A revista Verde, editada em Cataguases nos anos 1920, é tema da conversa entre o escritor Luiz Ruffato, nascido na cidade, e Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, no vídeo que será disponibilizado a partir das 11h desta quinta-feira (17/3), no canal da instituição no YouTube.
Durante as comemorações dos 100 anos da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922 na capital paulista, Ruffato lançou o livro “A revista Verde, de Cataguases – Contribuição à história do Modernismo” (Autêntica).
O autor diz que não é especialista no tema, mas se interessou em pesquisar a Verde devido à afirmação de que o surgimento dela seria um fenômeno “inexplicável”. De acordo com ele, Cataguases tinha 17 mil habitantes nos anos 1920, com indústrias, infraestrutura urbana e ambiente estudantil – universo cultural propício a publicações como a Verde.
Lançada em 1927, a revista reunia artigos de Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Prudente de Morais Neto, entre outros. Cataguases foi celeiro de talentos ligados ao movimento modernista, como os escritores Rosário Fusco, Francisco Inácio Peixoto e Guilhermino César, entre outros, além do jovem cineasta Humberto Mauro.
Ruffato conta que seu livro surgiu de um convite de Gênese Andrade, editora da Companhia das Letras, para que ele e outros ensaístas escrevessem artigos sobre a Semana de 22 fora de São Paulo, abordando o movimento no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, por exemplo.
Dessas reflexões surgiu o livro dedicado exclusivamente à Verde. “Como não acredito em fenômenos inexplicáveis, nunca acreditei, isso sempre me incomodou”, diz Ruffato. “Sempre aguardei alguém que fizesse uma pesquisa mostrando o contrário. Como ninguém fez, eu fiz.”
ELITE INTERIORANA
Ruffato percebeu a importância do movimento modernista em sua cidade natal só depois de ter saído de lá. Um dos motivos disso é o fato de a iniciativa estar ligada à elite de Cataguases. Foram apenas seis edições da revista Verde, mas acredita que elas cumpriram papel importante ao expor a nova opção estética que ganhava espaço no Brasil.
“Em setembro de 1927, adolescentes de Cataguases se reuniram e se organizaram numa revista com um objetivo muito simples: expor o trabalho deles. Evidentemente, sem que eles soubessem, a revista tomou uma outra importância e acabou fazendo história”, afirma.
Rogério Tavares chama a atenção para o movimento cultural da Zona da Mata mineira nos anos 1920/1930, citando os modernistas da Verde e o cineasta Humberto Mauro (1897-1983).
“É fundamental entender melhor como o Modernismo surgiu e se fortaleceu no interior de Minas. Cataguases foi importantíssima. Deve ser valorizada a experiência da geração Verde”, afirma.
LUIZ RUFFATO ON-LINE
Videopalestra “A revista Verde, de Cataguases”. Disponível a partir das 11h desta quinta-feira (17/3), no canal da Academia Mineira de Letras no YouTube
“A REVISTA VERDE, DE CATAGUASES: CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DO MODERNISMO”
• De Luiz Ruffato
• Editora Autêntica
• 176 páginas
• R$ 49,80
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria