(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MÚSICA

Dudu Nicácio comemora 20 anos de carreira com o disco 'Vida em movimento'

Novo álbum chega às plataformas na próxima sexta-feira (25/3), dia do show com entrada franca que o compositor e cantor fará no Centro Cultural Unimed-BH Minas


23/03/2022 04:00 - atualizado 23/03/2022 11:23

O cantor e compositor Dudu Nicácio olha para a câmera
Dudu Nicácio é fruto da cena cultural de BH que floresceu a partir do projeto "Reciclo geral", nos anos 2000 (foto: André Hauck/divulgação)

Um dos músicos mais atuantes da cena de Belo Horizonte ao longo das últimas duas décadas, o cantor e compositor Dudu Nicácio celebra essa trajetória com o disco “Vida em movimento”, que chega às plataformas digitais na próxima sexta-feira (25/3). No mesmo dia, ele apresenta o show de lançamento que marca seu reencontro presencial com o público, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, às 20h, com entrada franca.

Sétimo título da discografia de Dudu, “Vida em movimento” não apenas marca os 20 anos de carreira dele, como condensa simbolicamente muito do que esse percurso representou. Entre as 10 faixas do repertório, algumas foram feitas recentemente, em parceria com o paulista Rafael Schimidt, e outras remontam ao início da trajetória de Dudu, como “Auto da favela”, composta com Mestre Jonas (1976-2011) há duas décadas. A dupla integrou o núcleo do projeto “Reciclo geral” ao lado de vários talentos do cenário musical da cidade.

REFLEXÕES SOBRE O TEMPO

O que costura as faixas, segundo Dudu, é o fato de todas trazerem reflexões que oscilam entre o caráter existencial e filosófico – tratando, muitas vezes, da passagem do tempo – e político e social, o que está relacionado diretamente a outra esfera de sua vida, pois ele é doutor em direito, coordenador de projetos do programa Polos de Cidadania, da Faculdade de Direito da UFMG, e militante pelos direitos humanos.

“Vida em movimento” espelha, de acordo com ele, o momento de maturidade musical, além de sua própria identidade como cantor e compositor. Há pouco mais de um mês, Dudu Nicácio lançou o álbum “Bloco Fera Neném”, com o repertório do bloco carnavalesco criado por ele em 2014. Em 2017, foi a vez de “Oceano brilhante”, disco com o qual considera ter alcançado o que vinha buscando desde o início da carreira.

“Consegui ali uma estética, uma linha, para a qual olhei e me reconheci de maneira inteira”, diz, classificando seus trabalhos anteriores como curvas de amadurecimento. “Oceano brilhante” é minimalista, gravado apenas com violão e percussão, trazendo as canções do jeito que ele queria, com acabamento sonoro e o modo de cantar que iam ao encontro do que sempre buscou.

“Cheguei, ali, a um ponto de maturidade, no sentido de gostar muito do que estava fazendo”, diz Dudu Nicácio, afirmando que “Vida em movimento” chega para reforçar essa identidade artística. “Entendo o novo disco como um momento de chegada. Claro que ainda tem muita coisa por vir, não se trata de ficar preso numa estética, mas no sentido de eu reconhecer, com esse novo trabalho, um caminho musical de composição e de interpretação com o qual me identifico, com o qual me entendo melhor enquanto artista”, observa.

“Vida em movimento” se distingue de “Oceano brilhante” por ser disco de banda, com arranjos cheios e produção a cargo de Thiago Delegado – responsável também por conduzir o disco de 2017. Dudu participou mais ativamente do novo trabalho nas áreas de concepção artística, formação instrumental, mixagem e espacialização do som. “Chamei mais para mim, e o Thiago o tempo todo foi muito aberto a isso”, diz.

Ao comentar o norte temático de “Vida em movimento”, ele aponta que “Auto da favela”, composição mais antiga do álbum, pertence ao bloco que propõe reflexões de cunho social, ao lado das faixas “Dobrando o futuro”, “Suspendendo o céu” (ambas com Rafael Schimidt), “Roendo osso” (com Fernando Limoeiro) e “O Brasil dói” (também com Schimidt), homenagem ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, em especial, à comunidade do Quilombo Campo Grande. Pouco antes da chegada da pandemia, esse acampamento foi destruído durante ação da Polícia Militar, que não poupou nem a escola que funcionava no local, afirma.

Já “Cadenciado”, “Despertar” (parcerias com Schimidt), “Todo dia” (com Rodrigo Braga, da safra de 2006) e a faixa-título (feita com Moacyr Luz) pertencem ao bloco das questões existenciais e filosóficas. “Elas falam muito da organização do tempo na vida. A primeira do disco, ‘Vida em movimento’, e a última, ‘Todo dia’, tratam da busca por tentar viver de uma maneira mais tranquila”, observa.

