Jornal Estado de Minas

CINEMA

A conta do escândalo no Oscar chegou para Will Smith


Desde o episódio do tapa que deu no comediante Chris Rock na festa do Oscar, em 27 de março, Will Smith está no olho do furacão, às voltas com uma série de consequências de seu gesto. O astro agora tem de lidar com a suspensão e o adiamento de projetos com os quais estava envolvido, conforme noticiaram veículos de imprensa dos EUA.





A Netflix interrompeu a produção do longa “Fast and loose” – história de um chefe do crime, interpretado por Smith, que perde a memória –, produção original da plataforma.

“Bad boys 4”, o novo filme da franquia produzido pela Sony, com Will Smith no elenco, será suspenso por tempo indeterminado, de acordo com o portal de notícias norte-americano The Hollywood Reporter.

ESCRAVIDÃO

Em 2020, a Apple TV+ contratou Will para protagonizar o drama “Emancipation”, sobre a escravidão nos Estados Unidos. A plataforma só não fez pausa na parceria com o vencedor do Oscar por “King Richard: Criando campeãs” porque o filme já foi rodado. Cogita-se adiar e até cancelar o seu lançamento.



Na última sexta-feira, o The Hollywood Reporter publicou reportagem em que pessoas influentes da indústria cinematográfica afirmavam ainda haver espaço para a carreira de Smith prosseguir. Um dos executivos ouvidos diz que a boa reputação do ator e sua longa trajetória o ajudariam a retomar o trabalho.





Para outros executivos de estúdios de cinema dos Estados Unidos, a imagem de Will Smith não estaria completamente manchada, mas tudo depende de como as coisas seriam conduzidas a partir de agora. Aos 53 anos, o astro não tem histórico de violência em sets de filmagem.

A página dedicada a ele no IMDb, o maior site especializado em cinema do mundo, reúne outras 11 produções, entre filmes e séries com o ator já anunciadas ou em fase de finalização. “Karatê kid 2” e “Hancock 2” fazem parte dessa lista.

A rapper Nick Minaj apoiou o astro por defender a mulher (foto: Angela Weiss/AFP - 7/5/18)


Nessa segunda-feira (4/4), o jornal britânico The Sun informou que Will resolveu se internar numa clínica para se recuperar do estresse ante a rejeição que vem recebendo do público, de colegas e de estúdios.





Depois da agressão a Chris Rock, motivada por uma piada feita pelo comediante sobre a cabeça raspada da mulher de Smith, a atriz Jada Pinkett Smith, que sofre de alopecia, o ator se desculpou com a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e com os colegas, durante o discurso de agradecimento à estatueta de melhor ator por sua atuação em “King Richard: Criando campeãs”.

No dia seguinte à festa, ele se dirigiu, por meio de mensagem, diretamente a Chris Rock: “Eu gostaria de me desculpar publicamente com você, Chris. Eu estava fora de linha e estava errado. Estou envergonhado e minhas ações não foram indicativas do homem que quero ser. Não há lugar para violência em um mundo de amor e bondade”.

PROCESSO

Na quarta-feira (30/3), a Academia iniciou procedimento interno sobre o caso. “Na próxima reunião do conselho, prevista para 18 de abril, a Academia poderá tomar qualquer medida disciplinar, que pode incluir suspensão, expulsão ou outras sanções permitidas pelos estatutos e padrões de conduta”, afirmou comunicado da entidade. Dois dias depois, na sexta-feira, o próprio ator se adiantou e renunciou, deixando de ser membro da instituição.




“Respondi diretamente ao aviso de audiência disciplinar da Academia e aceitarei integralmente todas e quaisquer consequências por minha conduta. Minhas ações na apresentação do 94º Oscar foram chocantes, dolorosas e imperdoáveis”, afirmou Smith, em comunicado enviado à revista Variety.

Jim Carrey se disse enojado por plateia do Oscar aplaudir Will Smith (foto: Filippo Monteforte/AFP/5/9/17)


A renúncia significa que ele não poderá participar do processo de votação do Oscar, mas ainda pode ser indicado à premiação, pois não é necessário ser membro da Academia para concorrer.

“Recebemos e aceitamos a renúncia imediata do senhor Will Smith”, afirmou a instituição em comunicado à revista Hollywood Reporter. “Vamos continuar com nossos procedimentos disciplinares contra o senhor Smith por violações dos padrões de conduta”, ressalta o texto.





Entre as possíveis penalidades, o ator pode deixar de participar de eventos e da premiação da organização de forma temporária ou definitiva. Ele também pode ser punido com a perda da elegibilidade. Dessa forma, não poderá ser escolhido pelos conselheiros para receber prêmios. Essa medida pode ser definitiva ou temporária.

PRISÃO

A polícia estava pronta para prender Smith no dia da festa do Oscar. Isso não ocorreu por causa de Chris Rock. Will Packer, produtor da premiação, estava com o comediante agredido quando agentes conversaram com ele, explicando que havia sido vítima de um ataque. “Disseram: 'Podemos ir buscá-lo, estamos prontos para trazê-lo agora mesmo. Você pode apresentar acusações e podemos prendê-lo'”, contou Packer.

Chris descartou a prisão, dizendo aos policiais que não gostaria que eles agissem dessa forma, revelou o executivo. Na quarta-feira (30/4), em Boston, o humorista repreendeu um espectador que xingou Smith durante seu show. Rock foi aplaudido de pé ao entrar no palco. Avisou que não faria piada com o assunto, pois ainda estava “processando” o ocorrido.





Nick defende, Carey ataca

Desde a noite do Oscar, personalidades do mundo do entretenimento vêm se manifestando sobre o caso Will Smith. A cantora Nick Minaj saiu em defesa do ator. Para ela, mesmo que Chris Rock não soubesse da alopecia de Jada, não deveria ter feito graça com a cabeça raspada dela.

No Twitter, Minaj elogiou Smith: “Você só tem que testemunhar em tempo real o que acontece na alma de um homem quando ele olha para a mulher que ama e a vê segurando as lágrimas de uma ‘pequena piada’ às suas custas. Isso é o que todo e qualquer homem de verdade sente naquele instante. Enquanto vocês estão vendo a piada, ele está vendo a dor dela.”

O ator Jim Carrey disse, em entrevista ao programa “CBS Mornings”, ter ficado “enojado pela plateia ter aplaudido Will de pé”, aludindo ao momento em que o ator subiu ao palco para receber seu Oscar e discursar.

Para Carrey, o agressor deveria ser preso. E completou: “Hollywood não tem escrúpulos. Tive a sensação de que foi uma indicação clara de que não somos mais um clube legal”.