O cineasta canadense David Cronenberg, o americano James Gray, os irmãos belgas Dardenne e o russo Kirill Serebrennikov, atualmente no exterior, disputarão a Palma de Ouro no 75º Festival de Cannes, anunciou o delegado-geral do evento, Thierry Frémaux, em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (14/4).
O Brasil ainda tem chance de participar das mostras paralelas “Quinzena dos realizadores”, “Semana da crítica” e “Cinéfondation”, cujos indicados serão anunciados nos próximos dias.
Predominam filmes europeus, com a presença de apenas três mulheres na disputa pela Palma de Ouro: duas cineastas francesas (Claire Denis e Valeria Bruni) e uma americana (Kelly Reichard).
Da Costa Rica, “Domingo y la niebla”, do jovem autor Ariel Escalante, concorre na mostra “Um certo olhar”. O cinema espanhol, que ganhou o Urso de Ouro no recente Festival de Berlim (com “Alcarràs”, de Clara Simón), está ausente de Cannes. A composição do júri permanece em suspense.
O cinema ainda se recupera da pandemia, reconheceu Thierry Frémaux, dizendo que ele “tem de se reerguer”. O delegado-geral informou que cerca de 35 mil pessoas foram credenciadas para esta edição do festival, quase o dobro do ano passado.
PASSADO E FUTURO
O Festival de Cannes vai comemorar oficialmente seus 75 anos em ato especial marcado para 24 de maio. “Não se trata necessariamente de celebrar o passado (...), mas de celebrar igualmente o presente e o futuro”, disse Frémaux.
Cinco diretores já premiados disputam novamente a Palma de Ouro. Cronenberg, especializado em filmes de terror e ficção científica, apresenta “Crimes of the future”, com Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart.
Como previsto, Cannes se posicionou sobre a guerra na Ucrânia, particularmente com o convite a Kirill Serebrennikov, um diretor iconoclasta, conhecido por suas criações teatrais, atualmente morando fora da Rússia.
Competindo pela terceira vez em Cannes, depois de “A febre de Petrov” e “Verão”, o russo está de volta com “Zhena Tchaikiovskogo”, filme histórico sobre a mulher do compositor Pyotr Tchaikovsky.
Em junho de 2020, ele foi condenado a três anos de prisão por desvio de dinheiro, acusação que sempre negou. Depois de receber redução de pena, afirma que deixou “legalmente” o país. Atualmente, trabalha na Ópera de Amsterdã em “Der freischütz”, do compositor Carl Maria von Weber.
Dois cineastas ucranianos estarão presentes, mas fora de competição: o mestre Sergei Loznitsa, com “The natural history of destruction”, em sessão especial, e o desconhecido Maksim Nakoneshnyi, com “Bachennya Metelyka”, na mostra “Um certo olhar”.
PRODUTORES BRASILEIROS
Os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, veteranos de Cannes, apresentam “Tori and Lokita”. James Gray retorna com “Armaggedon time”, filme sobre o pai do ex-presidente Donald Trump estrelado por Anthony Hopkins e Anne Hathaway. Entre os produtores desse longa estão os brasileiros Rodrigo Teixeira, um dos principais nomes de Hollywood atualmente, e Lourenço Sant'Anna.
O sul-coreano Park Chan-wook compete com “Haeojil Gyeolsim Park” e o egípcio Tarik Saleh com “Boy from heaven”.
Outras atrações de Cannes são os longas “Top Gun: Maverick”, estrelado por Tom Cruise, e “Elvis”, do diretor australiano Baz Luhrmann, de “Moulin Rouge” – ambos fora da competição. O longa “Z”, de Michel Hazanavicius, será o filme de abertura da 75ª edição do festival.
NA BRIGA PELA PALMA DE OURO
“Holy spider”
De Ali Abbasi
“Les amandiers”
De Valeria Bruni Tedeschi
“Crimes of the future”
De David Cronenberg
“The stars at noon”
De Claire Denis
“Frere et soeur”
De Arnaud Desplechin
“Tori and Lokita”
De Jean-Pierre e Luc Dardenne
“Close”
De Lukas Dhont
“Armageddon time”
De James Gray
“Broker”
De Hirokazu Kore-eda
“Nostalgia”
De Mario Martone
“R.M.N.”
De Cristian Mungiu
“Triangle of sadness”
De Ruben Ostlund
“Decisions to leave”
De Park Chan-Wook
“Showing up”
De Kelly Reichardt
“Leila’s brother”
De Saeed Roustayi
“Boy from heaven”
De Tarik Saleh
“Tchaikovsky’s wife”
De Kirill Serebrennikov
“Hi-Han (Eo)”
De Jerzy Skolimowski