“Você tem certeza? Se eu for até aí e pedir para você ser o baterista, não vai poder falar não”, Dave Grohl questionou Taylor Hawkins pelo telefone.
Era 1997, o Foo Fighters tinha acabado de perder seu baterista, William Golsmith, e Grohl procurava um substituto. Já havia esbarrado algumas vezes com o batera de Alanis Morissette, que naqueles anos, era realmente grande. Já a nova banda do ex-baterista do Nirvana estava decolando.
Grohl foi até a casa de Hawkins, os dois conversaram muito e “soubemos automaticamente que deveríamos estar numa banda e ser melhores amigos”, contou certa vez o baterista, morto nesta sexta (25/3), aos 50 anos, em Bogotá, na Colômbia.
Em 25 anos de música e amizade Hawkins se tornou o mais popular integrante do grupo depois de Grohl.
Tocou em todos os discos da banda desde então. E conseguiu dar a sua assinatura no instrumento em que o bandleader é o melhor. “Dave sabe tocar todos os instrumentos tão bem quanto os outros membros da banda e em alguns casos até melhor. A bateria é o instrumento principal dele e o que ele se sente mais confortável. Quando entrei, tive que tocar as partes que ele tinha feito, o que era difícil e diferente para mim”, também disse Hawkins.
Em seu livro de memórias, “O contador de histórias” (2021), Grohl não deixou barato tamanha dedicação. Chamou Hawkins de “irmão de outra mãe, meu melhor amigo, um homem por quem eu levaria um tiro.”
Nascido Oliver Taylor Hawkins em Fort Worth, Texas, em 1972, ele se mudou com a família para Laguna Beach, Califórnia, aos quatro anos. Depois de tocar com várias bandas na adolescência, tornou-se o baterista da cantora Sass Jordan, saindo para se juntar a Morissette na turnê do álbum “Jagged Little Pill” (1995).
O Foo Fighters, cuja estreia em 1995 foi gravada inteiramente solo por Grohl, havia recrutado uma banda completa para gravar seu segundo álbum, "The color and the shape", mas o baterista William Goldsmith deixou a banda durante as sessões.
Além dos oito álbuns e dos shows, Hawkins participou de projetos paralelos liderados por Grohl, como a paródia/tributo aos Bee Gees, os DeeGees, e o recente filme de terror do grupo, “Studio 666”. Um desdobramento desse projeto, um EP de heavy metal chamado “Dream Widow”, foi lançado nesta semana.
Hawkins sofreu uma overdose de heroína em 2001 e ficou em coma por duas semanas. Na época, afirmou que estavam farreando muito, mas que não era viciado.
Além do Foo Fighters, Hawkins lançou em 2006 o álbum de seu projeto paralelo, Taylor Hawkins and the Coattail Riders. Uma década mais tarde outra banda que ele liderou, Chevy Metal, lançou um EP de seis músicas.
Ele também trabalhou com Coheed e Cambria; com Slash, guitarrista do Guns N' Roses; no primeiro álbum solo do ex-baixista do Jane's Addiction, Eric Avery; e no álbum solo de 1998 do guitarrista do Queen, Brian May, “Another world”.
Louco pelo Queen, ele ajudou a introduzir a banda no Rock and Roll Hall of Fame em 2001, ao lado de Grohl. Nos últimos anos, os Foos trabalharam em um cover de “Somebody to love”. Apresentando-se em Los Angeles no mês passado, Hawkins fez o vocal principal com franca reverência por Freddie Mercury.