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Com ousadia e inteligência, 'Outer range' rompe as fronteiras do faroeste

Estrelada por Josh Brolin e produzida por Brad Pitt, série acompanha caubói às voltas com revelações metafísicas nos confins dos Estados Unidos


15/04/2022 08:00 - atualizado 15/04/2022 08:11

O ator Josh Brolin, vestido como caubói, está ajoelhado na grama, olhando preocupado para baixo. Ao fundo estão dois cavalos
Em "Outer range", o caubói Royal Abbott (Josh Brolin) enfrenta dilemas metafísicos (foto: AMAZON PRIME VIDEO/DIVULGAÇÃO)

“Outer range” se apresenta como western contemporâneo. Mas não se deixe enganar. Há muitas camadas na superprodução – Josh Brolin como protagonista, Brad Pitt como produtor – que estreia nesta sexta (15/4), na plataforma Amazon Prime Video. Com boa dose de drama e uma pegada de sobrenatural, o faroeste vai mostrando suas armas aos poucos.
 
Royal Abbott (Brolin) é um fazendeiro dos confins do Wyoming com muita terra (herdada da família da mulher, Cecilia, papel de Lili Taylor) e um tantão de problemas. Como todo caubói, do passado ou do presente, é meio rabugento, melhor em agir do que com as palavras.

RODEIO

A nora desapareceu sem deixar rastros, deixando uma filha pequena (Amy, interpretada por Olive Abercrombie) e um marido desnorteado (Perry, papel de Tom Pelphrey). O filho caçula de Royal, Rhett (Lewis Pullman), é rebelde e sonha com a carreira de campeão de rodeios – mas não se esforçou devidamente para tal.
 
O dinheiro não está sobrando para os Abbott, que têm de lidar com as investidas do vizinho poderoso Wayne Tillerson (Will Patton) e seus filhos. Estranho, ele passa boa parte do tempo tramando maneiras de apreender, legalmente, as terras de Royal.
 
A chegada de Autumn (Imogen Poots), jovem hippie, bonita e com uma quantia suspeita de dinheiro que deseja acampar nas terras dos Abbott para escrever poesia ou algo do gênero, não acende nenhuma bandeira vermelha em Royal.
 
Em certos aspectos, “Outer range” é um faroeste no modelo tradicional: disputas familiares, romance ao som de country music, longas tomadas de rebanhos, brigas depois de bebedeiras e momentos de violência pura e simples.
 
Mas um elemento se destaca já no episódio piloto e será essencial para o andamento da trama. A despeito de tantas dores de cabeça, Royal se perturba mesmo é com a descoberta de um buraco enorme, muito redondo e fundo, na extremidade de suas terras.
 
O vazio metafísico gigante que parece ter uma força eletromagnética hipnotiza o fazendeiro. Mantendo a descoberta em segredo, Royal é devidamente atraído por ele – e não demora a descobrir que o poder do buraco (seria um portal?) chamou também a atenção de várias pessoas.
 
Outros eventos que ocorrem na região – a montanha e algumas vacas e bois desaparecem, um búfalo majestoso surge e some da cena sem deixar rastros – estariam relacionados com o misterioso buraco?

JOSH IMPECÁVEL

As performances são caprichadas, mas é Josh Brolin quem atrai os olhares para a tela o tempo inteiro. Seja quando praticamente rosna para os opositores, seja quando mostra vulnerabilidade na relação com a neta, o ator, que ganhou fama como o Thanos de “Vingadores”, é a principal razão para acompanhar a série.

“Outer range” não traz respostas fáceis e, por vezes, o desenrolar da trama pode enervar o espectador. É uma história estranha, o que já é uma qualidade em meio a tanta mesmice que as plataformas de streaming lançam semanalmente.
 
Mas uma coisa é certa: o buraco em que Royal se mete é muito maior do que parece, com o perdão do trocadilho.
 

“OUTER RANGE”

Série em oito episódios, no Amazon Prime Video. Nesta sexta-feira (15/4), estreiam os dois primeiros. Dois novos capítulos a cada sexta-feira.


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