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Estado de Minas MÚSICA

Adiado quatro vezes, Breve marca a volta dos festivais a BH, amanhã

Público esperado para este sábado (9/4) é de 50 mil pessoas na Esplanada do Mineirão para maratona de shows com novos e antigos astros da música


08/04/2022 04:00 - atualizado 07/04/2022 23:11

vestido com macacão e gorro dourados, Ney Matogrosso abre os braços enquanto segura microfone, no palco
Ney Matogrosso diz perceber mais energia no público que voltou a frequentar shows depois do relaxamento das medidas sanitárias (foto: Marcos Hermes/Divulgação)

Houve outros, mas em espaços menores do estádio. Com a expectativa de reunir 50 mil pessoas neste sábado (9/4), a partir das 12h, o Breve Festival é o maior evento de música realizado não só na Esplanada do Mineirão, mas em Belo Horizonte, dois anos depois do início da pandemia. 

Remarcado pela quarta vez, o evento, que originalmente seria realizado em maio de 2020, manteve quase todas as atrações dos três palcos da Esplanada. No entanto, ganhou, em relação ao projeto inicial, um espaço extra dedicado à música eletrônica, em área do gramado dentro do estádio. 

A exemplo de outros festivais que estão voltando a ser realizados no país, as atrações misturam grandes nomes com artistas com carreira estabelecida e um terceiro grupo, mais jovem, que despontou na última década. 

Os veteranos, vale dizer, têm se dado bem com a garotada. Ney Matogrosso, que completa 80 anos em agosto próximo, realiza no Breve sua primeira apresentação para multidão em dois anos. Traz a BH “Bloco na rua”, mesmo show da turnê interrompida. 

Não é um repertório exclusivo de sucessos da carreira. Ney coloca lado a lado músicas diversas, como “Eu quero é botar meu bloco na rua”, de Sérgio Sampaio, que virou o tema da série de shows, com “A maçã”, de Raul Seixas, “Álcool (Bolero filosófico)”, do DJ Dolores, e “O beco”, dos Paralamas.

“É muito interessante ver hoje a reação das pessoas. É acelerada, não sei se pelo fato de todos terem ficado sem ir a shows, mas venho sentindo uma coisa a mais na energia”, diz Ney.

GAL E MILTON

Gal Costa traz a BH o show “As várias pontas de uma estrela”, que estreou no fim de 2021. O título foi tirado da canção homônima composta por Milton Nascimento e Caetano Veloso no início dos anos 1980.

Gal a interpreta em cena pela primeira vez – e essa é apenas uma das canções do cantor e compositor mineiro que ela leva para o palco no novo espetáculo. Há também “Um gosto de sol” e “Fé cega, faca amolada” (com Ronaldo Bastos), “Ponta de areia” e “Canção da América” (com Fernando Brant).

“A obra de Milton Nascimento é linda, maravilhosa. Gosto de Milton tanto como cantor quanto compositor. Ele é um gênio e suas músicas me emocionam demais, desde o tempo dos festivais, nos anos 1960. Acho que a emoção é o maior dos sentimentos que a música dele provoca nas pessoas”, afirma Gal, acrescentando que a voz é o grande tema da nova turnê.

“Estamos falando do Milton, que tem uma voz deslumbrante, mas também estamos falando da minha voz. Além disso, tem a voz do Brasil, do público que canta comigo os hits que gravei nos anos 1980 e que são apresentados mais para o fim do show”, comenta ela, citando que seu público “rejuvenesceu”. 

“Tenho percebido isso pelas redes sociais e pelas pessoas que têm ido ao meu show, um público mais jovem, desde o lançamento de ‘Estratosférica’ (2016). Eu fico feliz que minha voz esteja passando por novas gerações. Eu trabalho ainda porque a música é muito importante para a minha vitalidade”, acrescenta.

Outros grandes fecham o festival: Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo apresentam “O grande encontro”, que está completando 26 anos, encerrando o Palco Breve, enquanto os Racionais MC’s fazem o último show do Palco Amstel.
 
O evento ainda destaca uma série de vozes femininas: Céu, Pitty, Ludmilla, Duda Beat, Luiza Lian e Josyara. 
maquiada e com adereços pontiagudos na cabeça, Gloria Groove aparece com o corpo parcialmente mergulhado em lago dentro de gruta, segurando o queixo com as mãos
Gloria Groove é uma das atrações da programação do festival, que começa às 12h de sábado e terá palcos simultâneos  (foto: Breve Festival/Divulgação)

A drag queen Gloria Groove, fenômeno da atualidade e com o segundo disco, “Lady Leste”, recém-chegado ao mercado, desponta como um dos principais nomes do festival. E falando dos de cá, o Breve reúne alguns dos nomes mais inventivos da cena recente da cidade: as bandas Lamparina e Swing Safado, o coletivo Mientras Dura, a dupla Clara X Sofia e Djonga, que há muito já mostrou a que veio.
 

BREVE FESTIVAL

Neste sábado (9/4), na Esplanada do Mineirão, Avenida Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha. Abertura dos portões: 12h. Classificação etária: Pista (16 anos; menores de 16 somente acompanhados dos pais ou responsáveis); Espaço Open Bar (18 anos). Entrada permitida com comprovante de vacinação (duas doses ou dose única) ou exame negativo PCR ou teste rápido realizado até 24 horas antes do evento. Ingressos: Pista (R$ 220/meia para estudantes e meia social; nesse caso, é obrigatório levar 1kg de alimento não perecível) e R$ 240 (inteira); Espaço Open Bar (R$ 460/preço único). À venda no Sympla (sympla.com.br/brevefestival). Informações: www.brevefestival.com e no Instagram (@brevefestival)


Cinco perguntas para...

Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Alceu Valença

integrantes d’O grande encontro

O que significa o retorno aos palcos depois de dois anos?
Geraldo Azevedo – Fizemos a primeira apresentação com ‘O grande encontro’ no último fim de semana, em São Paulo. Assim como o show no Breve Festival, o do Espaço das Américas estava marcado para antes da pandemia e só agora pudemos realizá-lo. Foi maravilhoso, uma catarse. Esse retorno significa muito para a gente, pois a pandemia foi muito dura para o setor cultural. Foram quase dois anos parados, não só a gente, mas toda a nossa equipe. Voltar aos palcos, ter nossa equipe trabalhando e ver o público lotar um teatro novamente é uma alegria indescritível. Na plateia, muitos jovens cantando nossas músicas. Sempre soubemos que a nossa música é atemporal e atravessa gerações, o sucesso desse projeto veio para comprovar essa ideia.

É uma celebração de 20 anos, mas são quase 26, desde que houve o primeiro registro. O que mudou e o que continua igual desde então?
Elba Ramalho – Todos nós mudamos, o mundo também mudou. O show é totalmente diferente da concepção original, que era apenas voz e violão.  No formato atual, temos o auxílio luxuoso de uma banda pode- rosa. Estamos mais livres em cena e com mais liberdade em termos de repertório. O que não muda é a nossa amizade, o respeito pelos colegas e a conexão com o público.  

Zé Ramalho não retornou para o projeto na turnê de 20 anos, em 2016. Desde então, vocês o chamaram novamente ou não?
Elba – Ele se faz presente por meio das suas canções maravilhosas. Foi convidado, mas já tinha outro projeto em andamento. A porta vai estar sempre aberta para ele, tomara que faça uma surpresa e apareça nos próximos shows. Quem sabe?

A música nordestina mudou muito nestes 25 anos, certo? Quais são os novos artistas que destaca?
Alceu Valença – Há uma infinidade de novos e excelentes talentos. Temos que entender que o mercado mudou e, infelizmente, as rádios não tocam mais MPB, como acontecia em outros tempos. Hoje é preciso ir atrás das novidades, que não chegam até o público como antes. Em compensação, as plataformas oferecem uma bela variedade de opções. Posso citar a turma do Reverbo, um coletivo de jovens artistas do Recife, como Almerio, Martins, Isabela Morais, Juliano Holanda, cujos trabalhos já começam a ganhar visibilidade. Destaco também Ceceu Valença e Juba, não por serem meus filhos, mas pelo compromisso que têm com a identidade da música brasileira. 

O público não está se calando nos grandes shows – houve protestos no Lollapalooza, como também na estreia da turnê de Caetano em BH, no último fim de semana. Qual a sua opinião sobre as manifestações políticas em grandes eventos?
Alceu – Penso que as manifestações fazem parte da democracia. O público tem todo o direito de explicitar suas preferências, sejam elas políticas, estéticas, comportamentais. Mas é preciso respeitar as diferenças de pensamento, de maneira civilizada, com empatia e consciência. São elementos inegociáveis para a evolução de qualquer sociedade.

com roupas muticoloridas, usando bonés e óculos escuros, os integrantes da Lamparina fazem poses variadas para fotografia conjunta
A banda Lamparina é um dos representantes da nova cena mineira que subirão ao palco do Breve (foto: Marco Rosatto/Divulgação)

Para ver de casa

A TNT vai transmitir alguns shows do Breve a partir das 16h15. A transmissão começa exclusivamente no canal do YouTube da emissora, que vai exibir, a partir das 16h30, o show de Silva. A partir das 18h, as transmissões serão tanto na internet quanto no canal pago. A ordem é a seguinte: Ludmilla (18h); Gal Costa (19h30); Gloria Groove (21h); e O Grande Encontro (22h30).


AGORA VAI!


Confira a programação do Breve Festival

Palco Breve  (Esplanada Norte)

>> 14h50 – Djonga
>> 16h20 – Silva
>> 18h – Ludmilla
>> 19h30 – Gal Costa
>> 21h – Gloria Groove e Grag Queen
>> 22h30 – O Grande Encontro

Palco Amstel  (Esplanada Sul)

>> 13h50 – Lamparina
>> 15h20 – Céu e Tropkillaz
>> 16h50 – Duda Beat
>> 18h30 – Pitty
>> 20h10 – Ney Matogrosso
>> 22h10 – Racionais MC’s

Palco Radar (G3)

>> 13h – Swing Safado
>> 14h30 – Josyara
>> 16h – Clara X Sofia
>> 17h30 – Luiza Lian
>> 19h – Tuyo
>> 20h30 – ÀTTØØXXÁ
>> 21h55 – Heavy Baile e MC Carol
>> 23h – Mientras Dura Breve Club (Gramado)
 
Breve Club (Gramado)

>> 12h20 – Rafael Cancian
>> 13h20 – Millos Kaiser
>> 14h20 – Forró Red Light
>> 15h20 – Gop Tun DJS Nascii e Tyy
>> 16h50 – D-Nox
>> 17h50 – Sarah Stenzel
>> 18h50 – Gui Boratto
>> 19h50 – Audiofly
>> 21h10 – Juliet Sikora
>> 22h10 – Hosh
>> 23h30 – Juliet Fox
>> 0h30 – João Nogueira B2B Pedro Pedro (Masterplano) 


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