A Ucrânia estará presente na 75ª edição do Festival de Cinema de Cannes, com dois diretores de gerações diferentes dispostos a narrar o passado e o presente de seu país, invadido pela Rússia em 24 de fevereiro.
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Loznitsa, de 57 anos, tem sido regularmente convidado a Cannes, onde já exibiu “A praça”, sobre a revolução ucraniana de 2014, e “Donbass”. No ano passado, apresentou “Babi Yar. Context”, sobre o massacre de 300 mil judeus em 1941, a oeste de Kiev.
Quando eclodiu a guerra da Ucrânia, o cineasta comparou a Rússia de hoje à União Soviética. “Você poderia dizer que (a Rússia) aplica exatamente os mesmos métodos com as repúblicas em seu entorno”, afirmou ele.
Por sua vez, o diretor Maksym Nakonechnyi, de 31 anos, vai apresentar, na mostra “A certain regard”, o longa “Bachennya Metelyka”, ambientado na guerra de Donbass, ocorrida nos territórios pró-russos do Leste da Ucrânia, considerada o prelúdio da atual invasão.
O filme narra a vida de um jovem professor que participou do conflito, foi sequestrado e volta ao país graças à troca de prisioneiros.
O Festival de Cannes havia anunciado que não receberia delegações russas ou “a menor presença relacionada ao governo” do país durante a invasão da Ucrânia. Isso não se aplica a artistas que se opõem a Vladimir Putin.
É o caso do cineasta Kirill Serebrennikov, de 52 anos, conhecido por suas posições a favor da comunidade LGBT+. O diretor russo vai concorrer à Palma de Ouro com “Tchaikovsky's wife”, longa sobre o compositor Tchaikovsky e sua mulher.
Convidado anteriormente a participar do festival com os longas “Verão” (2018) e “Petrovy v grippe” (2021), Serebrennikov nunca conseguiu ir a Cannes, impedido de deixar a Rússia após ser condenado por desvio de verba, o que ele nega.
AMSTERDÃ
De acordo com a agência France-Presse, recentemente Serebrennikov conseguiu sair legalmente de seu país. Atualmente, trabalha na Ópera de Amsterdã.
O festival será realizado de 17 a 28 de maio. Além de Serebrennikov, a lista dos 18 indicados à Palma de Ouro traz filmes do canadense David Cronenberg, do americano James Gray, dos irmãos belgas Dardenne e do japonês Hirokazu Kore-eda, entre outros, com predominância do cinema europeu.