A história não é bonita, é longa e não tem a menor possibilidade de final feliz. No entanto, está garantida a audiência mundial diante da fama dos envolvidos. O novo round do imbróglio Johnny Depp e Amber Heard, a separação mais ruidosa e suja de Hollywood na última década, deve seguir até maio na pequena cidade de Fairfax, no estado da Virgínia.
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Johnny Depp perde ação e juiz o considera 'espancador de esposa'Advogado de Johnny Depp pede que Justiça 'limpe' seu nomeEm meio à briga judicial, Johnny Depp canta em show de rockJúri se reúne para decidir se acredita em Johnny Depp ou Amber Heard Aplaudido pela crítica e indicado ao Oscar, 'Flee' estreia hoje no BrasilDisco 'voz e violão' marca a despedida de Alceu Valença e Paulo RafaelEle pede US$ 50 milhões, alegando danos. No artigo, em que não citou o nome do ator, Amber se descreve como “uma figura pública que representa abuso doméstico”.
VIRGÍNIA
Depp entrou com a ação no estado da Virgínia, onde o “Post” é impresso. Naquele estado, as leis contra a difamação são consideradas mais favoráveis a queixosos que na Califórnia, onde os dois moram.
Depp acusa Amber de buscar “publicidade positiva para si mesma” antes do lançamento do filme “Aquaman” (2018), no qual ela teve papel de destaque – a continuação está prevista para o próximo ano. A atriz contra-atacou, exigindo US$ 100 milhões em indenização. Diz que sofreu “violência física desenfreada e abuso” nas mãos de Depp.
O julgamento, presidido pela juíza Penney Azcarate, deverá ter outras estrelas além do ex-casal, pois estão previstos os testemunhos, por videoconferência, dos atores Paul Bettany e James Franco, além do magnata Elon Musk.
Até o momento, foram ouvidas cinco testemunhas, entre elas a irmã de Depp, Christi Dembrowski, e a ex-assistente de Amber, Kate James, que afirmaram não ter presenciado violência entre eles.
Outro convocado foi o pintor Isaac Baruch, amigo e vizinho de Depp. Ele afirmou que Amber havia lhe dito que o marido lhe jogara um telefone no rosto. No entanto, continuou Baruch, no dia seguinte à suposta agressão, ele a encontrou no corredor do edifício em que moravam e não notou evidência de abuso no rosto da atriz.
Baruch já havia testemunhado em 2020 no julgamento por difamação que o ator moveu no Reino Unido contra o jornal “The Sun” por apresentá-lo como “espancador de mulheres”. Depp perdeu, e, no mês passado, seu pedido de apelação foi negado pela Justiça britânica.
"MÚTUO ABUSO"
Laurel Avis Anderson, terapeuta do casal em 2015, testemunhou que a relação era de “mútuo abuso”. Disse que a atriz relatou que o marido era violento com ela. E acrescentou que tanto o marido quanto a mulher poderiam iniciar as brigas.
O julgamento teve início na mesma semana em que o filme “Animais fantásticos: Os segredos de Dumbledore” chegou aos cinemas. No terceiro longa da franquia adaptada dos livros de J.K. Rowling, o ator Mads Mikkelsen interpreta o vilão Grindewald, papel que Depp viveu nos dois primeiros filmes da série.
Em novembro de 2020, o próprio Depp anunciou, via redes sociais, que o estúdio Warner Bros. havia lhe pedido que se desligasse do projeto. Na época, o astro já havia sido gongado pela Disney. O quinto “Piratas do Caribe”, de 2017, foi o último longa em que ele interpretou Jack Sparrow. A franquia vai continuar, pois a Disney anunciou nova versão da série. Sem Depp.
O mais recente filme do ator é “Minamata” (2020), de Andrew Levitas, em que interpretou um fotógrafo americano que ajudou a documentar o efeito devastador do envenenamento por mercúrio em comunidades costeiras do Japão na década de 1970. Escândalos envolvendo o astro fizeram com que o longa tivesse lançamento restrito nos EUA, depois de ficar meses engavetado.
