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Estado de Minas MÚSICA

Frejat comemora sua volta aos palcos e promete 'celebração especial' em BH

Cantor finalmente vai apresentar o show adiado três vezes por causa da pandemia. Ingressos para este domingo (17/4), no Palácio das Artes, estão esgotados


17/04/2022 08:30 - atualizado 17/04/2022 08:36

Roberto Frejat, de blusa preta, sorri e olha para a câmera
Esta noite, Roberto Frejat vai matar as saudades dos hits dele, do Barão Vermelho e de Raul Seixas (foto: Leo Aversa/divulgação)

Frejat se apresenta em Belo Horizonte neste domingo (17/4), às 19h, no Palácio das Artes. O show, cujos ingressos estão esgotados, seria realizado originalmente em agosto de 2020, mas foi adiado três vezes, primeiro para março e depois para dezembro de 2021, até ganhar a nova data neste mês de abril. A espera de quase dois anos só fez crescer no compositor a expectativa para o reencontro com a plateia mineira.
 
“O público de BH é muito carinhoso e caloroso. Gosto muito de tocar em teatro, pois ele dá uma qualidade à apresentação muito boa para quem está assistindo e para quem está tocando. Soma-se a isso o peso do reencontro. O que nós estamos preparando é uma celebração”, afirma Frejat.

O cantor e compositor sobe ao palco acompanhado por sua banda, formada por Maurício Almeida (guitarra), Bruno Migliari (baixo), Humberto Barros (teclado) e Marcelinho da Costa (bateria).

SÓ SUCESSOS

No repertório, estão garantidos sucessos de diferentes fases da carreira solo do artista, como “Segredos” e “Amor pra recomeçar”, além de hits do Barão Vermelho – “Puro êxtase”, “Bete balanço”, “Pro dia nascer feliz” e “Exagerado”.

Guto Goffi, Dé Palmeira, Frejat e Cazuza na primeira formação do Barão Vermelho
Guto Goffi, Dé Palmeira, Frejat e Cazuza: a primeira formação do Barão Vermelho, destaque do rock rebelde dos anos 1980 (foto: Reprodução)
 
Roberto Frejat também vai tocar clássicos de Raul Seixas, como “Tente outra vez”, “Como vovó já dizia” e “Só para variar”.
 
“É o momento de celebrar o reencontro e quero fazer isso com as músicas que o público já conhece. Vamos matar a saudade delas. Tenho certeza de que o público vai gostar”, garante.
 
Rock in Rio
No Rock in Rio, em 2011 (foto: Gil Rodrigues/Esp D.A Press)

Barão versão 2012
Barão versão 2012: Guto Goffi, Rodrigo Santos, Frejat, Peninha e Fernando Magalhães (foto: Gabriel Wickbold/divulgação)

Em quatro décadas de carreira, o músico nunca havia experimentado pausa tão longa em sua agenda de shows quanto a imposta pela pandemia nos últimos dois anos. No primeiro momento, ele achou que desacelerar poderia ser uma boa, mas, a partir do segundo mês de quarentena, mudou de ideia.

“Me apresentar ao vivo é basicamente o que faço há 40 anos. É a minha rotina de final de semana. Ou pelo menos era. Dificilmente tinha um intervalo muito longo, a não ser que fosse para tirar férias. Nunca fiquei esse tempo todo parado. Depois do segundo mês, ficou desesperador. Tive de trabalhar a cabeça para espantar a depressão”, ele conta.
 
“Tocar é a melhor parte da carreira de músico. Estar na estrada é um prazer. Tirando a parte do aeroporto, que é meio chata, adoro viajar, estar com pessoas diferentes, em cidades diferentes, mesmo que algum lugar seja menos confortável. Me deixa feliz”, acrescenta.

DISCO DE INÉDITAS

Durante a pandemia, Frejat lançou “Ao redor do precipício” (2020), seu primeiro álbum de inéditas em 12 anos. Gravado entre novembro de 2019 e maio de 2020, o trabalho conta com 13 faixas produzidas pelo próprio artista em parceria com Kassin, Maurício Negão e Humberto Barros.

“Lancei e a gente teve uma resposta, mas ainda assim é resposta das redes, que é superficial, falta um aprofundamento. Faltou o complemento da estrada, fundamental para o sucesso de um disco. Não pretendo incluir as canções dele em Belo Horizonte. Elas vão fazer parte do meu show em outro momento”, explica.

