"('Hear me now') tem uma 'good vibes' ao mesmo tempo em que é um pouco melancólica. Ela transmite esperança também... e ela faz parte da minha história. Nunca vou deixar de tocá-la"
Zeeba, cantor e compositor
Revelado como cantor e compositor após o sucesso mundial da música "Hear me now", lançada junto com os DJs Alok e Bruno Martini em 2016, Zeeba inaugura uma nova etapa de sua carreira com o álbum "Tudo ao contrário", lançado na última sexta-feira (18/3). Livre das marcas que caracterizam a música eletrônica, o trabalho é o primeiro em que o artista investe nas letras em português e aposta em uma sonoridade orgânica.
“Eu sempre quis fazer um álbum completo com começo, meio e fim", conta Zeeba. "Na pandemia, finalmente encontrei tempo para isso, já que os shows pararam. Quando tudo começou, já estava me preparando para entrar em estúdio. Tudo mudou depois da perda dos meus avós, que foi algo muito 'punk'. Depois disso, rolou muita reflexão e eu decidi fazer um trabalho pra cima e com mensagem otimista", acrescenta.
O álbum começou a nascer em março de 2020, quando o cantor e compositor colocou no mundo a música "Tudo que importa", sua primeira composição em português, lançada como uma das faixas do disco acústico "Reset" (2020). Após receber uma resposta positiva dos fãs, Zeeba ganhou confiança para produzir outras letras nesse mesmo formato.
"Senti que a galera se conectou mais com a música. As pessoas estabeleceram outro tipo de relação com ela. A partir daí, eu comecei a curtir o desafio de explorar o português. É uma língua muito bonita", ele afirma.
Antes de chegarem às plataformas digitais como parte do disco, cinco faixas foram lançadas como singles ao longo de 2021: "Só pensando em você", "Cansei", "Passeio", "Vontade lunar" e "Bem que cê me faz".
Com 10 faixas distribuídas ao longo de 29 minutos, "Tudo ao contrário" também conta com as inéditas "Say yes", "Amarelo e vermelho", "Quem sabe por aí... (guia take3)", além da faixa-título. Em todas elas, impera uma esperança solar, tanto na letra quanto na sonoridade.
CONEXÕES
"As mensagens dessas canções são parecidas com as músicas que eu costumo fazer em inglês: sempre acabo falando sobre ideias reflexivas, coisas otimistas. Acho que, quando estou para baixo, tenho que escrever coisas para cima, para me botar para cima, e assim acabo botando as pessoas para cima também", diz.
Zeeba conta que seu processo de composição se alimenta principalmente da relação com outras pessoas. "Passeio", por exemplo, nasceu de uma das últimas conversas que ele teve com seu avô.
"Ele achava que a vida tinha passado rápido, mas, ao mesmo tempo, estava feliz com o que tinha construído. A música fala sobre isso: a vida passa rápido, por isso vamos aproveitar, não vamos perder tempo com coisas negativas", explica.
Outra canção que nasceu assim foi a própria "Tudo ao contrário", que dá nome ao disco. Enquanto conversava com Bibi, uma das compositoras da música, Zeeba afirmou o quanto estava contente com o novo projeto e acabou transformando esse sentimento em música.
"Eu estava muito feliz de fazer esse projeto, com várias músicas em que consigo transmitir as minhas mensagens, conversar mais diretamente com os meus fãs", afirma.
PARCERIAS
Isso também justifica a quantidade de parceiros presentes no registro. Entre os convidados que Zeeba recebe em seu álbum está o cantor e compositor Nanno (em "Tudo ao contrário" e "Say yes"), o produtor Mistaa Mike ("Tudo ao contrário"), a dupla OUTROEU ("Vontade lunar"), a cantora e compositora Carol Biazin ("Cansei") e a cantora e compositora Mallu Magalhães ("Só pensando em você").
Outras duas canções que fazem parte do álbum serão lançadas entre abril e junho. São elas "O quanto eu gosto de você", fruto da parceria com a cantora Clarissa, e "Teu sim, mas não", junto com a cantora Mariana Nolasco e Pedro Calais, vocalista da banda Lagum.
