A turnê, que segue até o dia 28 de abril, começou pelo município de Timóteo e passará também por Coronel Fabriciano, Caratinga, Guaranésia, São Sebastião do Paraíso, Itaú de Minas e Cássia. Ao todo, serão feitas 18 apresentações — duas vezes em cada instituição, contemplando os turnos da manhã e da tarde —, para alcançar o maior número de crianças.
Cultura como instrumento de conscientização
Segundo Gustavo Bartolozzi, de 48 anos, sócio-fundador e gestor da Cia. Candongas, a peça é essencialmente didática e discute sobre o consumo consciente e a preservação ambiental.“É importante para todos nós cuidarmos da natureza, já que é algo que influencia na nossa qualidade de vida. Buscamos tratar sobre a importância do solo, da água, das plantas e do ar para a nossa vida. Além disso, também abordamos sobre substâncias que podem ser nocivas à Terra”, completou.
Gustavo explicou que o acúmulo de lixo é outra questão relevante e, sem perceber, costumamos adquirir mais do que o necessário ao efetuar uma compra. “Um exemplo bem simples que costumo usar é quando vamos comprar um sapato novo. Na hora de sair da loja, o produto não somente tem papéis que ficam no seu interior e no seu entorno, como também tem a caixa e a sacola. Tudo isso é rejeito, já que o nosso interesse é o sapato. Portanto, o tempo todo estamos produzindo lixo”, disse.
Na história da peça “O Monstro do Lixo”, que tem direção e dramaturgia de Guilherme Théo e produção de Juliana Ribas, Guarda Mor e Bastião são marujos que narram o sofrimento da Mãe-Terra, evidenciando a devastação da mata e a morte dos animais e dos rios.
Os causadores da devastação, que, à princípio, seriam os rejeitos do Monstro do Lixo — grande serpente inspirada em dragões chineses — são, na verdade, a compra e a produção desordenada, o desperdício e falta de reciclagem e reutilização do lixo.
De acordo com o sócio-fundador da Cia. Candongas, os temas são sugeridos com linguagem poética, ludicidade e músicas animadas. “Por sermos, além de artistas, educadores, pensamos em uma forma de despertar o interesse do público. Por isso, nosso intuito foi falar sobre o assunto de forma leve, mas também mostrando que a situação é preocupante, e isso consegue ser evidenciado nos dois personagens. Enquanto o Bastião é mais engraçado, o Guarda Mor é mais sério”, explicou.
Gustavo também ressalta que outro ponto que desperta a atenção das crianças é o figurino dos artistas e o Monstro do Lixo, feito com material reciclável, assinados pelo artista plástico Adriano Borges. “Alguns deles têm contato com a tradição da Folia de Reis e, por isso, se familiarizam com os personagens. Já os outros que não estão acostumados, ficam completamente curiosos e surpresos”, afirmou.
“O Monstro do Lixo”, além de ser inspirado em festas e folguedos populares de Minas Gerais, também buscou incentivo na história de Nossa Senhora da Aparecida, Padroeira do Brasil. “Assim como os marujos encontraram e salvaram Nossa Senhora na água, na peça, os dois marujos vão buscar proteger e cuidar da Mãe-Terra”, disse.
Política de educação ambiental pretende alcançar todo o estado
Conforme Gustavo, a temática não surgiu de modo casual, e sim a partir da necessidade de implementar uma política de educação ambiental. “A iniciativa ocorreu após uma reunião na Assembleia de Minas Gerais (ALMG), no final de 2019, onde a Copasa reconheceu que deveria voltar com os programas que ressaltam a importância do meio ambiente. Disse, ao responsável pela comunicação da empresa, que tinha a solução ideal para retomar essas atividades. A partir disso começamos a pensar no projeto”, disse.
O propósito era entrar em turnê com a peça por todo o estado, porém, devido à pandemia, o programa teve que aguardar até o final de 2021. “No ano passado, apresentamos a peça em BH e Região Metropolitana. Ao todo, foram 22 peças em diversas escolas públicas. Após encerrar as atividades, começamos a organizar para levar o espetáculo a outras cidades atendidas pela Copasa”, disse o gestor da Cia. Candongas.
