"Meninas do Benfica" é a nova produção original do Canal Brasil. Os dois primeiros episódios foram ao ar na última quarta (2/3). A cada quarta-feira, às 19h45, mais dois episódios serão lançados.
Leia Mais
Will Arnett faz paródia das séries de detetive em ''Murderville''Grupo Galpão lança em seu YouTube o filme 'Febre', um delírio sobre o fimBrasileiro indicado ao Oscar quer levar moradores de rua à cerimôniaNo Dia da Mulher, Carla Madeira fala sobre sua obra no 'Sempre um papo'Obcecada pelo sucesso, blogueira vira serial killer em 'As seguidoras'Gravada em Fortaleza, com uma equipe majoritariamente feminina e de profissionais de fora dos grandes centros da produção audiovisual brasileira, a série traz um diálogo entre os protestos ocorridos em junho de 2013 e a cobertura realizada pelas novas mídias digitais.
As Jornadas de Junho servem como ponto de partida e pano de fundo da história, mas não funcionam como premissa central da trama. A diretora destaca o trabalho de fotografia e de arte desenvolvido por Lília Soares e Patrícia Passos, respectivamente.
Para Roberta Marques, elas conseguiram captar e passar para o produto final das gravações um clima equatorial brasileiro que não é muito visto nas séries e filmes, em que há predomínio do clima tropical.
"Tenho falado que na série a gente trata de um equatorial feminino, porque o Nordeste é muito representado de uma forma árida, seca e masculina, né? Machista… Eu acho que é como o Brasil vê um pouco o Nordeste. De uma forma geral, tem um pouco esse clichê. E a série, quando ela é equatorial, ela é quente, mas tem cores. Equatorial é uma coisa colorida. Ele é laranja, é avermelhado… tem uma coisa que é diferente do tropical. O tropical é aquele Brasil que, desde os anos 50, a gente projetou nas telas", comenta a diretora.
Ela diz estar orgulhosa da abrangência que o lançamento da série terá com a exibição no Canal Brasil e espera poder colaborar com a descentralização da produção audiovisual brasileira.
EXEMPLO
“Acho que é muito importante para a gente, mas é também de uma importância muito grande para o Brasil. O Brasil é muito grande, é imenso, e a gente tem regiões, sotaques, culturas. O Brasil é formado por todas elas, mas a gente sempre está representado pelo mesmo polo Rio-São Paulo. Então, acho que a série é um exemplo que pode ser seguido por outros estados e capitais, porque a gente quer ver esse Brasil diverso, essa diversidade.”A questão feminina também é bastante marcante na produção. Roberta Marques recorre ao dispositivo narrativo do grupo feminino formado por quatro mulheres, como ocorre em outras obras da televisão ou do cinema, como “Girls” e “Sex and the City”.
Sobre a escolha do Bairro do Benfica, em Fortaleza, região boêmia e universitária da capital cearense, a diretora diz ter sido natural. "São quatro jovens meninas, feministas, e é uma celebração a essa juventude ativista que, naquele momento (das Jornadas de Junho), começou a tomar corpo e ocupar espaços."
Ela diz estar esperançosa por uma segunda temporada. Apesar de não haver nada fechado, material e vontade já existem. Por parte das protagonistas, a expectativa em relação à repercussão da série também é grande. Das quatro, Sandra (Larissa Goes), Iara (Amanda Freire), Keyla (Lua Martins) e Andrea (Ariza Torquato), apenas uma teve pequena participação em produções anteriores; as demais são caras frescas na dramaturgia.
"Elas são muito boas, realmente o elenco é um achado e isso me interessa também: ver essas atrizes, esse elenco daqui, com o sotaque daqui, projetadas nacionalmente. A gente sabe como é fazer o nosso trabalho, sabendo como a gente vai projetar isso para o Brasil e para o mundo, e como isso é especial, porque nunca foi fácil para a gente fazer. Acho que romper essas portas e janelas, estar presente, ter esse espaço é uma coisa gigante", afirma a diretora.
* Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes