupeta”, que evoca a “kombi do Bala Desejo”, entidade que conduz o álbum. Nela, ouvem-se falas de Regina Casé e Caetano Veloso.
A partir daí, o disco traz canções como a divertida “Lambe lambe” e a romântica “Passarinha”, essa com sons latinos. Na faixa-título, os músicos sussurram a palavra sim durante 30 segundos, que desembocam nas delicadas e psicodélicas “Muito só” e “Cronofagia (O peixe)”.
Todas as canções têm um pouco da MPB setentista. O disco traz ecos de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Rita Lee, Milton Nascimento... Mas sem perder a originalidade. Não se trata de reprodução do que já foi feito, mas de referência muito bem estabelecida e retrabalhada.
“Nunca almejei fazer música que nem Gil ou Caetano. A gente nunca almejou isso. É uma palavra muito forte que não cabe no nosso processo de trabalho. Acontece que essa sempre foi a nossa referência de música. A gente ouve esses artistas há muito tempo”, defende Lucas Nunes, o braço direito de Caetano Veloso na produção do álbum “Meu coco” (2021).
“Nossa amizade tem a ver com esses artistas. Foi através deles que a gente se conectou. As músicas deles fazem parte da nossa criação. É o que a gente gosta de ouvir”, explica Lucas.
Dora Morelenbaum estreou em 2020 com o single “Dó a dó”. Em 2021, ela lançou “João” e “Japão”, além do EP “Vento de beirada”, com três faixas.
Julia Mestre estreou com o álbum “Geminis”, em 2019, e tem uma série de singles no currículo, entre eles “Meu paraíso” e “El fuego del amor”, lançados no início de janeiro.
Ainda assim, Lucas insiste que o Bala Desejo é um projeto despretensioso. “A gente se sente à vontade como grupo. O convite de fora para dentro veio com naturalidade e nós criamos todo o trabalho de forma genuína, da maneira como estávamos sentindo que deveria ser”, afirma.
. 6 faixas
. Coala Records
. Disponível nas plataformas digitais
O “Lado A”, com sete faixas, chegou às plataformas em 27 de janeiro. O “Lado B”, com seis músicas inéditas, desembarca no mundo digital na próxima quinta-feira (16/2).
Apesar de evocar o passado com esse jeito de colocar seu trabalho na praça, Bala Desejo tem uma história que se relaciona com o tempo em que foi criado.
"Foi muito interessante perceber, em casa, um pipocar ideias para contribuir, a partir de olhares diferentes. A gente conseguiu encontrar o equilíbrio dentro do desequilíbrio"
Dora Morelembaum, cantora e compositora
LIVES DE TERESA CRISTINA
A banda começou a nascer no primeiro ano da pandemia, quando Dora, Lucas e Zé foram para a casa de Julia passar um período da quarentena. Por lá, fizeram lives no Instagram e participaram de uma das transmissões ao vivo realizadas pela cantora Teresa Cristina.Depois da aparição on-line, os quatro receberam o convite para se apresentar na edição de 2021 do festival paulistano Coala. Como o evento foi cancelado, os produtores propuseram ao quarteto entrar em estúdio para construir o disco de inéditas.
“Somos amigos há muito tempo, mas só agora começamos a aparecer juntos para o público”, conta Dora, filha da cantora Paula e do violoncelista Jaques Morelenbaum. “Depois do convite para fazer o show, que foi cancelado, veio a proposta do disco e foi aí que a gente entendeu que éramos realmente um grupo.”
“Primeiro veio a união, depois vieram as canções”, explica Julia Mestre. “Bala Desejo foi o último 'carimbo'. O projeto todo tem mais ou menos um ano. Entramos em estúdio em agosto”, ela conta.
Composto a oito mãos, o repertório autoral nasceu em uma série de imersões de Dora, Julia, Lucas e Zé em um sítio em Barbacena, no interior de Minas Gerais. A partir desses encontros, eles perceberam que seu trabalho era realmente significativo.
“Vi a força do grupo nessas imersões. Foi muito interessante perceber, em casa, um pipocar ideias para contribuir, a partir de olhares diferentes. A gente conseguiu encontrar o equilíbrio dentro do desequilíbrio. É a partir de embates construtivos que a gente consegue chegar nos lugares que queremos”, comenta Dora.
Julia concorda, afirmando que a força está no aspecto coletivo do grupo. “Em 2020, sempre que aparecíamos juntos nas lives, o alcance era muito maior do que separados. Com isso, a gente sacou como a força coletiva comunica muito mais, como quatro vozes juntas podem amplificar um trabalho só”, analisa.
No estúdio, os quatro se revezaram nas vozes, violões, pianos e teclados sob a supervisão de Gabriel Andrade, sócio-fundador e curador do Coala. A produção é assinada pelo grupo em parceria com a cantora e compositora Ana Frango Elétrico. As gravações contaram com a participação de Alberto Continentino (baixo), Daniel Conceição (percussão) e Thomas Harres (bateria).
''Primeiro veio a união, depois vieram as canções''
Julia Mestre, cantora e compositora
Assim como “Lado A”, o “Lado B” de “SIM SIM SIM” começa com uma introdução, “Chupeta”, que evoca a “kombi do Bala Desejo”, entidade que conduz o álbum. Nela, ouvem-se falas de Regina Casé e Caetano Veloso.
A partir daí, o disco traz canções como a divertida “Lambe lambe” e a romântica “Passarinha”, essa com sons latinos. Na faixa-título, os músicos sussurram a palavra sim durante 30 segundos, que desembocam nas delicadas e psicodélicas “Muito só” e “Cronofagia (O peixe)”.
Todas as canções têm um pouco da MPB setentista. O disco traz ecos de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Rita Lee, Milton Nascimento... Mas sem perder a originalidade. Não se trata de reprodução do que já foi feito, mas de referência muito bem estabelecida e retrabalhada.
“Nunca almejei fazer música que nem Gil ou Caetano. A gente nunca almejou isso. É uma palavra muito forte que não cabe no nosso processo de trabalho. Acontece que essa sempre foi a nossa referência de música. A gente ouve esses artistas há muito tempo”, defende Lucas Nunes, o braço direito de Caetano Veloso na produção do álbum “Meu coco” (2021).
“Nossa amizade tem a ver com esses artistas. Foi através deles que a gente se conectou. As músicas deles fazem parte da nossa criação. É o que a gente gosta de ouvir”, explica Lucas.
DÔNICA
Inevitavelmente, Bala Desejo tende a amplificar o trabalho que cada integrante realiza individualmente. Lucas e Zé Ibarra fazem parte da banda Dônica, cujo primeiro e único álbum é “Continuidade dos parques”, de 2015. Quando houve a primeira imersão na casa de Julia, os dois estavam trabalhando no próximo disco do grupo.Dora Morelenbaum estreou em 2020 com o single “Dó a dó”. Em 2021, ela lançou “João” e “Japão”, além do EP “Vento de beirada”, com três faixas.
Julia Mestre estreou com o álbum “Geminis”, em 2019, e tem uma série de singles no currículo, entre eles “Meu paraíso” e “El fuego del amor”, lançados no início de janeiro.
Ainda assim, Lucas insiste que o Bala Desejo é um projeto despretensioso. “A gente se sente à vontade como grupo. O convite de fora para dentro veio com naturalidade e nós criamos todo o trabalho de forma genuína, da maneira como estávamos sentindo que deveria ser”, afirma.
“SIM SIM SIM – LADO B”
. Disco do grupo Bala Desejo. 6 faixas
. Coala Records
. Disponível nas plataformas digitais