Jornal Estado de Minas

Cinema

"Coda - No ritmo do coração" vence como melhor filme no Oscar 2022

"Coda - No ritmo do coração" garante vitória da Apple na categoria principal do Oscar (foto: AFP)

A 94ª edição do Oscar elegeu "Coda - No ritmo do coração" como melhor filme deste ano. A categoria foi apresentada por Lady Gaga e Liza Minnelli. Os 10 indicados foram recapitulados antes do anúncio do vencedor.



Foi a primeira vez que um filme pertencente a uma plataforma de streaming venceu o Oscar em sua principal categoria. Todos aplaudiram na língua de sinais, numa homenagem ao tema do longa, que aborda o conflito de uma adolescente, a única ouvinte de sua família, entre seguir a carreira de cantora e continuar ajudando os pais a manter seu negócio de pescaria.

Antes, Amy Schumer havia chamado ao palco Antony Hopkins, para anunciar o prêmio de melhor atriz. O veterano ator elogiou as indicadas, Jessica Chastain, Olivia Colman, Penélope Cruz, Nicole Kidman e Kristen Stewart, e revelou o nome da primeira, por seu papel em "Os olhos de Tammy Faye", como vencedora. Jessica subiu ao palco para falar dos tempos difíceis que o mundo tem vivido, dos crimes de ódio, da discriminação contra a comunidade LGBTQIA+, e ressaltou que as pessoas devem ser amadas por suas individualidades.
Will Smith chorou muito durante seu discurso de agradecimento e se desculpou (foto: AFP)

O trecho final da cerimônia, no entanto, foi ensombrecido por uma agressão ao vivo de Will Smith ao comediante Chris Rock, que apresentava uma das categorias. Pouco depois, Smith venceu como melhor ator, por "King Richard: Criando campeãs", e fez um discurso de agradecimento no qual as lágrimas rolaram soltas.



Indicado em três oportunidades e vencedor pela primeira vez, ele disse que estava extasiado e falou das atrizes com quem contracenou, intérpretes das tenistas Venus e Serena Williams, filhas de seu personagem no longa, a quem pode "proteger". Chorando, disse que queria ser um "receptáculo de amor" e agradeu à família Williams por confiar nele para contar sua história.

Will Smith pediu desculpas à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood e aos colegas indicados. Disse, ao final, esperar que fosse convidado de volta. "Virei o pai louco, igual a Richard Williams (seu personagem no longa). O amor nos faz fazer coisas loucas", disse.


O ator Kevin Costner subiu ao palco para apresentar o prêmio de melhor direção. A favorita Jane Campion ficou com a estatueta por "Ataque dos cães". Ela foi a primeira diretora indicada duas vezes na categoria - da primeira, em 1994, foi derrotada por Steven Spielberg, com seu "A lista de Schindler".



Antes, a categoria direção de arte tinha consagrado "Duna" e, na sequência desse prêmio, foi entregue o Oscar de melhor canção original, para Billie Eilish, por conta da canção tema de "007 - Sem tempo para morrer", que havia se apresentado ao lado de Finneas um pouco antes, sob muitos aplausos.

O filme "O poderoso chefão", de Francis Ford Coppola, foi lembrado por seus 50 anos, com a exibição de cenas do "grande clássico". O diretor e os atores Robert DeNiro e Al Pacino subiram ao palco e foram efusivamente apaludidos. Coppola também soltou um "viva a Ucrânia". No bloco de homenagens, Sidney Poitier (1927-2022) foi celebrado por sua trajetória. Betty White foi outra a entrar no rol das personalidades do cinema cuja carreira também foi lembrada, em uma sessão "in memorian", na qual entraram diversos outros nomes.

 

Troy Kotsur recebe a estatueta por seu papel do pai da protagonista em "Coda - No ritmo do coração" (foto: AFP)

Após a desavença com Will Smith, Chris Rock anunciou o melhor documentário: "Summer of soul", que venceu o páreo em que também estavam "Ascensão", "Attica", "Flee" e "Escrevendo com fogo". O diretor da produção que levou a estatueta, Questlove, disse que a história que capta o festival realizado no mesmo ano de Woodstock, mas centrado na cultura negra, é sobre as pessoas marginalizadas do Harlem. Na sequência, foi anunciado o vencedor na categoria montagem, "Duna".





O Oscar de melhor roteiro original foi para "Belfast", do diretor Kenneth Branagh, baseado em suas próprias memórias. Ele agradeceu aos colegas indicados. Logo em seguida, foi a vez da entrega do Oscar de roteiro adaptado. O vencedor foi "Coda - no ritmo do coração", que ficou à frente de "Drive my car", "Duna", "Ataque dos cães" e "A filha perdida".

Na categoria figurino, Jenny Beavan levou a estatueta por seu trabalho em "Cruela" - filme que, diga-se, gira em torno da moda e superou os concorrentes "Cyrano", "Duna", "Beco do pesadelo" e "Amor, sublime amor".


Como esperado, o Oscar de melhor filme internacional foi para "Drive my car", que também está no páreo na categoria principal, de melhor filme. O diretor do longa japonês, Ryûsuke Hamaguchi, agradeceu ao elenco do filme presente na cerimônia e aos que não puderam ir ao Dolby Theatre.