NA FRANÇA
Assim como Woody Allen, recebido de braços abertos na Espanha para rodar “O festival do amor” (2020), Depp, hoje um nome tóxico em Hollywood, irá para a Europa para voltar ao cinema. E será na França, onde viveu durante muitos anos, na época em que se relacionava com a cantora Vanessa Paradis.Aos 58 anos, ele vai interpretar o rei Luís XV (1710-1774), também conhecido como Luís, o Bem Amado, no longa da atriz e diretora Maïwenn, realizadora de respeito no cenário independente (dirigiu “Polissia” e “Meu rei”, ambos com prêmios importantes em Cannes). Nos próximos meses, o longa será rodado no Palácio de Versalhes e nos arredores de Paris.
Depp é também a estrela da animação “Puffins impossible”, que será lançada ainda este ano pela AppleTV+. São outros caminhos, bem diferentes do outrora ator mais cool de Hollywood. Vale lembrar que entre 1986 e 2006, seu período mais produtivo, ele participou de 32 filmes, incluindo a famosa parceria com Tim Burton, que lhe rendeu nove longas.
Veja o trailer do novo filme de Johnny Depp:
Filme sem final feliz
» 2009 – Johnny Depp e Amber Heard se conhecem durante as filmagens de “Diário de um jornalista bêbado”, no qual fizeram par romântico. O relacionamento começou após a conclusão do filme. Na época, ele ainda estava com a cantora francesa Vanessa Paradis, mãe de seus dois filhos.
» 2012 – Em janeiro, o ator vai à cerimônia do Globo de Ouro sozinho. Em Paris, Vanessa nega que o relacionamento tenha acabado. Já em março começam os rumores de que Depp estaria com Amber. Em junho, é anunciado que Depp e Vanessa se “separaram amigavelmente”.
» 2014 – Depp e Amber fazem sua primeira aparição pública no Annual Heaven Gala, em Los Angeles,
e pouco depois anunciam o noivado.
» 2015 – Depp e Amber se casam em 5 de fevereiro, na ilha do ator nas Bahamas. Um mês mais tarde, quando estava na Austrália filmando “Piratas do Caribe: A vingança de Salazar”, o ator machuca as mãos. Na época, disse que havia se ferido sozinho. Em 2020, em tribunal britânico, afirmou que a lesão resultou da garrafa de vodca que a atriz havia jogado nele durante uma briga.
» 2016 – Em maio, Amber entra com o processo de divórcio alegando “diferenças irreconciliáveis”. Também apresenta ordem de restrição contra o marido. Poucos dias antes de audiência judicial, a ordem de restrição contra Depp é desconsiderada a pedido da atriz. Em agosto, acordo é firmado entre o casal. Depp paga US$ 7 milhões para a ex, que doa o montante para a entidade American Civil Liberties Union e o Children’s Hospital Los Angeles.
» 2017 – O divórcio é oficializado e a atriz tem um curto relacionamento com o bilionário Elon Musk.
» 2018 – Em dezembro, o jornal “The Washington Post” publica o artigo “Falei contra a violência sexual – e enfrentei a ira da nossa cultura. Isso tem que mudar”, assinado por Amber, que não cita Depp no texto.
» 2019 – Em março, Depp entra com processo de difamação no Tribunal do Circuito de Fairfax, na Virgínia. Seus advogados afirmam que o artigo “dependia da premissa central de que Heard foi vítima de abuso doméstico e que Depp perpetrou violência doméstica contra ela”, descrita por eles como “categoricamente falsa”. A queixa também culpa a atriz pela Disney ter retirado Depp da franquia “Piratas do Caribe”. Em abril, Amber apresenta moção para rejeitar a queixa, detalhando o suposto abuso. Afirma que Depp começou a bater nela cerca de um ano após o início do relacionamento
deles. Em maio, Depp acusa Amber de fingir seus ferimentos.
» 2020 – Em julho, o ex-casal se reencontra no tribunal em Londres. Na época, Depp havia entrado com processo por difamação contra o tabloide inglês “The Sun” e o grupo editorial News Group Newspapers (NGN). Após o julgamento de 16 dias, o juiz considera o conteúdo do artigo “substancialmente verdadeiro”. O pedido de Depp para recorrer da decisão foi contestado.
» 2021 – O Tribunal de Apelação do Reino Unido recusa permissão para Depp apelar contra a decisão do Supremo Tribunal.
» 2022 – Em abril, o caso de difamação de Depp contra Amber, iniciado em 2019 e interrompido em decorrência da pandemia, é retomado nos EUA.