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Estado de Minas SEXTA DANÇANTE

Fernanda Abreu é estrela do baile da pesada da Masterplano, com 22 atrações

Cantora e compositora carioca comemora seus 30 anos de carreira na Serraria Souza Pinto. Festa vai destacar o funk mineiro, que viralizou e conquistou o Brasil


15/04/2022 08:20 - atualizado 15/04/2022 08:24

Usando roupa de vidrilhos verdes que lembra globo de iluminação das pistas de dança, a cantora Fernanda Abreu sorri
Fernanda Abreu promete fazer show "para a cena da pista", nesta sexta-feira (15), na Serraria Souza Pinto (foto: Murilo Alvesso/divulgação)

Uma das metas de Fernanda Abreu para 2022 é passar a maior parte do tempo possível em cima do palco. Em três décadas de carreira, a cantora “suingue sangue bom” nunca ficou tanto tempo sem fazer shows quanto nos últimos dois anos, por causa da pandemia. Com a redução de restrições para eventos culturais, ela tem aproveitado para tirar o atraso e cair na estrada com espetáculos em dois formatos: o tradicional, com banda e balé, e o reduzido, com um DJ e duas bailarinas.

Nesta sexta-feira (15/4), Fernanda desembarca em Belo Horizonte, acompanhada de DJ e dançarinas, para comemorar seus 30 anos na ativa. O show será uma das 22 atrações da festa de música eletrônica Masterplano, na Serraria Souza Pinto, no Centro.

REMIX

“Montei um show para a cena da pista, do baile, da festa. É um pocket de remix, com arranjos das músicas que estão no último álbum que eu lancei”, explica, referindo-se ao disco “Fernanda Abreu: 30 anos de baile”.
 
 
Será a segunda vez que Fernanda apresenta esse formato de show. A primeira ocorreu em uma festa fechada, também em BH. Fazem parte do repertório os principais sucessos de sua carreira, como “Jorge da Capadócia”, “Kátia Flávia, a godiva do Irajá”, “A noite” e “Rio 40 graus”.
 
“São 10 músicas remixadas por uma galera bem legal, como os DJs Gui Boratto, Bruno Be, Zé Pedro, Vintage Culture e Tropkillaz. Acho que as pessoas vão se divertir, porque a essência das músicas está lá, só o que muda é a batida, o instrumental. Ninguém vai estranhar, porque a letra é a mesma”, afirma.
 
Aos 60 anos, a cantora carioca ainda colhe o sucesso que conquistou a partir de 1990, quando, após sair da banda Blitz, se lançou em carreira solo. Com o álbum “SLA radical dance disco club” (1990), ela se tornou referência da música pop eletrônica feita no Brasil.
 
“Esse disco foi muito precursor na época em que foi lançado. A produção tem uma linguagem muito diferente e foi feita com a tecnologia que marcou o início da música pop dançante. Até mesmo a imprensa, muitas vezes, me considera a mãe do pop dançante no Brasil”, comenta.
 
Integrante do projeto Quarteirão do Soul, casal de meia-idade sorri
Artistas do Quarteirão do Soul mantêm a tradição da black music em BH (foto: Danilo Silva/divulgação)
Além do legado no pop, Fernanda se orgulha de estar entre os artistas responsáveis por projetar o funk carioca para fora do reduto das comunidades. Desde então, ela acompanha as diferentes fases do gênero e suas mais variadas vertentes.
 
“O funk começa mais sensual, depois ficou 'proibidão' por uma série de questões. O funk melody, por exemplo, sempre foi muito mais aceito. Hoje, a gente vê que ele invadiu São Paulo. Também existe o funk pop de artistas como Anitta, Ludmilla, Luísa Sonza. É engraçado, pois é meio cíclico. Ao mesmo tempo que surgem tendências novas, existe sempre alguém resgatando referências do passado”, analisa.
 
Um exemplo disso, segundo ela, é o disco “Baile” (2021), dos mineiros FBC e VHOOR. “Alguém me passou esse álbum e achei engraçado como ele resgata o miami bass, que um dia já influenciou bastante o funk carioca.”
 
De volta aos palcos, os planos de Fernanda para trabalhar em estúdio ficarão para 2023. Seu último disco de inéditas, “Amor geral”, é de 2016, mas ganhou versão ao vivo com “Amor geral (a)live”, lançado em 2020, mesmo ano em que “Slow dance”, compilação de baladas que marcaram sua trajetória, chegou às plataformas.
 
Atualmente, Fernanda trabalha em parceria com a DJ e jornalista Claudia Assef para lançar disco com remixes feitos por DJs mulheres.
 
“A ideia é que seja um EP com músicas que não entraram no disco de 30 anos. Estamos naquela fase de conhecer o trabalho das DJs, então não temos uma data estipulada para lançar esse projeto. Ele ainda é bastante inicial”, conta.
 

Além de Fernanda Abreu, a Masterplano 40 graus, batizada assim em homenagem à artista carioca, terá apresentações do DJ Scar, conhecido pelo hit “Aqui em BH ninguém é de ninguém”; do Quarteirão do Soul, tradicional movimento de resgate da black music em BH; e dos DJs residentes Pedro Pedro, João Nogueira e Romana. Ao todo, estão previstas 12 horas de festa.

 

''Existe uma renovação do público. Muita gente alcançou a maioridade na pandemia e agora pode ir a festas, por exemplo. Estão descobrindo o mundo, começando de novo''

Pedro Pedro, produtor e DJ

 

MÚSICA ELETRÔNICA BRASILEIRA

Esta edição da Masterplano foi pensada como celebração do funk e do soul brasileiros. “Antes mesmo da pandemia, a gente percebeu que o funk de Minas Gerais tinha viralizado no Brasil. A partir daí, a gente começou a pensar em como poderíamos nos aproximar desses artistas e produtores. Afinal, o funk é a música eletrônica brasileira”, afirma Pedro Pedro, um dos integrantes do coletivo Masterplano.
 
De acordo com ele, a lista de atrações da festa reúne diferentes gerações que têm papel fundamental na cena cultural belo-horizontina.
 
“A gente brinca que são as pessoas que inauguraram, lá no passado, o funk e o soul aqui no Brasil, e pessoas que seguem inovando com esses estilos hoje. No meio do caminho existe a Fernanda Abreu”, diz Pedro Pedro.
 
Esta é a segunda edição presencial da Masterplano, desde o início da pandemia. A primeira foi realizada em dezembro de 2021, no Mineirão. Para Pedro Pedro, o público da festa se renovou após os meses em que ela não pôde ser realizada.
 
“As pessoas estão mais dispostas a se envolver depois de todos esses meses presas em casa. Também existe uma renovação do público. Muita gente alcançou a maioridade na pandemia e agora pode ir a festas, por exemplo. Estão descobrindo o mundo, começando de novo”, ele analisa.
 
O DJ acredita que a própria festa conseguiu crescer nesse intervalo de tempo. “Durante a pandemia, a gente aproveitou para se reestruturar, adotando direcionamento mais claro do que, de fato, queremos fazer. Começamos a avaliar que a gente poderia se articular com festas menores também.”
 
Com o pontapé inicial da Masterplano desta sexta (15/4), já são planejadas outras edições, que devem ocorrer em julho, no festival Sensacional, ainda não anunciado, e em agosto, com evento solo.

MASTERPLANO 40 GRAUS

Nesta sexta-feira (15/4), às 22h, na Serraria Souza Pinto (Av. Assis Chateaubriand, 889, Centro). Ingressos: R$ 80, à venda na plataforma Shotgun. Informações: @masterplanobh, no Instagram 


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