Quem passar pela Avenida Bias Fortes, perto da Praça Raul Soares, vai notar lá no alto, na empena do Edifício Savoy, duas mulheres abraçadas – uma delas com um peixe nas mãos. Criação da artista visual Mag Magrela, o painel de 650 metros quadrados ficou pronto nesta sexta-feira (25/2).
“Arada, a extensão do meu olhar se faz terra” é o nome do painel. Mag explica que a babosa e os cacos de cerâmica ali presentes representam a necessidade de cicatrização e cura para a reconstrução do novo.
A paulistana afirma que nunca se sentiu tão bem recebida e segura para realizar um trabalho como desta vez. Dizendo que o movimento da cena artística em Belo Horizonte é “apaixonante”, Mag ainda vai participar, neste sábado (26/2), de outro trabalho com artistas locais na região da Lagoinha.
Ela está em BH a convite do Circuito Urbano de Arte (Cura), que desde 2017 faz da capital mineira uma galeria a céu aberto, com várias pinturas nas empenas de prédios do Centro. O intuito do projeto é democratizar o acesso à cultura, por meio da arte de rua.
GIRAMUNDO NA PRAÇA
Nesta sexta edição, o Cura se concentrou na área da Praça Raul Soares. Até ontem (25/2), também ficou exposta lá a instalação “Gira de novo”, do Giramundo, grupo mineiro de teatro de bonecos.
Na verdade, não foi a “estreia” de Mag em BH. Em 2015, ela participou do projeto “Telas urbanas”, da Fundação Municipal de Cultura. Pintou um painel sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, instalado no Viaduto Gil Nogueira, na Avenida Portugal, na Pampulha.
Curadora do Cura, Priscila Amoni diz que a obra de Mag fala de passado e “da memória encarnada de experiências que nos ensinam e nos preparam para o futuro”. O painel também remete ao feminino, à intuição e à resiliência. Jana Macruz e Juliana Flores são as outras curadoras do projeto.
Na ativa desde 2007, quando começou a pintar nas ruas de São Paulo, Mag Magrela destaca a importância da apropriação da cidade pelas pessoas e por artistas. Esse processo de ocupação envolve artes visuais, música e teatro.
“Quando a rua é ocupada, as pessoas se sentem à vontade para estar nela. Onde tem cuidado e ocupação, as pessoas se sentem parte de um todo. Quando a arte está nesses lugares de passagem, ela afeta as pessoas de uma forma diferente e tem poder maior de transformação”, afirma Mag Magrela.
“ARADA, A EXTENSÃO DO MEU OLHAR SE FAZ TERRA”
Painel criado pela artista Mag Magrela, instalado na empena do Edifício Savoy. Avenida Bias Fortes, 1.577, Centro, nas proximidades da Praça Raul Soares. Iniciativa do Projeto Cura.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria