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Estado de Minas MÚSICA

Rock Brasil 40 Anos termina com shows esgotados e músicos em clima de festa

Leo Jaime, que faz show neste sábado (19/2) no CCBB, e João Penca e seus Miquinhos Amestrados, na segunda (21/2), planejam se divertir com a plateia


19/02/2022 04:00 - atualizado 18/02/2022 22:16

Integrantes do João Penca e os Miquinhos Amestrados fazem distintas poses, abrindo pernas e braços, em cimento grafitado
Reunidos para a programação especial em tributo ao BRock, João Penca & seus Miquinhos Amestrados farão na capital mineira seu segundo show em sete anos, na próxima segunda (foto: Tielle Mello/Divulgação)

O rock dos anos 80 traz como marco introdutório o lançamento do compacto de “Você não soube me amar”, da Blitz, em junho de 1982. A banda capitaneada por Evandro Mesquita foi realmente a primeira a estourar nacionalmente, mas, naquele período, a efervescência da música jovem era grande. 

Um cantor, compositor, ator e pianista que não fazia exatamente parte daquela turma acabou flertando com o então nascente rock Brasil. Segundo álbum de Eduardo Dussek, “Cantando no banheiro”, lançado no mesmo junho de 1982, trazia a participação de João Penca & Seus Miquinhos Amestrados.

A intenção inicial era que o álbum fosse creditado a Dussek e à banda, mas acabou sendo lançado só com o nome dele mesmo. No repertório, havia duas canções de um compositor que integrava o João Penca: Leo Jaime é o autor de “Rock da cachorra” e “Enfant terrible” (esta com Tavinho Paes). “Cantando no banheiro” fez um sucesso tremendo e acabou também abrindo o caminho para João Penca e Leo Jaime. 

Nos últimos dias do festival Rock Brasil 40 anos, que vai até a próxima segunda (21/2), no Centro Cultural Banco do Brasil, haverá shows de ambos: neste sábado (19/2), a atração é Leo Jaime, e no encerramento do evento, João Penca. A seguir, eles falam sobre suas trajetórias, ontem e hoje.

de camisa preta, Leo Jaime segura óculos pretos com uma das mãos e casaco preto jogado no ombro com a outra
Leo Jaime cantará seus hits e também covers no show desta noite, no qual ele espera ter a plateia fazendo coral (foto: Dantas Jr./Divulgação)

LEO JAIME 

O goiano Leo Jaime chegou ao Rio de Janeiro ainda adolescente para tentar a sorte. Antes, havia morado em São Paulo e em Brasília e feito de tudo um pouco. Foi office-boy, engraxate, vendedor de joias, mas sempre teve verve de artista. 

Era ator de musicais quando conheceu o tecladista Leandro Verdeal. O músico, que já era um “miquinho”, convidou-o para conhecer os caras do João Penca. “Durante um bom tempo, o repertório era basicamente meu e do Leandro”, conta Leo. Até que ele conseguiu um contrato com gravadora (a antiga CBS). Como o João Penca também iria lançar seu primeiro disco, Leo participou do álbum, mas não cantou, porque tinha compromisso com seu próprio lançamento. 

“Como o meu era solo, demorou, e fiquei no fim da fila”, conta ele sobre o álbum de estreia. Mesmo que a abertura política estivesse batendo à porta, o Brasil ainda vivia numa ditadura. Os censores não compraram as picardias de Leo Jaime. “Phodas C” – o título do álbum fazia piada com a linha de navios Eugênio C – foi recolhido em dezembro daquele 1983. Só liberado em março de 1984, chegou lacrado às lojas e com o aviso: “Proibido para menores de 18 anos”. A canção “Sônia” foi proibida de tocar nas rádios. 

Apesar do começo difícil, a carreira de Leo Jaime enfim decolou com “Sessão da tarde” (1985), o segundo álbum, que trazia “As sete vampiras”, “A fórmula do amor” (com o Kid Abelha), “Só”, “A vida não presta” e “Solange” (baseada em “So lonely”, do The Police, com letra sobre Solange Hernandez, conhecida como Dona Solange ou “Tesourinha”, a maior censora da música brasileira).

DANCE COMIGO

 Boa parte desse repertório estará na apresentação de hoje. “É o show ‘Dance comigo’, com músicas que o povo ama cantar junto”, comenta. Além daquelas da própria lavra, Leo Jaime também fará covers: “Maior abandonado”, “Será” e “Boys don’t cry” estão no set list.

Será o terceiro show dele desde que a pandemia começou. “Voltar depois de tanto tempo deu um friozinho na barriga. Será que ainda sei fazer isso? Fiquei muito tempo sem a banda e, quando voltei (em outubro passado, neste mesmo projeto, no Rio) fiquei apreensivo, nervoso.” Descobriu no palco que tocar é como andar de bicicleta. “Agora vou retomar com força total. Já tenho bastante coisa marcada, a ômicron é que deu uma derrubada na agenda do começo do ano.”

