Em agosto, serão comemorados os 120 anos do nascimento de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Nesta terça-feira (22/3), o projeto “Letra em cena on-line. Como ler...” inaugura a sua programação de 2022 homenageando o poeta mineiro.
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Record volta a publicar a obra de Carlos Drummond de AndradeConheça os tesouros de Drummond que a Academia Mineira de Letras guardaEntrevista/ José Miguel Wisnik (Professor de literatura, músico e autor de Maquinação do mundo - Drummond e a mineração)Novela "Poliana moça", que acaba de estrear no SBT/Alterosa, ganha podcastContista Francisco Falabella Rocha aborda a loucura em seu livro de estreia“Drummond é um poeta que absorve a história e percebeu o impacto da atividade mineradora na transformação total da geografia da sua cidade. O poeta tentou responder pela poesia, pela crônica e pelo debate jornalístico essas questões. Wisnik percebeu isso, e afirma que a obra de Drummond é pioneira na observação e na denúncia dessas ações em Itabira”, diz José Eduardo Gonçalves.
O curador do “Letra em cena” acredita que o livro de José Miguel Wisnik lança novo olhar para uma obra que já foi interpretada inúmeras vezes em diversos contextos.
“É um ensaio muito instigante. Wisnik se encantou pela história e foi até Itabira ver de perto os impactos da mineração na cidade. Isso só enriqueceu ainda mais sua visão”, comenta.
De acordo com o jornalista, o convidado pode oferecer retrato “muito provocativo” a respeito das origens da poesia de Drummond e do impacto da mineração sobre ela. “Ele (Carlos Drummond de Andrade) sempre evocou a cidade natal em sua obra. Sempre. É um poeta do mundo que sempre carregou Minas Gerais junto dele”, diz.
Como é de praxe no “Letra em cena”, outro convidado especial fará a leitura de textos do homenageado. Nesta terça-feira, o ator mineiro Odilon Esteves será o responsável por recitar poemas selecionados de Carlos Drummond de Andrade.
Além disso, o estilista mineiro Ronaldo Fraga participa com depoimento exclusivo sobre a importância de “Alguma poesia” (1930), livro que marcou a estreia do itabirano na literatura.
FORMATO VIRTUAL
Com essa edição, o “Letra em cena” inicia o seu sexto ano de existência. Apesar da retomada dos eventos culturais presenciais em Belo Horizonte, o projeto segue em ambiente on-line, o que não é motivo de descontentamento para seus organizadores.
“Essa é uma decisão do Minas (Tênis Clube). Como o projeto acontece no Minas, foi tomada a decisão de preservá-lo virtualmente, por enquanto. Além disso, nós organizamos o projeto com alguns meses de antecedência, então não podemos mudar tudo de última hora porque as regras da cidade mudaram. O projeto envolve toda uma logística que precisa de tempo para ser colocada em prática”, explica José Eduardo Gonçalves.
O jornalista e curador destaca que, ao longo dos últimos dois anos, a iniciativa conquistou público cativo na internet. De acordo com ele, as pessoas seguem acompanhando o programa pelo YouTube, mesmo com a flexibilização das regras relativas à crise sanitária.
“Temos um público sensacional. Conseguimos alcançar gente até de fora do país. No ambiente on-line, a gente pode acrescentar muitas contribuições, como depoimentos e participações especiais. Esse tipo de coisa não é possível em um evento presencial”, garante.
Além disso, o projeto ganhou edição, com vídeos e áudios. “Isso dá a ele uma cara de programa de TV. Ambos os formatos têm vantagens e desvantagens, mas é importante a possibilidade de alcançar um público que pode estar em qualquer parte do Brasil ou do mundo”, diz.
José Eduardo Gonçalves adianta que a próxima edição do “Letra em cena on-line. Como ler...”, programada para abril, também repetirá o formato virtual e vai abordar a obra da escritora Rachel de Queiroz (1910-2003).
“LETRA EM CENA ON-LINE. COMO LER...”
Homenageado: Carlos Drummond de Andrade. Com José Miguel Wisnik. Leitura de poemas por Odilon Esteves. Nesta terça-feira (22/3), às 20h, no canal do Minas Tênis Clube no YouTube.