Jornal Estado de Minas

CINEMA

Tom Holland, o Homem-Aranha, agora estreia como Drake, herói do Playstation


Videogames se tornam filmes, assim como heróis das telonas são transformados em jogos. A mistura de gêneros se confirma com a estreia de “Uncharted: Fora do mapa”, sucesso nos consoles Playstation, que entra em cartaz nesta quinta-feira (17/2), nas salas de Belo Horizonte.





A gigante japonesa Sony não poupou esforços para levar para o cinema este jogo que lembra a saga “Indiana Jones”. Para isso, recrutou atores famosos como o britânico Tom Holland, de 25 anos, queridinho das novas gerações por seu papel em “Homem-Aranha: Longe de casa”, que estreou em 16 de dezembro, e rostos consagrados como o americano Mark Wahlberg, de 50, e o espanhol Antonio Banderas, de 61.
 

EL DORADO

Holland é Nathan Drake, bartender que troca a vida sossegada por perigosas aventuras com o objetivo de encontrar El Dorado, antiga cidade sul-americana onde há uma quantidade absurda de ouro. A vocação do jovem está no sangue: ele acredita ser descendente do famoso explorador Francis Drake. Além do ouro, procura pelo irmão Sam, cujo desaparecimento está ligado ao tesouro.

No filme dirigido por Ruben Fleischer (de “Zumbilândia” e “Venom”), Nathan tem o apoio de Victor “Sully” Sullivan (Mark Wahlberg), experiente explorador. Repleto de cenas de ação, várias delas inspiradas no jogo, o longa reproduz o famoso momento do avião, quando Drake sobrevive ao ataque de inimigos armados dentro de um cargueiro.





Holland, que prossegue em cartaz como o super-herói aracnídeo, tratou de separar bem os personagens em recente entrevista à agência Reuters.

“Foi importante para nós criar estilo único para Nathan Drake, então não houve nenhuma semelhança com o Homem-Aranha. Mas... quando você está fazendo grandes filmes, é empolgante ver o quão longe você pode levar os limites, o que você pode fazer fisicamente para projetar sequências para serem únicas, frescas e novas”, afirmou o ator inglês.

Em “Uncharted”, Sophia Taylor Ali é a aventureira Chloe Frazer, caçadora de tesouros como Nathan e Sully, com quem o jovem explorador se envolve.

O vilão da história é Moncada (Antonio Banderas), milionário colecionador de antiguidades. Rival de Sully e Nathan, está interessado no tesouro, que, segundo ele, pertenceu à sua família há séculos e foi surrupiado.

Antonio Banderas é o vilão Moncada, milionário colecionador de antiguidades (foto: Columbia Pictures/reprodução)


Além de Moncada e de mercenários, Nathan e Sully têm de enfrentar criaturas mutantes descendentes de espanhóis e nazistas que atacam qualquer um que ouse desvendar os segredos do tesouro. A dupla também é perseguida por Braddock (Tati Gabrielle), a bela vilã que cobiça o ouro.





Dirigido ao público familiar, o longa vem gerando muita expectativa. “O jogo foi um sucesso colossal (com mais de 40 milhões de cópias vendidas), o que não deve levar a um fracasso no cinema”, prevê o economista Laurent Michaud, especialista em videogames.

Se o longa for mesmo sucesso de bilheteria, a Sony, principal empresa de consoles e um dos players mais poderosos da indústria cinematográfica, certamente terá um filão superlucrativo para explorar. O grupo é dono de várias outras franquias de sucesso, destaca Mio Kato, analista da empresa de pesquisas LightStream Research.

Cena do game ''Uncharted 4'' (foto: Naughty Dog/reprodução)

“SUPER MARIO”

Não há nada de original na fórmula. Adaptações de games para o cinema começaram em 1993, com o lançamento rudimentar de “Super Mario”.




O primeiro sucesso de bilheteria, apesar das críticas que recebeu, foi “Tomb Raider” (2001), estrelado pela atriz americana Angelina Jolie no papel de Lara Croft.

Outros filmes seguiram o caminho inverso, com resultados questionáveis. Foi o caso de “Goldeneye”, da saga de James Bond, em sua versão para o console Nintendo 64.

John Evershed, diretor de estratégia do estúdio de animação americano Trioscope, observa que recentemente houve aumento considerável de adaptações de videogames para filmes e seriados.

“Há dois anos, houve a adaptação notável de uma série de televisão baseada em videogame: 'Castlevania'”, aponta Evershed, referindo-se ao jogo do grupo japonês Konami ambientado no universo inspirado em “Drácula”.





SÉRIES E VIDEOGAMES

Atualmente, há pelo menos 12 séries em diferentes estágios de desenvolvimento ou produção. Entre elas está “Arcane”, que, como “Castlevania”, é transmitida atualmente pela Netflix. Esse seriado animado é originário de “League of Legends”, o principal jogo do estúdio Riot Games, que está entre os mais populares do mundo.

Para os especialistas, vários motivos explicam o aumento das adaptações. “Videogames têm sido de suma importância para a indústria do entretenimento. Culturalmente, eles são mais relevantes para pessoas de 18 a 34 anos do que a música ou os filmes”, compara John Evershed.

A base de jogadores também aumentou consideravelmente. Laurent Michaud lembra que, atualmente, pessoas na faixa dos 50 e 60 anos jogam.

“Quando um filme inspirado em jogos é lançado, você sabe que tem potencial para atrair um grande público”, observa Michaud.

Além disso, aponta Daniel Ahmad, analista da Niko Partners, “plataformas como a Netflix podem atrair e reter espectadores que são jogadores para aumentar sua base de usuários. Uma forma de fazer isso é oferecer a eles conteúdo que os atraia, como esse tipo de jogo.”