Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Com "Da gente", Simone dedica disco a compositores nordestinos


Sem gravar desde 2013, quando lançou “É melhor ser”, Simone retorna com o álbum “Da gente” (Biscoito Fino), lançado na sexta-feira (18/3) nas plataformas digitais. Com 12 faixas, compostas exclusivamente por autores nordestinos, a artista realiza com o novo trabalho um sonho que data de 2015. 





“(Naquele ano) Foi a primeira vez que verbalizei para o exterior, ou seja, fora de mim. Verbalizei essa ideia de fazer um disco com canções de compositores nordestinos, assim como eu. Na época, ainda estava fazendo a turnê do álbum ‘É melhor ser’”, ela diz. 

“E de 2016 para 2017 aconteceram muitas viagens para o exterior e participações em vários trabalhos. Aliás, em 2018, fiz um trabalho lindo com o Ivan Lins, dirigido pela Zélia Duncan, mas no começo de 2020 não dava mais para fazer nada, por causa da pandemia.”

Há mais de dois anos sem pisar nos palcos, devido à crise sanitária, Simone espera fazer vários shows do novo disco e poder se reencontrar com seu público. O álbum marca também a prévia das comemorações dos 50 anos de carreira da cantora e compositora baiana, data que se completa em março do ano que vem.





Em janeiro de 2021, a cantora convidou a amiga Zélia Duncan para ser a diretora artística de seu novo disco. “E também para me ajudar na escolha do repertório. E Zélia é muito boa em tudo aquilo que faz. Tenho muita confiança nela. Então, quando chegou janeiro do ano passado, nos encontramos em minha casa pela primeira vez. Havia um ano e meio que não saía de casa.”

QUARENTENA 

Simone se lembra bem da última vez em que saiu de casa, antes da pandemia. Ela foi a São Paulo, gravar uma entrevista para o Museu da Imagem e do Som (MIS). “Isso foi em 13 de março de 2020. A partir daquele dia, tive que ficar de quarentena e fui para o interior, onde fiquei 17 dias, pois tive contato com várias pessoas. Voltei para a minha casa, no Rio de Janeiro, em abril, onde fiquei até janeiro do ano seguinte. Não saí mais de casa; tinha que cumprir o isolamento social.”

Logo em seu primeiro encontro para discutir o repertório, Zélia mostrou a Simone a canção “Haja terapia”, de Juliano Holanda. “Ela deixou rolando no celular dela”, lembra a baiana. “Até que entrou a Cátia de França cantando ‘Estilhaços de amor’.” Ambas estão em “Da gente”. 





Simone lembra que começou a chorar tão logo ouviu “Haja terapia”. “A música é muito forte. Em 7 de fevereiro daquele mesmo ano, fiz um contato com o Juliano Holanda. Foi pela plataforma Zoom, comigo, ele e Zélia. No final daquele mesmo mês, nos encontramos novamente na casa da Kati Almeida Braga (diretora da Biscoito Fino). Falamos sobre o trabalho, e ela me sugeriu trabalhar com o Juliano Holanda como produtor e diretor musical do disco.”

“Conversamos mais um pouco e nesse primeiro encontro que tivemos, em 7 de fevereiro, pedi para o Juliano e a Zélia fazerem uma música para mim”, lembra a artista. “E daí saiu ‘Boca em brasa’. Zélia fez a canção naquela mesma noite. Ali mesmo, ela pegou a ideia e fez a canção. No encontro seguinte, eles já cantaram a música para mim. Aliás, já a haviam mandado para mim, antes mesmo de a gente se encontrar outra vez virtualmente. O problema era como encontrar e onde gravar. Também surgiu a hipótese de Juliano gravar as bases e mandar para mim. Como me conheço bem, não me sentiria à vontade, pois queria estar junto.”

A gravação do disco ficou marcada para setembro do ano passado, no Rio de Janeiro, na gravadora Biscoito Fino. Webster Santos (violões) e Rapha B (bateria) foram os músicos convidados. “Queríamos um trabalho minimalista, mas coerente. Entramos em estúdio em 15 de setembro e lá permanecemos por nove dias. Nesses dias, gravamos todas as bases e vozes.”




GESTAÇÃO 

Sobre o período transcorrido entre a gravação e o lançamento do álbum, ela diz: “Estou aguardando essa gestação há quase sete meses. Mas isso era necessário, porque um disco não é somente você entrar em um estúdio, gravar o áudio e pronto. E a pandemia, quando não podíamos sair de casa, e as fotos... Queríamos fazer todos os projetos que tínhamos imaginado. E saiu essa beleza de disco que aí está”.

Ainda sobre a definição do repertório, a cantora comenta que “a escolha não foi do tipo ‘vou cantar essa’, mas sim, ‘vamos ouvir o que gosto’. Isso levou tempo, pois a gente não se encontrava, porém todo mundo trabalhava muito”.

Ao longo de 2020, embora virtualmente, Simone teve um estreito contato com o poeta português Tiago Torres. "Falávamos todos os dias, por mais de seis horas seguidas. É claro que era porque trabalhávamos juntos. Era ele quem fazia os roteiros. Então pedi a ele que me mandasse uma letra. Ele mandou a letra de ‘Nua’. Não sei por que, mas olhei aquela letra e me veio a melodia na cabeça, na mesma hora.”





Por sugestão de Zélia Duncan e Juliano Holanda, “Nua” acabou entrando para o repertório de “Da gente”. Ela conta que “as músicas foram surgindo”. “A primeira vez em que ouvi ‘Ímã’, do PC, gostei demais. Ele entrou com duas canções no disco. Já a música do Fagner com o Zeca Baleiro e Fausto Nilo (‘Dezembros’), eu até já conhecia. E o trabalho saiu de uma felicidade e energia maravilhosas. Agora, é programar uma turnê para divulgá-lo. Temos muito trabalho para fazer, pois ainda faremos o lançamento do CD físico e do LP (vinil).”

FAIXA A FAIXA

 “Haja terapia”
(Juliano Holanda)
 “Boca em brasa” 
(Zélia Duncan & Juliano Holanda)
“Nua”
(Simone & Tiago Torres)
“Estilhaços” 
(Cátia de França & Flávio Nascimento)
 “A gente se aproveita”
(Martins)
“Por que você não vem” 
(Joana Terra/PC Silva)
 “Escancarada” 
(Gean Ramos & Rogério Dera)
 “Dezembros” 
(Raimundo Fagner & Zeca Baleiro e Fausto Nilo)
  “Você distante”
(Isabela Moraes)
“Ímã” (PC Silva)
 “Amor brando” (Karina Buhr)
“Naturalmente” 
(Socorro Lira & Roberto Tranjan) 

“DA GENTE”

• Disco de Simone
• 12 faixas (Biscoito Fino)
• Disponível nas plataformas digitais