Anitta já é uma estrela global: sua música "Envolver" fez dela neste mês a primeira brasileira a alcançar o primeiro lugar mundial do Spotify, um marco que ela garante à AFP ter alcançado com base no "trabalho de uma formiguinha".
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Seu grande sucesso cantado em espanhol é um reggaeton lançado em novembro, que viralizou nas redes sociais graças a uma coreografia com claras alusões sexuais que só no TikTok gerou 1,4 milhão de vídeos de anônimos e famosos querendo imitar os movimentos da cantora que completa 29 anos nesta quarta-feira (30).
"Envolver", que também subiu para o quinto lugar no ranking "Billboard Global 200", foi ouvido mais de 100 milhões de vezes nesta quarta-feira no Spotify.
Espontânea, determinada e com clara visão de negócios, Anitta cresceu em um bairro humilde do Rio de Janeiro e conquistou a cena pop brasileira desde seu primeiro álbum (2013).
Anos depois, traçou um plano de entrada no mercado internacional, que incluiu a mudança para os Estados Unidos e a gravação de inúmeras colaborações, principalmente em inglês e espanhol, com artistas como Snoop Dogg, Cardi B, Becky G, Maluma, entre outros.
"Nossa cultura está sendo notada. As mulheres latinas também estão chegando ao topo", disse a cantora, em entrevista concedida por e-mail enquanto ensaiava sua apresentação no festival Coachella (Califórnia, Estados Unidos) em abril e finalizava os detalhes do lançamento do seu próximo álbum.
Pergunta: Como está se sentindo ao ver "Envolver" no topo das músicas mais ouvidas no mundo? Esperava que ela fosse ter tamanho sucesso?
Resposta: Estou plena. Feliz. Realizada. A gente tem sempre esperança, né? Eu mais do que ninguém me apeguei à Envolver e acreditei nela desde o início. Via que ela tinha muito potencial.
P: A primeira brasileira no top 1 do Spotify: o que isso significa para Anitta, para o Brasil e para a música latina?
R: Significa que nossa cultura está sendo notada. Que mulheres latinas estão também chegando ao topo global. Isso é incrível.
P: Poderia apontar um antes e depois na sua carreira internacional? Ou foi mais um trabalho constante, de "formiguinha"?
R: Totalmente de formiguinha. E continua sendo. Trabalhamos anos e anos para que aos poucos as coisas fossem acontecendo. Passou muita água embaixo dessa ponte, como dizemos aqui no Brasil.
P: Como vê o fato de ter alcançado o top 1 com uma música em espanhol, sendo uma cantora brasileira? Acha que poderia ter conseguido a mesma expressão com uma música em português?
R: Meu público brasileiro adora quando eu canto em outras línguas. Então essa questão de eu ser brasileira e fazer sucesso cantando em outros idiomas, como já aconteceu em francês e italiano não é um problema.
Mas é claro que para o mercado fonográfico, línguas como espanhol e inglês fazem toda diferença. Pretendo continuar fazendo músicas para cada território sim. Em português com certeza!
P: De 2018 até hoje, você vem se posicionando cada vez mais frontalmente contra o governo de Jair Bolsonaro. Porque acha importante se posicionar politicamente? Quais mudanças deseja para seu país?
R: Eu me posiciono como cidadã e como artista. Continuarei a fazer isso independentemente de quem seja o governo atual. Se não estiver bom, estarei lá dando minha opinião. Na atual conjuntura, o Brasil precisa de muitas mudanças, a começar pelo governo.
P: Quais serão os próximos passos da sua carreira? O que ainda tem por conquistar (em termos de mercado, prêmios etc.)?
R: Ainda não parei para pensar a longo prazo. Em abril lanço meu álbum e canto no Coachella. Estou focada nisso.