Ariana DeBose fez um emocionado discurso de agradecimento pelo Oscar de atriz coadjuvante (foto: AFP)

Na sequência, a atriz norte-americana de origem ucraniana Mila Kunis subiu ao palco para anunciar outra indicada à melhor canção, interpretada por Reba McEntire. Mila foi responsável também por introduzir o tema da guerra da Ucrânia na cerimônia do Oscar. Ela falou sobre o tema, e a Academia exibiu um telão no qual pediu um minuto de silêncio para "mostrar nosso apoio ao povo da Ucrânia, que atualmente enfrenta invasão, conflito e preconceito em seu próprio território". 

Outra categoria de destaque, a de melhor ator coadjuvante consagrou Troy Kotsur, por seu papel em "Coda - no ritmo do coração". O ator fez história ao ser o primeiro surdo a conquistar a estatueta. Na língua de sinais, ele agradeceu aos membros da Academia por reconhecerem seu trabalho e falou, também, dos teatros para deficientes auditivos, onde teve a oportunidade de desenvolver sua arte. Muito emocionado, falou do pai, que ficou tetraplégico após um acidente e dedicou o prêmio à comunidade dos surdos e para a própria família.


No bloco anterior, a animação "Encanto" confirmou seu favoritismo deixando para trás "Flee", "Luca", "Família Mitchel" e "Raya - a princesa guerreira". A equipe responsável pela animação subiu ao palco para os agradecimentos, antes que os representantes de "The windshield wiper", escolhido o melhor curta de animação, fossem receber o prêmio previamente anunciado.





Cercada de expectativas, a 94ª edição do Oscar entregou seu primeiro prêmio na noite deste domingo (27/3), da categoria melhor atriz coadjuvante, para Ariana DeBose, por seu papel em "Amor, sublime amor", de Steven Spielberg. No palco, ela falou do momento difícil que o mundo está passando, agradeceu ao diretor do longa e à atriz Rita Moreno, por ser uma precursora da presença latina na premiação. Rita interpretou o mesmo papel de Anita na primeira versão do filme, de 1961.

Mas antes mesmo que a cerimônia começasse, "Duna" já acumulava quatro estatuetas, conquistadas entre as oito categorias que foram cortadas da transmissão ao vivo e anunciadas previamente - medida adotada para dar maior agilidade à premiação. Indicado em 10 categorias, o longa de Dennis Villeneuve venceu por melhor som, melhor trilha sonora - assinada por Hans Zimmer -, melhor edição e melhor design de produção. Iniciada a premiação, foi anunciado vencedor em outras duas categorias: fotografia e efeitos visuais.

Outros prêmios anunciados fora da cerimônia foram melhor penteado e maquiagem, para "Os olhos de Tammy Faye"; melhor curta animado, para "The windshield wiper"; melhor curta-metragem, para "The long goodbye", e melhor documentário em curta-metragem, para "The queen of basketball".



A grande festa do cinema começou com a exibição do clipe de "Be alive", de Beyoncé, da trilha sonora de "King Richard: Criando campeãs". Na sequência, as três anfitriãs desta edição 2022 do Oscar - Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes - tomaram seu lugar no palco do Dolby Theatre, em Los Angeles. Amy Schumer falou rapidamente sobre os concorrentes na categoria de melhor filme. Ela depois chamou ao palco H.E.R. e Daniel Kaluuya, para anunciar o vencedor na categoria melhor atriz coadjuvante.

 

Confira a lista dos vencedores

 

Melhor filme

"Coda - no ritmo do coração"

 

Melhor ator

Will Smith, por "King Richard: criando campeãs"

 

Melhor atriz

Jessica Chastain, por "Os olhos de Tammy Faye"

 

Melhor direção

Jane Campion, por "Ataque dos cães"

 

Melhor direção de arte

"Duna"

 

Melhor canção original

"No time to die", de Billie Eilish, para o filme "007 - Sem tempo para morrer"

 

Melhor documentário

"Summer of Soul"


Melhor atriz coajuvante

Adriana DeBose, por "Amor, sublime amor"

Melhor ator coadjuvante

Troy Kotsur, por "Coda - No ritmo do coração"

Melhor filme internacional 

"Drive my car" (Japão)

Melhor roteiro original

"Belfast"

Melhor roteiro adaptado

"Coda - no ritmo do coração" 


Melhor animação

"Encanto"

Melhor fotografia

"Duna"

Melhor trilha sonora

Hans Zimmer, por "Duna"

Melhor edição 

Joe Walker, por "Duna"

Melhor figurino

Jenny Beavan, por "Cruella"

Melhor cabelo e maquiagem

"Os olhos de Tammy Faye"

Melhor design de produção 

Patrick Vermette, por "Duna"

Melhor documentário em curta-metragem

"The queen of basketball"

Melhor animação em curta-metragem

"The windshield wiper"

Melhor curta-metragem em live-action

"The long goodbye"

Melhor som

"Duna"

Melhores efeitos visuais

Paul Lambert, Tristan Myles, Brian Connor e Gerd Nefzer, por "Duna"