Há 50 anos, “O poderoso chefão” quebrou todos os recordes de bilheteria, levou para casa o Oscar de melhor filme e apresentou a milhões de pessoas o mundo de mafiosos, assassinatos e cannoli.
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Felizmente, um jovem sócio chamado George Lucas insistiu para que ele aceitasse o trabalho, já que seu incipiente e contracultural estúdio cinematográfico American Zoetrope estava muito endividado. “Francis, precisamos do dinheiro! Vão fechar a gente, você tem de aceitar esse trabalho”, disse Lucas, conforme palavras de Coppola.
LANÇAMENTO
O resto é história. Lançado em 24 de março de 1972, em grande número de salas, algo incomum na época, “O poderoso chefão” já era, em setembro, o filme de maior bilheteria de todos os tempos, superando “E o vento levou”.
A saga de mafiosos ajudou a inaugurar a era dos sucessos de bilheteria, que realmente decolou três anos depois, quando “Tubarão”, de Steven Spielberg, quebrou seu recorde de arrecadação.
De acordo com o livro “Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls” (Intrínseca), de Peter Biskind, Coppola ganhou uma aposta da Paramount – o estúdio lhe compraria uma limusine se o filme arrecadasse US$ 50 milhões.
“O poderoso chefão” arrecadou US$ 130 milhões. E Coppola se tornou o primeiro cineasta com o peso financeiro necessário para apoiar suas credenciais artísticas. “Foi o começo de uma nova era para os diretores”, escreveu Peter Biskind.
Curiosamente, “O poderoso chefão” foi um sucesso improvável, sob vários aspectos. Em 1972, filmes de mafiosos estavam fora de moda. Quatro anos antes, a Paramount fracassou ao lançar “The brotherhood”, estrelado por Kirk Douglas. Porém, o romance de Mario Puzo se tornara popular, e o estúdio tinha os direitos sobre ele.
A Paramount enfrentou problemas para encontrar um diretor. Elia Kazan, Costa-Gavras e Peter Bogdanovich rejeitaram o projeto.
Embora liderasse o movimento da Nova Hollywood, formado por cineastas jovens e contestadores, Coppola não era um nome de sucesso. Em parte, foi convidado por suas raízes italianas.
“Se o filme gerasse muitos protestos de ítalo-americanos ofendidos, que considerassem que os italianos estavam sendo desprestigiados, eu teria ficado na mira”, afirmou o diretor.
DINHEIRO
A Paramount queria uma adaptação barata e rápida, mas Coppola brigou por mais orçamento, insistindo em rodar em Nova York – não a contemporânea, mas a cidade dos anos 1940.
“O orçamento foi de cerca de US$ 2 milhões, US$ 2,5 milhões. Eu queria fazer isso em Nova York em 1945. Isso significava que, provavelmente, precisaria de pelo menos o dobro”, comentou o diretor. Tal exigência não agradou ao estúdio.
Não foi o único desafio. O produtor Robert Evans, um dos pesos-pesados de Hollywood que haviam comprado os direitos do filme, desentendeu-se com Coppola sobre o elenco.
O único grande nome do projeto (Marlon Brando) não estava em seu melhor momento. Al Pacino era um desconhecido, e não o “homem alto e bonito” que Evans exigia.
“Al é muito bonito, mas à sua maneira única”, brinca Coppola. “Al Pacino era muito atraente. Eu me perguntava por que exatamente, mas ele era.” O cineasta conta que quando sugeriu o ator para o papel, “o pessoal na Paramount começou a se perguntar se havia escolhido a pessoa errada”.
O resultado foi o reconhecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. “O poderoso chefão” ganhou o Oscar de melhor filme; Marlon Brando, o de melhor ator; e Al Pacino foi um dos três artistas do filme entre os indicados ao prêmio de melhor ator coadjuvante.
Sinal de que o legado permanece, Coppola foi homenageado neste mês com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood. Além disso, o Museu da Academia anunciou que terá uma galeria exclusiva para “O poderoso chefão”.