Mesmo que a música seja hoje sua atividade principal, Leo Jaime se desdobrou em outras frentes, atuando como ator, jornalista e apresentador. “Escrever começou meio por acaso. Sempre tive paixão e, em 1989, quando comecei a escrever no (jornal) O Globo, não parei mais. A carreira musical teve uns hiatos; a de colunista, menos, ainda que hoje não tenha compromisso fixo com nenhum veículo.”

Bom frasista, desfia nas redes sociais comentários irreverentes sobre toda sorte de temas. Atualmente, vem se dedicando ao “BBB”. “É uma novela, entre aspas, que é escrita em parceria com o público. À medida que vai se comentando, a interação aumenta. Tem este lado interessante. Agora, se você for assistir a ‘Get back’, dos Beatles (a série documental por Peter Jackson é lançada pelo Disney+), vai encontrar um reality genial, com um elenco excelente”, afirma.

JOÃO PENCA

O período de atividade de João Penca e os Miquinhos Amestrados vai do final da década de 1970 até meados da de 1990. O revival dos anos 1980 levou o grupo a se reunir em 2004 – a última apresentação foi em dezembro de 2008, no Circo Voador, no Rio.

“Não se pode dizer que o João Penca não existe, pois ele faz parte da história da gente, é uma manifestação da amizade de amigos de infância”, afirma Avellar Love, ou Luiz Carlos de Avellar Júnior, um dos três vocalistas do grupo – os demais são Selvagem Big Abreu (Sérgio Ricardo Abreu) e Bob Gallo (Marcelo Ferreira Knudsen).

Há pouco mais de um ano, eles voltaram a se encontrar. Cada um seguiu uma carreira, e Avellar, engenheiro de planejamento de aeroporto, foi o único que continuou na vida artística, atuando por vários anos em teatro musical.

 Quando foi lançado o projeto Rock Brasil 40 anos, no CCBB do Rio, fizeram um primeiro show em outubro. O da próxima segunda é o segundo em mais de uma década. Serão sete no palco: os três vocalistas mais o tecladista Leandro Verdeal (autor de “Popstar” e “Lágrimas de crocodilo”), o baixista Dôdo Ferreira, o baterista Cadu Menezes e o guitarrista Felipe Ayer.

O show vai compilar os sucessos dos cinco álbuns do grupo, lançados entre 1983 e 1991. “Não é show para a plateia, é show com a plateia. Nossa abordagem sempre foi a de nos divertir junto com o público”, diz Avellar, lembrando que quando a banda surgiu, “eram 16 amigos que subiam no palco para se divertir”.

VERSÕES 

A brincadeira deu certo por um tempo, ainda que no começo eles estivessem longe de levar a sério o que faziam. Banda que se pautou por tocar rockabilly, surf music, músicas leves e bem-humoradas, shows-espetáculo com figurinos e muitas versões de sucessos gringos, o João Penca, após o início acompanhando Dussek, conseguiu fechar um contrato com gravadora, a Ariola.

Repertório para um disco já tinham – boa parte das canções de “Os maiores sucessos de João Penca & Seus Miquinhos Amestrados” (1983) é de versões. Na volta de um dos ensaios, no Fusca de Cláudio Killer, primeiro tecladista do grupo, os amigos, brincando, fizeram uma versão para “Tell me once again”, música de 1972 do Light Reflections, na verdade um grupo brasileiro que cantava em inglês, como pedia a época.

Ali, de brincadeira, saiu “Calúnias (Telma eu não sou gay)”. “O Ney (Matogrosso) frequentava os shows da gente e alguém teve a brilhante ideia de convidá-lo para gravar. O Ney gravou de primeira e, no início, a intenção era dividir a canção com ele. Mas resolvemos deixar o Ney cantar tudo”, conta Avellar. O então diretor artístico da Ariola gostou tanto do resultado que resolveu incluí-la também no álbum “Pois é”, de Ney. 

A mesma gravação foi para os dois discos. “O do Ney vendeu disco de platina antecipado; o nosso, 3 mil cópias”, comenta. O João Penca foi, de acordo com Avellar, “expulso” da gravadora. “O diretor ficava enrolando, não recebendo a gente. Um dia, invadimos a sala dele. Tínhamos um carimbo com o nome da banda. Carimbamos a parede branca com João Penca & Seus Miquinhos Amestrados até o teto.”

A partir deste início nada animador, a banda foi mudando de gravadora. Foi um disco a cada dois anos, com hits como “Romance em alto-mar”, “Papa uma-ma”, “Matinê no Rian”. Todos eles estarão no show. Que o público de BH só não espere a versão que João Penca gravou para o hino do Clube Atlético Mineiro (incluído em 1996 em um álbum lançado pela revista “Placar”). “Não, não podemos fazer isso. Cometemos este erro uma vez e metade da plateia aplaudia e a outra metade vaiava. Foi ódio no coração.”

ROCK BRASIL 40 ANOS 

Até segunda (21/2), no Centro Cultural Banco do Brasil, Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. Ingressos esgotados para os shows de Léo Jaime (neste sábado, 19/2) e João Penca e Seus Miquinhos Amestrados (na segunda, 21/2). Filmes e exposições gratuitos. Informações: bb.com.br/cultura 

 


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