Para enaltecer o legado do mais importante expoente da música modernista do Brasil, o Palácio das Artes recebe o Festival Villa-Lobos desta terça (5/4) a quinta-feira (7/4). O evento gratuito faz parte do projeto O Modernismo em Minas Gerais.
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GRANDE GALERIA
A agenda presencial ocorrerá na Grande Galeria do Palácio das Artes, a partir das 19h, e os vídeos serão disponibilizados pelo canal do selo Karmin no YouTube.
Na programação ao vivo, o violonista Celso Faria falará sobre o período em que Heitor Villa-Lobos viveu em Minas Gerais, influenciando a música feita no estado. Em sua palestra, a filósofa Maria de Lourdes Gouveia abordará aspectos centrais do Modernismo no Brasil, com foco em Minas e no momento político e social vivido pelo país nos anos 1920.
Em fevereiro, a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, completou 100 anos. Villa-Lobos participou do evento modernista apresentando suas composições. Foi vaiado por subir ao palco usando casaca e sandália. Não havia “performance” ali: o artista tinha uma inflamação no pé.
Proprietária do selo Karmin, Carminha Guerra, curadora e produtora do festival, afirma que a programação destaca a relação de Villa-Lobos com compositores de música popular, como Pixinguinha e Cartola. Tom Jobim, ela lembra, era grande admirador de Villa.
Também será abordada a predileção do compositor por Johann Sebastian Bach (homenageado em suas famosas “Bachianas Brasileiras”), Frédéric Chopin e Claude Debussy.
Carminha divide a música erudita no país em dois períodos: antes e depois de Villa-Lobos. “Antes dele, o que se fazia no Brasil vinha da Europa, basicamente a música francesa”, observa, lembrando que o carioca representou um marco na literatura musical brasileira.
“Ele foi para os Estados Unidos e para a Europa não para estudar, mas para ensinar. Sua obra esteve em trilhas de cinema, inclusive produções de Walt Disney”, diz Carminha, ressaltando que, ao se apresentar no exterior, ele fazia questão de ser chamado de “Heitor Villa-Lobos, o brasileiro”.
Segundo ela, Villa-Lobos “não tinha limites” e absorveu o Brasil como poucos. Composições dele reproduzem o canto dos pássaros, lembram os indígenas e a floresta. O maestro valorizou o violão quando esse instrumento era marginalizado, levando-o para o palco. E não se limitou às seis cordas, criou peças para todos os instrumentos.
“Ele não tinha barreiras: era do erudito, do popular, amigo do samba. Villa-Lobos traz o Brasil para a música, interpreta nossa brasilidade com quartetos, quintetos e orquestras inteiras”, pontua Carminha Guerra.
POEMA
A última obra orquestral do carioca, “A floresta do Amazonas”, “é um poema sinfônico”, observa a idealizadora do festival.
“Villa-Lobos defendeu nossa terra, nossa pátria, nosso povo. Aclamou nossa fauna, nossa flora, a floresta. Além de genial na música, foi um cidadão brasileiro, um embaixador do Brasil. Tinha orgulho de falar sobre seu país e de ser brasileiro. E manifestou isso no mundo inteiro por meio de sua obra”, destaca Carminha Guerra.
FESTIVAL VILLA-LOBOS
Desta terça (5/4) a quinta-feira (7/4), às 19h. Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Entrada franca. Informações: (31) 3236-7400.
PROGRAMAÇÃO
TERÇA-FEIRA (5/4)
19h: Exibição de vídeos
.“A influência de Villa-Lobos na música mineira”
. Celso Faria (violão) interpreta “Schottish choro”, de Villa-Lobos; “Estudo nº 3: Homenagem a Villa-Lobos”, de Carlos
Alberto Pinto Fonseca; pot-pourri com peças de Garoto; e composições de Ary Barroso
. Fernando Araújo interpreta “Prelúdios”, de Villa-Lobos
. Gilvan de Oliveira interpreta composições de Cartola, Pixinguinha e Villa-Lobos
. Celso Faria conversa com o público sobre a relação de Villa-Lobos com Minas Gerais
QUARTA-FEIRA (6/4)
19h: Bate-papo com o flautista Mauro Rodrigues e o pianista Túlio Mourão sobre
a influência de Villa-Lobos na música contemporânea
Exibição de vídeos:
. Patrícia Valadão (piano) e Lucas Barros (cello) interpretam “O canto do cisne negro”, de Villa-Lobos
. Túlio Mourão (piano) interpreta “Prelúdios das Bachianas Brasileiras nº 4”, de Villa-Lobos
. Renata Xavier (flauta), Willian Barros (viola), Lucas Barros (cello) e Eliseu Barros (violino) interpretam
“A lenda do caboclo”, de Villa-Lobos
. Marcelo Magalhães Pinto (piano) interpreta “Águas”, de sua autoria
. Mauro Rodrigues (flauta) e Eneias Xavier (contrabaixo) interpretam “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim
QUINTA-FEIRA (7/4)
19h: Exibição do vídeo “Panorama”
. A filósofa Maria de Lourdes Gouveia faz a palestra “Modernidade”