''Acho terrível o que está acontecendo. A cultura, a arte, estão sofrendo muito, mesmo não tendo conexão alguma com política. Tenho pena de músicos que estão sofrendo, que não podem voltar a tocar como faziam antes''
Dmitri Shishkin, pianista, sobre a Guerra na Ucrânia
Se a intenção é se profissionalizar, quanto antes começar, melhor. O pianista russo Dmitri Shishkin tem 30 anos de idade e 24 de profissão. Atração do Festival de Maio, com concerto nesta terça (26/4), no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, ele vai interpretar peças de Bach, Rameau, Chopin e Scriabin.
“Chaconne em ré menor”, de Bach, é certamente um dos destaques da noite. Escrita entre 1717 e 1723, é o quinto e último movimento da “Partita para violino solo BWV 1004”.
Considerada uma das peças mais poderosas para violino da história, “Chaconne” se tornou célebre para pianistas depois que o virtuoso italiano Ferrucio Busoni (1866-1924), considerado um dos maiores intérpretes de Bach de sua época, a transcreveu para piano solo.
OPORTUNIDADE
Shishkin está pela terceira vez no Brasil – e a primeira em Belo Horizonte. Apresentou-se na semana passada no Theatro da Paz, em Belém, ao lado da Orquestra Jovem Vale Música.“Cada vez é diferente. Com orquestras, você, como músico, tem a oportunidade de tocar com outros instrumentistas. Quando faço apresentações solo, posso escolher com os organizadores o que quero tocar”, diz ele, que revela a predileção pelo período romântico. “Tem mais paixão e pode mostrar diferentes tons da música.”
Nascido em Chelyabinsk, na Sibéria, ele começou a tocar piano aos 3 anos. Filho de professora de piano especializada em educação musical para crianças, aos 6 começou a frequentar concursos. Shishkin participou (e venceu) vários deles, considerados importante porta de entrada para jovens no cenário erudito.
O russo foi premiado nos concursos Busoni, na Itália, Chopin, na Polônia, Rainha Elisabeth, na Bélgica, e Top of the world, na Noruega. Levou a medalha de prata no Concurso Tchaikovsky de Moscou, em 2019.
“Parei com as competições, pois são muito cansativas. Mas elas me deram a oportunidade de tocar em todo o mundo”, comenta. Os concursos e a vida na estrada o levaram a se mudar, há três anos, da Rússia para a Suíça.
Shishkin lamenta a guerra na Ucrânia. “Acho terrível o que está acontecendo. A cultura, a arte, estão sofrendo muito, mesmo não tendo conexão alguma com política. Tenho pena de músicos que estão sofrendo, que não podem voltar a tocar como faziam antes”, afirma.
O artista russo é defensor das redes sociais. Com 108 mil seguidores no Instagram (na conta que ele próprio administra), Shishkin acredita que as mídias digitais podem ajudar o acesso à música clássica.
“Assim como eu, vários músicos usam as mídias sociais, que são benéficas para quem está começando a carreira. Por meio do YouTube, por exemplo, você pode mostrar seus pontos fortes. Os seguidores são uma conquista, mas a única coisa que faço na minha conta é compartilhar a minha música”, diz.
O streaming, afirma ele, foi essencial durante a pandemia. “Fiz alguns concertos bem-sucedidos no YouTube e Facebook. Pude tanto manter contato com meu público quanto espalhar a minha música.”
8º FESTIVAL DE MAIO
Com o pianista Dmitri Shishkin. Nesta terça-feira (26/4), às 20h30, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1000. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). À venda na bilheteria e no site eventim.com.br
ANTONIO MENESES
A pandemia levou a oitava edição do Festival de Maio a mudar de data. Neste ano, excepcionalmente, o evento é realizado de fevereiro a agosto. Já houve duas apresentações e mais seis estão agendadas. O programa terá concertos presenciais e outros exclusivamente on-line, transmitidos pelo canal Três Marias Produções Artísticas, no YouTube. O destaque é o violoncelista Antonio Meneses, que fez a apresentação de abertura, em fevereiro, e participará de mais quatro. Duas solo (em junho e julho, on-line) e duas presenciais (em 23 e 25 de agosto), no Centro Cultural Unimed-BH Minas.