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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Brasil está na Bienal de Veneza 'Com o coração saindo pela boca'

Instalação gigante de Jonathas de Andrade no pavilhão brasileiro é um dos exemplos de obras que usam a anatomia humana para refletir angústias dos dias atuais


24/04/2022 04:00 - atualizado 24/04/2022 07:08

Visitantes usando máscara observam a instalação 'Com o coração saindo pela boca' na Bienal de Veneza, cujos elementos se espalham pelas paredes e pelo chão
Instalação do brasileiro Jonathas de Andrade na Bienal de Veneza, aberta ontem, está no pavilhão nacional, na qual se ingressa atravessando uma orelha gigante (foto: VINCENZO PINTO/AFP)

Entra-se por uma orelha e se sai por outra em um pavilhão, um elefante gigante suspenso em uma cúpula com afrescos, imponentes mulheres negras, loiras, perfeitas ou despedaçadas impactam na 59ª  Bienal de Arte de Veneza. 

A edição mais feminista e feminina da prestigiosa Mostra Internacional de arte, que abriu suas portas ao público no sábado (23/4), brilha por sua criatividade, por suas esculturas, pinturas e instalações, tanto do passado como do presente. 

A maioria das obras (80%) foi realizada por mulheres feministas e sem fama, como indígenas, nativas, negras e ciganas. 

Como uma viagem etnográfica entre artistas vindos de inúmeros lugares e culturas do mundo, a exposição, sob o lema "O leite dos sonhos", reúne 213 artistas convidados e 59 países participam com seus próprios pavilhões. 

'O coração que sai da boca, tal como se vê aqui, que está pendurado no teto e cresce, cresce, cresce, até tomar todo o espaço e obrigar o visitante a se afastar, a pedir licença para passar: é uma metáfora do mundo de hoje'

Jonathas de Andrade, artista brasileiro, sobre a instalação 'Com o coração saindo pela boca'



BRASIL


"O coração que sai da boca, tal como se vê aqui, que está pendurado no teto e cresce, cresce, cresce, até tomar todo o espaço e obrigar o visitante a se afastar, a pedir licença para passar: é uma metáfora do mundo de hoje", afirma o brasileiro Jonathas de Andrade, de 40 anos, ao descrever sua instalação “Com o coração saindo pela boca”, um trabalho gigantesco apresentado no pavilhão do Brasil, ao qual se ingressa atravessando uma orelha de enormes proporções.

Surpreende por sua beleza e elegância a obra de Simone Leigh, a primeira mulher negra a quem os Estados Unidos encarrega o pavilhão nacional, que apresenta um projeto escultórico monumental em honra às trabalhadoras negras de seu país, entre as quais se destacam algumas realizadas em bronze, como a espetacular "Last garment", com mais de 3 metros de altura. 

O surrealismo, o hiper-realismo do argentino Gabriel Chaile, com suas descomunais figuras de barro, a arte dos habitantes do círculo polar ártico, os sami, que contam, pela primeira vez, com um pavilhão próprio, montado no tradicional espaço dos países nórdicos (Finlândia, Noruega e Suécia), trazem mensagens políticas. 

A guerra na Ucrânia, após a invasão em fevereiro das tropas russas, também marca essa edição, já que o pavilhão da Rússia permanece fechado e sob vigilância constante e o da Ucrânia apresenta uma obra de Pavlo Makov, que foi trazida para a exposição em meio aos bombardeios. A Bienal de Veneza fica aberta ao público até 27 de novembro.


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