Os portões foram abertos às 12h e uma fila rodeou o estádio para o acesso ao festival. Quando as pessoas conseguiram vencer a espera para a entrada, foram surpreendidas por não ser cobrado o cartão de vacinação com as duas doses contra COVID-19 completas ou o resultado negativo do teste realizado até 48h antes do evento, como foi divulgado previamente que seria exigido. Além disso, a chuva não colaborou com o início da festa, mas não houve incômodo por parte do público, que se equipou com capas e alguns até arriscaram se molhar para curtir os shows nos quatro palcos montados pelo evento.
No palco Breve, o rapper mineiro Djonga agitou o público com hits e até mesmo a participação da família (filha e avó). Ele entrou com a camisa da seleção brasileira e criticou o uso das cores verde e amarelo por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). O show foi marcado por protestos políticos, puxado por um coro da plateia: “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”. Os gritos depois viraram uma música com coreografia dos dançarinos no palco, inspirados nas famosas danças do Tik Tok.
Djonga entrou na onda e também ressaltou que bolsonaristas estão se apropriando da bandeira do Brasil. “Com essa camisa aqui é mais gostoso de ouvir vocês gritando isso. Os ‘caras’ acham que tudo é deles, né? Eles se apropriam do tema ‘família’, se apropriam dos nossos símbolos, os ‘caras’ se apropriam de tudo. Mas é o seguinte: é tudo nosso e nada deles”, disse o rapper. Ele ainda desceu do palco e foi para o meio do público para cantar grandes sucessos como “Fogo no Racista” e “Olho de Tigre”.
Além dele, o festival também contou com a apresentação de mais mineiros, com o duo Clara x Sofia. O repertório da dupla teve sucessos como “Seu fim em mim”, o mais novo single “Fico mais leve” e até mesmo uma versão de “Toxic”, de Britney Spears. “Estávamos com muita saudade de cantar assim. A energia é muito maravilhosa, saímos do palco extasiadas", contou Clara ao Estado de Minas. “A Clara até chorou de tanta emoção. É realmente muito emocionante ver as pessoas cantando com a gente. Foi muito tempo se preparando para este momento e foi muito melhor do que imaginávamos”, completou Sofia.
A dupla ainda recheou de spoilers do primeiro álbum, que tem previsão de lançamento ainda neste semestre. Além de “Fala (tô te querendo”, uma parceria com Clara Valverde, e “Fico mais leve”, último lançamento, elas também cantaram algumas faixas do disco que ainda não foram divulgadas para dar um gostinho do que vem por aí. “Agora temos nosso álbum, que vamos apresentar neste semestre ainda, então apresentar nova identidade, as nossas músicas aqui, foi muito maravilhoso”, contou Sofia.
Enquanto isso, grandes nomes da música nacional se apresentavam ao mesmo tempo: a pernambucana Duda Beat no palco Amstel com seus sucessos “Bixinho”, “Nem um Pouquinho e “Meu Pisêro”, e o capixaba Silva no palco Breve. Até mesmo a cantora Ludmilla agitou o público com sua pluralidade artística com o repertório que vai do funk ao pagode.
Já no show de Gloria Groove, fenômeno da atualidade e um dos principais nomes do festival, apesar das reclamações do público pedindo para aumentarem o som do microfone, a drag queen entregou hits como “A Queda” e “Leilão”. O festival ainda teve Pitty, Gal Costa, Ney Matogrosso, Racionais, ÀTTØØXXÁ.
Encerrando um line-up de peso, Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo apresentaram o “Grande Encontro”, que está completando 26 anos, e fecharam com chave de ouro o evento. “Anunciação”, “Ai Que Saudade D'Ocê” e um repertório riquíssimo fez o público curtir os últimos momentos da festa.
Alegria de voltar
O público comemorou o retorno dos grandes festivais. Ana Carolina Siqueira, de 27 anos, veio de Cuiabá, no Mato Grosso, e mora em Belo Horizonte há seis anos. Ela ressaltou que os últimos anos foram intensos com a pandemia e é uma alegria estar de volta. “Eu estou achando ótimo poder voltar a ter os eventos e poder se reunir com a galera. Foram dois anos muito difíceis e espero que isso não se retorne e que a gente consiga manter o controle para voltar a curtir a vida”, apontou.
“A gente sabe que o setor artístico foi muito prejudicado. Eu, também como artista, sei como foi difícil já que nós fomos os primeiros a parar e os últimos a voltar, então acho ótimo. O setor da cultura não pode ser esquecido, a gente tem que continuar fomentando a cultura”, destacou. Ela contou que os shows mais aguardados foram da Pitty e Gal Costa.
Ana Letícia Scalon, de 23 anos, viajou cerca de 500 km de Uberaba, no Triângulo Mineiro, para BH pelo festival e conta que não se arrependeu. “Eu estou achando muito bom, inclusive não esperava que esse festival seria tão bacana e superou minhas expectativas. É o primeiro que venho depois de tanto tempo”, afirmou.
“Eu estava esperando muito pelo show da Duda Beat. Foi ótimo, mas como estava muito lotado foi difícil ter acesso”, contou. Ela ainda apontou algumas dificuldades que enfrentou no festival: “Eu acho que poderia ser um pouco melhor porque a gente teve dificuldade de achar a praça de alimentação, banheiros estavam lotados.”