2013
No Rock in Rio, em 2013 (foto: Pilar Olivares/AFP)
 
Frejat tem bastante carinho pelo registro, feito praticamente em família. O projeto gráfico é assinado por Júlia, sua filha caçula, enquanto o primogênito Rafael gravou instrumentos na faixa “Todo mundo sofre”. O lançamento foi orquestrado por sua empresária, Alice Pellegatti, com quem é casado desde 1987.
 

''Qualquer artista que sinta que este governo é bom para o país, ou para a cultura, precisa de um atestado de insanidade. Nos meus shows, essas manifestações nunca ocorreram, mas as acho saudáveis. O público quer se manifestar. Não incentivo, não vai partir de mim. Como cidadão ou como artista, tenho as minhas insatisfações. E não me agrada nenhuma das perspectivas para o futuro da política no Brasil''

Frejat, cantor e compositor


 
“Depois de pensar muito sobre os formatos de lançamento, decidi por um álbum cheio e, inclusive, mandei fazer alguns CDs, que dou para as pessoas. Hoje, não tem mais lugar para vendê-los. Então, fiz esse disco para mim. Por isso, precisava de um padrão de acabamento de qualidade, com capa, gravação, encarte, ficha técnica completa. De certa maneira, ele atende a minha necessidade pessoal. Mas acaba também satisfazendo o público”, analisa.

FESTA DO BARÃO

Prestes a fazer 60 anos em 21 de maio, Frejat não prepara comemoração especial, ainda que tenha completado quatro décadas de carreira recentemente. O início de sua trajetória coincide com a estreia do Barão Vermelho, que segue na ativa com Guto Goffi, Maurício Barros, Fernando Magalhães e Rodrigo Suricato. A banda, aliás, está na estrada com a turnê “Barão40”.
 
“É uma data que marca a estreia do Barão e acho que eles merecem fazer a com emoração, que é deles”, comenta. Frejat deixou o grupo em 2017. “Fico muito feliz de poder dizer que estou na ativa, sou muito grato pela minha permanência dentro do cenário”, afirma.
 

Rap ocupa o espaço do rock, que abandonou a rebeldia

Há 40 anos, o rock brasileiro vivia um momento de efervescência. O gênero era o mais ouvido pelos jovens e marcou época com o surgimento das bandas Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Biquíni Cavadão, Titãs, Ira! e Barão Vermelho, cuja formação original contava com Cazuza (1958-1990) como vocalista e Dé Palmeira no baixo.
 
“Naquele momento, toda uma geração tinha crescido ouvindo o rock internacional. Então, as bandas brasileiras dos anos 1980 conseguiram traduzir uma rebeldia e uma inquietação que a gente só tinha ouvido antes em inglês, por conta da ditadura. O sucesso se deve muito à gente ter usado a linguagem do rock, que já era familiar, para falar do Brasil, daquele momento que estávamos vivendo”, afirma Frejat.

SEM PROTESTOS

Atualmente, fãs de rock mainstream têm apresentado pontos de vista conservadores. Prova disso é que, em seus shows, o músico carioca jamais testemunhou manifestações contra o governo Bolsonaro, ainda que ele nunca tenha escondido seu posicionamento pessoal.

2017
Frejat solo no Rock in Rio, em 2017 (foto: Sabrina Bernardo/divulgação)

“Qualquer artista que sinta que este governo é bom para o país, ou para a cultura, precisa de um atestado de insanidade. Nos meus shows, essas manifestações nunca ocorreram, mas as acho saudáveis. O público quer se manifestar. Não incentivo, não vai partir de mim. Como cidadão ou como artista, tenho as minhas insatisfações. E não me agrada nenhuma das perspectivas para o futuro da política no Brasil”, revela.
 
Com a saída de cena do rock como símbolo da contestação, Frejat acredita que esse lugar, hoje, é ocupado pelo rap. Para ele, o gênero traduz “a inquietação da juventude”.
 
“O rock foi completamente pasteurizado, usado para vender picolé, carro, telefone. Isso é o sistema agindo, o que acabou diluindo a inquietação e a rebeldia. Não vai demorar muito para acontecer com o hip hop também. A estrutura do capital rapidamente vai engoli-lo”, prevê.
 
“Não tenho nada contra o hip hop. Na verdade, gosto muito, principalmente do papel que ele desempenha e da sonoridade das músicas. Acho muito bacana. Mas o engolimento de um estilo pelo capital é cíclico, uma hora acontece. E hoje tende a acontecer muito mais rápido”, afirma.
 


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