Músico Mestre Jonas posa sorrindo, de braços abertos, tendo ao fundo a favela e a Serra do Curral
Mestre Jonas, que morreu de AVC aos 35 anos, tem canções inéditas guardadas no baú do parceiro Dudu Nicácio (foto: Marcelo Sant'Anna/EM/D.A Press/11/6/10)

HOMENAGEM A MESTRE JONAS

Entre a crítica social e a reflexão existencial está “Cometa sideral”, parceria de Dudu com Rodrigo Braga em homenagem a Mestre Jonas. “Fala da vivência dele, tão curta no tempo. Jonas morreu com 35 anos, e àquela altura já tinha feito quase mil músicas. A imagem dele é meio mítica”, diz, lembrando a sólida parceria dos dois.

“Estava fazendo o Oficinão do Galpão, era ator, e a Sílvia Gomes também. Foi ela quem fez a ponte entre mim e Mestre Jonas, Makely Ka e a turma que acabou se juntando para fazer o 'Reciclo geral'. No dia em que conheci Jonas, a gente se tornou parceiro. Fizemos o musical ‘Macaia’, uma festa de umbanda que acontece da quinta para a sexta-feira da semana santa. Ele tinha essa vivência, era filho de mãe de santo.”

Dudu Nicácio gravou várias parcerias com Mestre Jonas – “Não pagarei com o mal”, “Choro de solidão”, “Barravento” –, mas ainda há muitas inéditas. Ele pretende apresentá-las aos poucos. “É a maneira de colocar Jonas permanentemente em pauta. Ele foi muito importante para muita gente e marcou o início da minha carreira musical”, destaca.

Ao relembrar os tempos do “Reciclo geral” – série de shows realizados de 2002 a 2003, no espaço cultural da Asmare, voltado para novos compositores –, Dudu diz que a iniciativa, além de projetar toda uma cena de músicos mineiros, reverberou ao longo do tempo por meio de ações com foco na produção autoral. Cita como exemplos o “Sarau tranquilo”, promovido por Thales Silva, e a Mostra Cantautores, criada por Luiz Gabriel Lopes e Jennifer Souza.

“Os projetos têm muito a ver com o que a gente propôs lá no início dos anos 2000, coisas que vêm sendo feitas de maneira constante. Existem cenas que estão o tempo inteiro se renovando. Antes do 'Reciclo', você tinha a cena pop rock, que foi muito grande na cidade, e tinha esse ambiente da composição já estabelecido, com o próprio Vander Lee, por exemplo. A produção autoral, que era a alma do 'Reciclo', segue muito acesa”, explica.


SAMBA E MENINAS DE SINHÁ

Para lançar “Vida em movimento”, Dudu, a princípio, pensou em mostrar no show o disco na íntegra, mas Thiago Delegado observou que a apresentação ficaria muito curta. A ideia de executar todas as faixas do novo álbum permanece, mas temas de outros discos com foco no samba foram incluídos.

A ordem em que as músicas do novo álbum serão apresentadas sofreu pequena alteração, para comportar a participação especial do grupo Meninas de Sinhá, que sobe ao palco para dividir com Dudu os vocais em dois números seguidos – “Todo dia”, em cuja gravação as cantoras marcam presença, e um samba de roda que o cantor e compositor fez em homenagem ao grupo quando lançaram seu primeiro disco, há 15 anos.

Além das Meninas de Sinhá e de Thiago Delegado (violões de seis e sete cordas), participarão do show Robson Batata (percussão), Marcelo Dai (bateria), Pedro Gomes (contrabaixo), Leonardo Brasilino (trombone) e Dudu Braga (cavaquinho).

Moacyr Luz e Dudu Nicácio, sentados na mesa de bar, sorriem para câmara
Moacyr Luz vai fazer participação virtual no show de Dudu, na sexta-feira (foto: Fabiana Leme/divulgação)
Dudu Nicácio avisa que haverá participação virtual de Moacyr Luz na condição de coautor da faixa-título. “No meu primeiro show presencial desde a chegada da pandemia, teremos essa participação virtual. É um déjà vu ao contrário”, aponta.

O show “Vida em movimento” será gravado para posterior lançamento. “Estamos cuidando do show em termos de cenário e luz, com equipe de filmagem e de captação sonora, para que vire uma outra coisa, um produto audiovisual, mas vou pensar depois nos desdobramentos. Sempre tive isso de querer muito, o que já me levou a fazer muita coisa. Hoje em dia, já não interessa fazer uma quantidade grande de coisas; quero é fazer bem-feito. É importante saber que as coisas têm o seu momento”, conclui.
 
Dudu Nicácio em três poses, dançando, na capa de seu disco Vida em movimento
(foto: Reprodução)

“VIDA EM MOVIMENTO”

• Disco de Dudu Nicácio
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais à meia-noite de sexta-feira (25/3)
• Show de lançamento na próxima sexta-feira (25/3), às 20h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. Entrada franca, com retirada de ingressos no dia do show, na bilheteria do teatro, ou pelo site https://bit.ly/INGRESSOS_DUDUNICACIO.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)