Uma série produzida na Síria é exibida por uma rede de televisão saudita pela primeira vez em 10 anos, rompendo o boicote imposto pelos países do Golfo a produções sírias em decorrência da guerra.
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Novo longa de Nanni Moretti está em cartaz em uma única sala em BHCom ousadia e inteligência, 'Outer range' rompe as fronteiras do faroesteSérie revela o poder de Michelle Obama, Betty Ford e Eleanor RooseveltCom seu visual cor-de-rosa, astro andrógino rompe tabus na Arábia SauditaConsumo e meio ambiente são temas da peça 'Atemporal', do Circo do SufocoPorém, em 2012, as séries desapareceram das telas das monarquias do Golfo após o rompimento das relações diplomáticas entre o governo de Bashar al-Assad, acusado de crimes contra a humanidade, e Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein e Catar, entre outros países, que apoiaram a oposição e os rebeldes.
A guerra na Síria, desencadeada pela repressão às manifestações pró-democracia, deixou meio milhão de mortos e milhões de deslocados. Desde então, 90% da população mergulhou na pobreza.
No final de 2018, após sucessivas vitórias do regime sírio com o auxílio da Rússia, multiplicaram-se as iniciativas de reaproximação entre Damasco e as monarquias do Golfo. Em março, Assad visitou os Emirados, aliados de Riad.
Este ano, a rede saudita MBC exibiu a série síria “Pena suspensa” (em tradução livre), durante o início do Ramadã. Também transmite a atração em sua plataforma de streaming Shahid.
Com roteiro escrito por Ali Wajih e Yamen al-Hajali, o seriado aborda o difícil retorno dos deslocados às cidades de origem. Foi gravada em Wadi Barada, subúrbio de Damasco, onde rebeldes e forças pró-governo entraram em confronto.
Numa das cenas, autoridades interrogam um simpatizante da oposição, que acaba por revelar a identidade de um companheiro, preso posteriormente.
“Esse é o primeiro drama social sírio transmitido por uma rede saudita desde 2011”, afirma Seif el-Sbei, diretor do seriado, observando que o boicote às produções da Síria “provavelmente se devia a razões políticas”.
A rede MBC deixou apenas duas novelas sírias no ar, mas produzidas pelo próprio canal, como a famosa “Bab al-Hara”.
“Sofremos com o boicote há anos. A arte deve ser vista como arte, longe da política”, comenta o corroteirista Hajali.
A Arábia Saudita ainda não restabeleceu as relações com o regime de Bashar al-Assad, mas alguns observadores consideram que o fim do boicote às séries de TV sírias significa a reaproximação entre os dois países.
“As novelas superaram a política”, afirma o pesquisador e jornalista sírio Badih Sanij. “As ligações entre a Arábia Saudita e a Síria estão sendo restabelecidas por meio de produções de televisão, e as restrições impostas às artes devido à política estão começando a diminuir”, acrescenta.
Produtor de “Sentença suspensa”, Ahmed al-Sheikh, concorda, afirmando que se trata do “início de um longo caminho” para o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. “Estamos no início do caminho e espero que esse impulso continue”, conclui.