O Circuito Copasa de Meio Ambiente, parceria entre a companhia de teatro e a estatal, que integra “O Monstro do Lixo”, pretende chegar em outros municípios mineiros, alcançando e levando a informação para o maior público possível. “Estamos planejando fazer mais 62 espetáculos por Minas. No entanto, ainda precisamos alcançar recursos financeiros para colocar o projeto em prática. Ao todo serão 102 apresentações, contando com a turnê”, falou.
A Copasa informou que está muito contente com a iniciativa e que busca “contribuir para a formação de cidadãos aptos à ação proativa, bem como a identificação e solução de problemas socioambientais do cotidiano”.
Mobilização das crianças e da sociedade
Segundo Gustavo, a resposta das crianças está sendo positiva e que nota a seriedade delas quando o verdadeiro vilão da dramaturgia é revelado. “A partir disso, eles criam uma consciência que ficará com eles. Na música final do espetáculo, as crianças e adolescentes cantam com empoderamento e bem-querer pela Mãe-Terra”, completou.
“É incrível assistir eles empenhados a aprender, assim que chegamos na escola, eles começam a fazer a percussão e mostrar para gente. Eles não param enquanto não souberem. Na hora do espetáculo, todos, ao mesmo tempo que fazem o som, cantam alto: ‘Caixa de sapato, saco, vidro e isopor. Pilha, bateria, tem sofá e monitor. Pet e óleo de cozinha (…)’. É gratificante”, relembrou Gustavo.
Além disso, o sócio-fundador da Cia. Candongas explicou que pelo público ser formado por crianças e adolescentes, de 6 a 14 anos, eles buscam adaptar a interpretação. “Fazemos um trato conforme a platéia. Afinal, temos faixas etárias distintas, e os mais velhos exigem um certo amadurecimento de todos nós. Fazemos de tudo para adequar e conquistar o interesse deles”, disse.
O espetáculo também está contando com a mobilização social, já que representantes de órgãos públicos também estão indo assistir. “Já tivemos a presença de vice-prefeito, secretária da Educação, superintendente e outros funcionários da Copasa. Todos eles estão achando a iniciativa muito legal", contou.
Veja o depoimento de alguns deles:
Elenco
“O Monstro do Lixo” tem direção e dramaturgia de Guilherme Théo, produção de Juliana Ribas e Cleverson Eduardo (Dudu) como técnico de som. O elenco é composto por Cláudia Henrique, Guilherme Théo e Gustavo Bartolozzi.
Ainda, todos os adereços e figurinos, bem como os instrumentos musicais utilizados na peça são confeccionados com materiais reciclados e/ou reutilizados e são assinados pelo artista plástico, Adriano Borges da Cruz.
Confira a programação
Circuito Vale do Aço:
Timóteo (28 e 29 de março)
Escola Municipal Maria Aparecida Martins Prado, localizada na avenida Pinheiro, 2001 - Alphaville, e Escola Municipal de Timóteo, localizada na rua Rio São Francisco, 140 - Alvorada.
Coronel Fabriciano (30 e 31 de março):
Escola Municipal Maria das Graças Ferreira, localizada na rua Áustria, 692 - Corrego Alto, e Escola Municipal Otávio Cupertino dos Reis, localizada na rua Padre Camilo Didone, Bairro - Jardim Primavera
Caratinga (1 de abril):
Ginásio Dário da Anunciação Grossi, localizado na avenida Moacyr de Matos, 49 - Centro
Circuito Sudoeste de Minas:
Guaranésia (25 de abril):
Escola Municipal Olavo Vilas Boas, localizada na rua Bartolomeu Lauria, 60.
São Sebastião do Paraíso (26 de abril):
Escola Municipal Ibrantina Amaral, localizada na rua Antônio Ananias, 690.
Itaú de Minas (27 de abril):
Escola Municipal Monsenhor Ernesto Cavicchioli, localizada na rua José Taliberti Sobrinho, 401.
Cássia (28 de abril):
Escola Municipal Allan Kardec, localizada na rua Silene Farah, 22.
A ação é realizada no âmbito da Lei Federal de Incentivo à Cultura celebrado entre a Companhia Candongas e Outras Firulas e a União, por intermédio do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Secretaria da Economia Criativa. Além disso, conta com o patrocínio do Governo Federal e da Copasa e o apoio do Governo de Minas Gerais, Pessoa Comunicação, Café Pingado e Lab Front.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.