Cantor, compositor, violonista e cavaquinista, o mineiro Dedé Paraizo faz parte do grupo paulista Demônios da Garoa desde 2005, tocando violão de sete cordas, compondo e cantando. Paralelamente, segue a carreira solo e agora lança nas plataformas digitais o álbum “De todos os paraísos” (Radar). O disco traz quatro canções autorais e oito releituras de sucessos de João Nogueira, Benito de Paula e Taiguara, entre outros compositores.
Dedé explica que nome do novo projeto é “De todos os paraísos” porque mostra justamente todos os estilos que ele gosta de cantar. “Na realidade, gosto de cantar samba, MPB e até um pouco do sertanejo da antiga. E nesse disco gravei muitos sambas e canções que foram sucesso nos anos 1970 e 1980. Gravei 'Universo no teu corpo', um hit do Taiguara (1945-1996). Ele foi um grande artista brasileiro. Não tive o prazer de conhecê-lo, mas na minha infância o ouvia no rádio. Suas músicas são lindas.”
O músico mineiro regravou alguns sucessos do sambista fluminense Roberto Ribeiro (1940-1996), como “Amar como eu te amei”. “Esse samba fez muito sucesso nos anos 1970. Regravei também “Fui sambando, fui chegando”, de Benito de Paula, outro artista que fez sucesso naqueles anos. Regravei também “De amor é bom”, parceria de João Nogueira (1941-2000) com Paulo César Pinheiro.”
Dedé diz que os autores que gravou o inspiraram a ser artista. “Devia der entre 12 e 13 anos e morava no Bairro Sagrada Família. Era apaixonado por música. Minha família era de músicos, meus irmãos tocavam violão e cavaquinho. A gente se divertia nos fins de semana, quando cada um pegava o instrumento e começava a tocar. Porém, o mais musical dos irmãos era eu mesmo, ou seja, aquele que gostava realmente de música, que tinha a vontade de fazer dela uma profissão.”
CLUBE DA ESQUINA
Ele chegou a compor algumas canções ainda em BH. “Fiz parte de um grupo chamado Favela. Só que, quando participava, o nome ainda não era este. Depois, comecei a fazer contatos no Rio e São Paulo e os artistas passaram a gravar as minhas músicas. Jair Rodrigues foi o primeiro a gravar uma canção minha. Aí, tive que ir embora para Sampa, para assinar contratos com editoras e gravadoras e acabei ficando por lá. Comecei a cantar na noite paulista e conheci Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Wando e Benito de Paula, entre tantos outros artistas.”
Dedé criou uma relação profissional com eles. “Até gravei com alguns, como o próprio Jair Rodrigues. Mas o Wando, mineiro de Cajuri, foi o cantor que mais gravou minhas composições. Tive o prazer de conhecê-lo e compor com ele. Tivemos uma relação profissional e de amizade. Ele me ajudou muito na caminhada no meio artístico, gravando diversas músicas minhas.”
O músico revela que faltou um homenageado em seu disco solo: Milton Nascimento. "Adoro o Clube da Esquina. Aliás, estou com a ideia de gravar algumas músicas do Clube e outras que compus naquela época e que são inéditas. Gosto muito do 14 Bis, Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta e Tavito.”
Dedé Paraizo entrou para o Demônios em 2005 – o grupo já havia gravado duas músicas dele: “Equilíbrio” e “Descaminho”, no disco “Hoje” (Warner Music, 2001).
“Na época do ‘Hoje’, o Arnaldo Rosa (1928-2000), um dos fundadores do Demônios, ainda era vivo. Tive a oportunidade de conhecê-los em Caraguatatuba, quando fui assistir a um show do grupo. No camarim, o Arnaldo disse: ‘Canta algumas coisas aí para a gente ouvir’. Estava um pouco nervoso e com medo de eles não gostarem das minhas composições. Fui cantando uma atrás da outra, até que o Arnaldo falou: ‘É melhor você parar, porque daqui a pouco nós vamos gravar só música sua, de tão bom que é’”, lembra.
“Na época do ‘Hoje’, o Arnaldo Rosa (1928-2000), um dos fundadores do Demônios, ainda era vivo. Tive a oportunidade de conhecê-los em Caraguatatuba, quando fui assistir a um show do grupo. No camarim, o Arnaldo disse: ‘Canta algumas coisas aí para a gente ouvir’. Estava um pouco nervoso e com medo de eles não gostarem das minhas composições. Fui cantando uma atrás da outra, até que o Arnaldo falou: ‘É melhor você parar, porque daqui a pouco nós vamos gravar só música sua, de tão bom que é’”, lembra.
NA VOZ DOS OUTROS
Wilder Benedito Paraizo, o Dedé Paraizo, nasceu em BH e se mudou para São Paulo em 1982. Seu primeiro álbum veio nos anos 1980 e, em 2016, paralelamente à carreira com o Demônios, partiu para a carreira solo, lançando quatro CDs, sendo que o último se transformou em DVD que contou com as participações de Arnaldo Antunes, Cláudio Zoli, Canhotinho do Cavaco, Demônios da Garoa, Roberto Barbosa e Osvaldinho da Cuíca.
O artista compôs mais de 180 músicas que se tornaram sucesso na voz de outros cantores, como João Nogueira (“Não há felicidade”), Zeca Pagodinho (“Papel principal”), Zezé di Camargo e Luciano (“Princesa”), Jair Rodrigues (“Brisa”), Sérgio Reis (“Pela estrada”), Demônios da Garoa (“Descaminho” e “Equilíbrio”), Alcione (“Só falta você” e “Deixa que o dia amanheça”) e Wando (“Amor gostoso é bicho perigoso”).
REPERTÓRIO
>> “AUTO CONCEITO”
(Dedé Paraizo e Carlos Randall)
>> “ELA NÃO GOSTA DE MIM”
(Toninho e Romildo)
>> “CORAL DE ANJOS”
(Dedé Paraizo, Carica e Prateado)
>> “UNIVERSO NO TEU CORPO”
(Taiguara)
>> “DESLIZES”
(Michael Sullivan e Paulo Massadas)
>> “FUI SAMBANDO, FUI CHEGANDO”
(Benito Di Paula)
>> “INGENUIDADE“
(Serafim Adriano)
>> “HISTÓRIA”
(Dedé Paraizo e Ando)
>> “FESTA DE FIM DE SEMANA”
(Dedé Paraizo e Carlos Randall)
>> “AMAR COMO EU TE AMEI”
(Pedro Antonio)
>> “DE AMOR É BOM”
(João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro)
>> “ME LEVA”
(Toninho Geraes e Serginho BH)
“DE TODOS OS PARAÍSOS”
Disco de Dedé Paraizo
12 faixas
Gravadora Radar
Disponível nas plataformas digitais