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Estado de Minas QUARTO SINGLE

Com sua viola caipira, Camila Menezes se lança em carreira solo

Integrante das bandas Dolores 602 e Tutu com Tacacá, compositora, instrumentista e produtora mineira apresenta o single 'Samba pra Iemanjá'


22/02/2022 04:00 - atualizado 22/02/2022 08:28

Instrumentista Camila Menezes toca viola caipira e sorri
Em seu trabalho solo, Camila Menezes mescla viola caipira, música eletrônica e ritmos nordestinos (foto: Xande Pires/divulgação)


Celebrando a rainha das águas, Camila Menezes lança nas plataformas digitais seu quarto single, “Samba pra Iemanjá”. Ampliando as experimentações da mineira com a viola caipira e ritmos brasileiros, o single é incrementado pela percussão de Débora Costa.

Multi-instrumentista, compositora, arranjadora, maestrina e produtora, Camila faz parte da banda de indie pop Dolores 602 e do grupo Tutu com Tacacá, que funde ritmos mineiros e do Norte do país.
 

MARACATU COM ELETRÔNICA

O novo single chega depois do EP “Bença”, no qual a viola se juntou ao maracatu e à música eletrônica. Depois de apresentar a canção em saraus e festival dedicado a composições femininas, ela decidiu gravá-la em estúdio.

“Samba pra Iemanjá” foi composto em 2016. Camila conta que, sem ela se dar conta, a letra relata episódio ocorrido com uma amiga, durante a infância. “Ela tem Iemanjá como orixá de cabeça, então fiz a música pensando nisso. Peguei o violão, um caderno e as ideias fluíram rapidamente. Em poucos minutos a música estava pronta”, diz.

A “transição” da produtora para compositora começou há algum tempo. “Rejo um coral que passou a gravar músicas autorais. Passei cerca de cinco anos em estúdio produzindo vários CDs, mais de 100 faixas, fiz os arranjos e acompanhei a produção. Ficava ao lado do técnico, vendo-o editar, mixar e masterizar. E eu ali, construindo com ele”, relembra.

Quando a pandemia começou, Camila decidiu compreender melhor o processo de gravação. Estudava virtualmente, planejou seu estúdio caseiro. Com o surgimento da Lei Aldir Blanc, veio a chance de revelar seu projeto autoral.

“Quis me usar como cobaia, estudar mais a produção de áudio. Já tinha uma canção para entrar nesse trabalho, que a banda Dolores 602 gravou, 'Azulamarelo'. Porém, na releitura, decidi pôr viola caipira misturada com elementos eletrônicos, pois eu queria nova sonoridade.”

“Azulamarelo” ganhou nova versão e Camila compôs “Louvação à minha mãe”, também para a viola caipira e com elementos eletrônicos, inspirada na convivência dela com a mãe durante o confinamento social.

Outra da safra familiar foi “Parati”, feita para o pai. “Ele desencarnou em 2009, a gente tinha um automóvel Volkswagen, modelo Parati”, explica.

FORA DA GAVETA

As três canções formaram o EP “Bença”, lançado em 2020. Deu certo; Camila recebeu elogios por seu trabalho solo e se animou a prosseguir. “Gostei muito da experiência. Não quero chegar ao futuro e ver que deixei músicas minhas na gaveta.”

“Samba pra Iemanjá” é especial para ela. “Não sou umbandista, não tenho essa vivência, mas estou lançando a música com muito respeito”, ressalta. Quando mostrou a letra à amiga a quem homenageou, ouviu: “Você está contando a história da minha vida”. Os versos falam de mãe e filha na beira da praia.

“Fiz um samba de roda da Bahia. Não é o samba carioca, pois ele tem conga, prato e faca. E a viola caipira também faz parte desse tipo de samba”, explica.

A percussionista Débora Costa teve papel fundamental no projeto. “Ela está nesse feat comigo. Quis chamar de feat, de participação mesmo, para descentralizar um pouco a figura da cantora”, comenta Camila.

Antes da pandemia, a mineira planejava fazer um show tocando viola caipira. Teve de cancelá-lo, com a chegada da crise sanitária, e partiu para outras experimentações.
“Estou no meio de uma coisa que ainda não sei bem o que é. Vou descobrir com o tempo. Meu objetivo é, principalmente, me mostrar como produtora, como alguém que faz arranjos e é capaz de gravar, mixar e masterizar. Estou aprendendo cada vez mais”, revela.

Desde 2012, Camila Menezes é maestrina do Coral Casa de Auxílio e Fraternidade Olhos da Luz, de Sabará, que se dedica a vários gêneros musicais – tango, folk, canto coral tradicional e música regional brasileira. Ela também dá aulas particulares de violão, baixo e ukulele. “E agora faço tudo em casa: gravo, edito, faço arranjos, mixagem e masterização”, conclui.

SAMBA PARA IEMANJÁ

Quem é que mora na beira do mar?
Semeia flores na beira do mar...
Quem é que bole as conchinhas na areia?
Sorrindo estrelas no mar de Iemanjá

Quando eu era pequena, minha mãe me falou
Quando eu fosse pro mar, buscasse lhe dar valor
Que pedisse licença ao imenso sem fim
Contemplando a beleza que estava diante de mim

Foi na beira do mar
Que mamãe me chamou
E na noite serena batizou de estrelas em nome do amor

Foi na beira do mar
Foi o mar que embalou
E hoje canto pra ela trazendo a ciência de Nosso Senhor




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