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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Artista experimenta transformar o tecido em pintura, escultura e poesia

Curitibano André Azevedo expõe em BH, a partir desta terça-feira (15/3), seu trabalho de pesquisa com a arte têxtil


15/03/2022 04:00 - atualizado 15/03/2022 10:28

obra composta por tecidos de diversas cores formando quadrados que ganham forma irregular suspensos na parede
Filho de uma costureira e de um sericultor, André Azevedo diz que sua relação com o universo têxtil vem da infância e foi marcada pela divisão entre o mundo do silêncio que a criação do bicho da seda requer e o ruído da máquina de costura (foto: Fotos: Dotart/Divulgação)

Primeira exposição que o artista curitibano André Azevedo apresenta em Belo Horizonte, “Chassis” será aberta nesta terça-feira (15/3), na DotArt galeria, com o propósito de dar protagonismo à arte têxtil. 

A mostra reúne aproximadamente 20 obras, divididas em duas séries – “Captonês” e “Macrocélulas” – que ocupam os dois andares da galeria. “Chassis”, que inaugura o calendário 2022 do espaço, pode ser vista até 4 de junho próximo.
Com diversas obras em cartaz atualmente, integrando importantes coletivas – em unidades do CCBB; no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e no Paço das Artes, em São Paulo –, André Azevedo observa que a arte têxtil pode atravessar muitas linguagens ao mesmo tempo. Ele diz que seu trabalho abarca ao menos três delas: a pintura, a escultura e a poesia.

“Em algumas obras, a gente vai ver o caráter pictórico, porque a tela organiza cores e formas num plano bidimensional; ela também pode ser escultórica, porque o objeto têxtil tem sua topografia própria e se projeta; e as máquinas que trabalham no têxtil têm uma característica sonora, de organizar o som no tempo, que se relaciona com as rimas de um poema”, diz o artista.

Ele explica que o trabalho com a arte têxtil passa pela sua formação – graduou-se em desenho industrial pela Universidade Federal do Paraná e em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo –, mas sobretudo remonta à sua criação. O artista conta que a maioria das mulheres de sua família eram costureiras e seu pai era sericultor.

LUGARES 
“Tem esses dois lugares: o do silêncio, porque o barracão do bicho-da-seda precisa ser o mais silencioso possível, já que é uma criatura muito sensível; e, em contrapartida, havia o barulho das máquinas no quarto de costura da minha mãe, sempre muito presente”, afirma, ressaltando que essa oposição é um dos elementos que orientam a divisão da mostra em duas séries.

Ele aponta que o título “Chassis” é referente ao suporte tradicional da pintura, a estrutura sobre a qual o tecido da tela é esticado. As obras dialogam diretamente com essa estrutura, por vezes tensionadas sobre ela e por outras operando em fuga. “A gente tem o silêncio e o barulho, tem as obras em branco, que quase se confundem com a parede, e obras bem coloridas”, destaca.

“Chassis” explora, segundo o artista, tanto a linguagem pictórica quanto a escultórica. “A série ‘Captonês’ é feita em tecido de linho com pintura em tela virgem preparada, na qual faço relevos a partir de costuras feitas a mão, então vira um elemento escultórico na estrutura tradicional da pintura, que é bidimensional. Já em ‘Macrocélulas’ recorto a tela e a reconfiguro num elemento escultórico; a tela da pintura pigmentada com um material vinílico que desenvolvi escapa do chassi e se configura como um elemento no espaço, na parede”, aponta.

A exposição é uma das maiores, em número de peças que André Azevedo já realizou, conforme ele aponta. A composição das obras foi articulada de acordo com o espaço em branco da galeria. Mais da metade das obras apresentadas foram realizadas especialmente para “Chassis”.

“A cor branca será predominante no andar inferior, em diálogo com a iluminação fria do piso térreo, e no segundo andar exploramos uma cartela de cores fortes. O material primário escolhido foi o tecido de tela preparada com base de gesso e o linho. Aplicada sobre eles, nas obras coloridas, a têmpera vinílica pigmentada com corantes têxteis e, por vezes, tinta a óleo”, comenta.

VISITAS GUIADAS 
A mostra será lançada com visitas guiadas pelo artista, hoje e amanhã. “Vou fazer um tour pelo pensamento de criação das obras. O construtivo está muito presente, a relação com as abstrações e a materialidade do têxtil, que vem sendo revisitada na contemporaneidade, nessa dimensão que vai além do artesanato. Tem uma relação bem presente no pensamento todo da exposição. Vou falar do têxtil como um anteparo tanto para a pintura quanto para a escultura”, antecipa.

Ele observa que uma das telas expandidas da série “Macrocélulas” é uma duplicação de uma obra atualmente exposta em Curitiba. “São obras paralelas, então também falo dessa relação. A ‘Macrocélula’ é uma estrutura que se comporta a partir de uma relação direta com a arquitetura, então pode ser remontada a partir de espaços com dimensões variadas. Vou falar sobre essa capacidade mutante da obra. No fim da visita guiada, abro para uma conversa com os visitantes”, diz.

O artista adianta que uma das coletivas de que faz parte atualmente, a itinerante “Brasilidades e pós-modernismo”, promovida pelo CCBB, acabou de sair de São Paulo, vai para Brasília, onde fica por cerca de três meses, e chega à unidade do centro cultural em Belo Horizonte em meados de julho. “Com isso, eu, que nunca tinha apresentado meu trabalho aqui, vou ficar em cartaz em Belo Horizonte até o fim do ano”, comemora.

“CHASSIS”
Individual de André Azevedo. Abertura nesta terça (15/3), com visitas guiadas e conversas com o artista hoje e amanhã, das 11h às 12h e das 15h às 16h. Visitação até 4/6, de segunda a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h, na DotArt galeria (Rua Bernardo Guimarães, 911, Savassi). Entrada gratuita. Mais informações: (31) 3261-3910.


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