O maior e mais longevo festival do Brasil em sua modalidade, em que candidatos inscritos e selecionados competem entre si por uma premiação que totaliza R$ 200 mil, o Festival Nacional da Canção (Fenac) está com inscrições abertas. Em sua 52ª edição, o evento retoma este ano o formato presencial, interrompido em 2020 devido à chegada da pandemia, e volta a realizar seu tradicional circuito por cidades do Sul de Minas Gerais.
Das músicas inscritas, 120 serão escolhidas para as etapas classificatórias, que vão ser realizadas entre agosto e setembro, em Perdões, Coqueiral, Três Pontas, Nepomuceno, Elói Mendes e Boa Esperança, onde ocorrem as semifinais e a final, entre 8 e 11 de setembro.
O formato presencial não exclui, no entanto, o on-line, que foi adotado em 2019, antes portanto da pandemia, como forma de ampliar a possibilidade de participação no festival. Criador do Fenac, Gleizer Naves diz que a experiência do on-line, que se mostrou uma tábua de salvação nos dois últimos anos, foi originalmente pensada como uma cota para abarcar artistas de localidades distantes interessados em participar.
“Adotamos esse modelo em 2019 e teve uma curiosidade: o terceiro lugar naquela edição foi da Ucrânia, que agora vive essa situação conturbada com a Rússia. No on-line, qualquer artista do mundo que cante em português, que é uma regra do regulamento, pode participar”, diz.
Ele conta que, desde que o formato on-line foi adotado, o Fenac recebeu muitas inscrições vindas de Portugal, Estados Unidos, Inglaterra, Chile e Uruguai, entre outros. Dos 120 selecionados, uma proporção de 10% são reservados aos artistas que vão concorrer remotamente.
EXPECTATIVAS
“Todo mundo disputa do mesmo jeito os principais prêmios. Na proposta on-line, o artista envia a apresentação dele, no palco, cantando, e, se ele passa pela fase classificatória e chega entre os 10 finalistas, concorre em pé de igualdade à premiação”, aponta Gleizer.
Segundo o criador do festival, a retomada do formato presencial, no entanto, é o que torna essa 52ª edição do Fenac especial. Ele comenta que essa possibilidade – que vem a reboque de uma situação epidemiológica mais favorável – tem gerado uma tripla expectativa: dele próprio, dos artistas e da população das cidades onde o festival é tradicionalmente realizado.
“Eu, como pai da criança, fico, obviamente, muito empolgado com a possibilidade de voltar a fazer o evento com artistas e plateia, no nosso circuito tradicional. E tem, claro, a expectativa da população das cidades que recebem o festival. Some-se aí a expectativa do pessoal que mexe com arte, que vive disso, de se apresentar. Tem gente que chora quando a gente liga para dizer que estamos voltando, que vamos contratar”, diz, aludindo às atrações que emolduram a competição propriamente dita, já que, além das apresentações dos candidatos concorrentes, o Fenac é composto, também, de uma grande variedade de expressões e linguagem artísticas.
“A gente compõe uma programação com quase uma centena de atrações, para o festival ficar maior. Você começa o dia com música na rua, aí vem artes circenses, dança, teatro e outras modalidades, tudo sempre aberto, gratuito. À noite é a hora das apresentações dos concorrentes”, explica.
“Além da disputa dos prêmios, temos apresentações de música erudita, música instrumental, dança, mágica, circo; é um celeiro de culturas diversificadas, então a expectativa no meio artístico, de um modo geral, é muito grande”, acrescenta.
TROCAS E PARCERIAS
Para a fase classificatória, um corpo de jurados é constituído em cada cidade por onde o festival passa. Gleizer observa que o Fenac, com o formato presencial, cumpre também a função de promover encontros entre artistas, jurados – que normalmente são nomes reconhecidos da cena artística, como o compositor Murilo Antunes, que é uma presença constante – e público, o que sempre acaba gerando trocas e parcerias.
“Tem tanta gente bacana que já veio participar. Toda vez que me perguntam quem já passou pelo Fenac ao longo desses mais de 50 anos, lembro-me do Tadeu Franco lançando a música ‘Nós dois’ aqui com a gente, do Marcus Viana, que foi o vencedor da segunda edição, enfim, tem muita gente que se lançou do Fenac para o sucesso.”
“O nosso objetivo é dar palco para essa quantidade de talentos que, muitas vezes, não têm onde mostrar sua arte. A proposta é promover um intercâmbio. É tão bacana quando, em cada uma das cidades, uma moça, um rapaz que chegou de Belém do Pará, do Maranhão, encontra aquele cenário com imprensa, jurados, gente de gravadoras; acontece aquela troca e, de repente, essa pessoa está fazendo música com um sujeito de São Paulo, do Rio Grande do Sul. A gente fica feliz de movimentar essa cena”, afirma.
As inscrições podem ser feitas pelo site do Fenac até 24 de junho. Mais informações sobre o evento e o regulamento completo estão disponíveis no site.