Idealizada pela escritora e professora Maria Esther Maciel, a revista Olympio – Literatura e Arte, que ela edita com José Eduardo Gonçalves, Julio Abreu e Maurício Meirelles, volta à baila dois anos depois da segunda edição.
O lançamento oficial da Olympio nº 3 será neste sábado (26/3), na Livraria da Rua, a partir das 12h. O volume, com 400 páginas, segue a proposta da transversalidade, com foco nas conexões entre a literatura e outros campos artísticos e do saber.
Maria Valéria Rezende, Milton Hatoum, Augusto de Campos, Djaimilia de Almeida Pereira, Francisco Alvim, Carlos Marcelo, Laura Erber, Stephanie Borges, Joaquín Torres-Garcia, Paloma Vidal, Alberto Martins, Prisca Agustoni, Glauber Rocha e Carola Saavedra são algumas das várias presenças literárias e artísticas que desfilam pelas páginas da nova Olympio.
BECKETT
A terceira edição também traz poemas de Samuel Beckett e Ted Hughes inéditos no Brasil e um conto de Mónica Ojeda. Ainda desconhecida no Brasil, a equatoriana foi eleita uma das melhores escritoras latino-americanas de ficção com menos de 40 anos, segundo a lista Bogota39.“Desde o primeiro número, nós procuramos a diversidade de autores, ou seja, pessoas de diferentes contextos e gerações que pudessem contribuir com olhares diversos sobre a realidade, sobre a arte e sobre a vida. O princípio norteador da revista é a transversalidade e a pluralidade, com a literatura como ponto de interseção, trazendo diversidade de olhares e de sujeitos dentro desse conjunto”, diz Maria Esther Maciel.
O interregno pandêmico acabou resultando numa terceira edição mais alentada, pois o plano inicial era lançá-la em 2020. “Já havíamos entrado em contato com alguns autores e, nesse período que ficamos sem poder lançar, fomos ampliando os nomes”, afirma, chamando a atenção para o fato de que a poesia acabou ocupando espaço de destaque na revista.
“Milton Hatoum diz que ‘a poesia vai nos salvar’. Buscamos priorizar a poesia como essa outra voz, outra via de acesso às coisas e ao mundo, às inquietações que nos atravessam. Tentamos articular isso. A brutalidade da realidade está aí, então vamos tentar contrapor isso com a imaginação, a empatia e a liberdade criativa, coisas que a poesia oferece de maneira intensa”, destaca.
Diante do trágico cenário atual, no Brasil e no mundo, os editores elegeram como fio temático da terceira Olympio a distopia e a utopia. Maria Esther observa que a chegada da pandemia, o medo, o desespero e as perdas durante este período acabaram por conduzir naturalmente para esse mote, que se entrelaça com outras questões prementes do atual contexto.
“No Brasil, a situação catastrófica que se impôs, a destruição de tudo, da cultura, da educação, de todas as conquistas, tudo isso levou ao sentimento de distopia, de desalento diante da realidade. Ao mesmo tempo, artistas, escritores, poetas e muitas outras pessoas que não se rendem ou não se renderam a tudo isso se propuseram, pelo trabalho da imaginação, espírito crítico e resistência, a fazer alguma coisa, desafiar esse cenário. Daí a ideia do jogo distopia e utopia”, explica.
COVID-19
José Eduardo Gonçalves recorda que a Olympio nº 2 foi lançada em fevereiro de 2020, dias antes da imposição do isolamento social, o que comprometeu sua divulgação, a fez submergir e paralisou todo o processo que desembocaria na edição seguinte.“Ficamos atordoados, paralisados, até nos dar conta de que só nos restava reagir. A questão da utopia apareceu muito forte para nós, pela necessidade de imaginar um cenário diferente, de buscar visões novas, construir ambientes novos, pensando em como a literatura e a arte em geral poderiam contribuir nesse sentido”, ressalta o editor.
“Quem está falando alguma coisa que faz sentido? Quem nos obriga a sair um pouco do esquadro e olhar ao nosso redor de uma maneira diferente? Quando a gente começa a procurar isso, estamos exercendo nossa capacidade utópica”, acrescenta Gonçalves, destacando o fato de que 90% do material contido na Olympio é feito exclusivamente para a revista.
A capa da terceira edição é assinada pela designer e fotógrafa francesa Nina Maalej. O artista multimídia Guto Lacaz é autor da arte visual do lema que baliza a revista: “Não há o que não haja”.
OLYMPIO – LITERATURA E ARTE Nº3
• Lançamento neste sábado (26/3), das 12h às 16h, na Livraria da Rua, Rua Antônio de Albuquerque, 913, Savassi. O exemplar custa R$ 89