Para quem conhece o Zeeba das parcerias com DJs de música eletrônica, "Tudo ao contrário" vai soar estranho. O álbum é diverso, vai do rap ao folk e ainda possui elementos de música latina. Segundo o artista, é essa a impressão que ele pretende causar e, assim, afirmar sua identidade como músico.
"É tudo ao contrário do que muita gente espera do Zeeba. Às vezes, ainda rola uma confusão com meu nome. As pessoas acham que eu sou DJ ou que eu sou gringo. Com esse trabalho, eu espero me reafirmar e ser reconhecido por aquilo que eu realmente faço e sou", justifica.
Filho de brasileiros, Zeeba nasceu nos Estados Unidos, mas foi criado no Brasil. Aos 19 anos, se mudou para Los Angeles, na Califórnia, para estudar música no Musicians Institute. Lá, ele fez parte da Bonavox, banda vencedora do prêmio Grammy Amplifier, que reconhece estrelas em ascensão em todo o mundo.
"Quando a banda terminou, foi uma fase muito difícil para mim, porque eu acreditava muito no projeto. Pensei até em desistir da música, achei que já tinha dado para mim. Nesse sentido, tive muito apoio do meu pai, que me incentivou a investir na carreira musical", ele conta.
Marca invejável
De volta ao Brasil, o artista entrou em estúdio com Bruno Martini para produzir um EP de cinco faixas com uma pegada indie rock. Uma das músicas que os dois compuseram foi justamente "Hear me now". Depois de mostrá-la para Alok, o DJ pediu permissão para mexer na produção e a transformou em uma música eletrônica.
"Quando estávamos produzindo o EP, 'Hear me now' era a que a gente achava menos promissora. Ela era a mais diferentona, meio alternativa demais. Aí o Alok pediu para produzir com essa sonoridade mais eletrônica que deu uma nova cara para ela", ele relembra.
Lançada em 2016, "Hear me now" fez um sucesso estrondoso e, ainda hoje, é a música mais ouvida de Zeeba no Spotify, além de ser a primeira música brasileira a atingir a marca de 500 milhões de audições na plataforma – que atualmente já são mais 570 milhões.
Zeeba não sabe explicar o apelo da canção, mas confessa que até hoje fica impressionado com a popularidade que ela atingiu. "Todo mundo gosta e todo mundo reconhece. Ela tem uma 'good vibes' ao mesmo tempo em que é um pouco melancólica. Transmite esperança também", afirma o músico.
Muito embora tenha se afastado do universo da música eletrônica nos últimos anos – o que também se traduz na turnê que ele planeja fazer em teatros Brasil afora –, Zeeba afirma que "Hear me now" sempre fará parte do repertório de suas apresentações ao vivo.
ALOK E BRUNO MARTINI
"Ela faz parte da minha história. Nunca vou deixar de tocá-la. É uma música que tem um valor muito grande para mim. Eu amo cada uma das minhas músicas. Não é porque é eletrônica que eu vou abandonar. Talvez seja apresentada com uma roupagem nova, mas não há dúvida de que vai continuar nas minhas apresentações", diz.
Aliás, o distanciamento da música eletrônica é temporário. Novas parcerias com DJs brasileiros e internacionais devem ser lançadas em breve, inclusive com Alok e Bruno Martini – o trio também tem no repertório a música "Never let me go", lançada em 2017.
"Esse encontro entre nós três está para acontecer de novo. Vamos ver no que dá. Também tenho conversado com DJs de fora do Brasil, direto eu vou para Los Angeles trabalhar com eles. Mas o que eu quero, daqui para frente, é que as pessoas desse meio me reconheçam mais como compositor. Não quero voltar a cumprir a rotina louca de shows em festival eletrônico. Foi uma fase da minha vida que eu já aproveitei bastante e agora não me identifico tanto", conclui.
TUDO AO CONTRÁRIO
De Zeeba
12 músicas
BMG
Disponível nas plataformas digitais