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Estado de Minas CINEMA

'Cidade perdida' aposta em aventura com a química entre superestrelas

Filme de Aaron e Adam Nee reúne Sandra Bullock, Channing Tatum, Daniel Radcliffe e boas piadas sobre escritora sequestrada por milionário excêntrico


26/04/2022 04:00 - atualizado 25/04/2022 23:26

Sandra Bullock, com roupa de lantejoulas roxas, e Channing Tatum contracenam no meio do mato durante o filme Cidade perdida
Sandra Bullock, com suas lantejoulas roxas, e Channing Tatum combinam como a inteligente e o brutamontes apaixonado (foto: Paramount Pictures/divulgação)

“Cidade perdida” é o tipo de filme charmoso, repleto de estrelas, com muita ação e aventura que faz o cinema parecer (para quem está de fora) atividade fácil de realizar. É difícil imaginar um mundo no qual você une Sandra Bullock e Channing Tatum, como a escritora e seu homem-objeto, e o resultado não seja agradável.

Coloque na mistura um pouco de Brad Pitt mandando ver sem derrubar uma gota de suor, além de pitadas de Daniel Radcliffe como herdeiro excêntrico. O resultado só pode ser sucesso garantido, certo?

ESPECIAL 

Se o carisma de grandes estrelas fosse suficiente para tornar um longa interessante, haveria número bem maior de bons filmes no mundo. Por isso, “Cidade perdida”, em cartaz nas salas de BH, é tão especial. Claro, o filme depende de Bullock, Tatum e de todo o elenco do início ao fim. Porém, muito mais do que isso seria necessário para fazê-lo funcionar, o que de fato acontece. É o filme que “Jungle Cruise” queria desesperadamente ser – e não foi.

No caso de “Cidade perdida”, dirigido pelos irmãos Aaron e Adam Nee, parece que tudo começou com o roteiro enxuto, inteligente e autoconsciente, de tal forma que brinca com os absurdos de filmes de “peixes fora d'água” e homenageia aquilo que amamos neles. E sem ser jamais sarcástico ou condescendente.



Como Loretta e Alan, Bullock e Tatum representam opostos, o cérebro e a beleza. Ela é a escritora que encontrou sucesso escrevendo romances picantes, embora preferisse ser acadêmica. 

Ele tem coração de ouro e vocabulário de impropriedades. Ela o considera pouco mais do que um tanquinho ambulante, mas ele é fascinado por ela. E está mais do que ansioso para encenar uma tentativa de resgate quando é sequestrada.

Geralmente, ter quatro escritores (os irmãos Nees, Oren Uziel e Dana Fox) e uma história original (idealizada por Seth Gordon) em um projeto é arriscado, sugerindo vários processos de reescrita e a tentativa de agradar a todos.

Cinéfilos tendem a celebrar a visão individual de um criador e tratar colaborações como suspeitas. No entanto, “Cidade perdida” parece ter sido o produto de trabalho em equipe, na tela e fora dela – talvez, o retorno aos dias em que sugestões do estúdio eram uma coisa boa, capazes de melhorar um projeto.

Veja Loretta, que é contra a roupa que a agente Beth escolheu para ela usar em um evento promocional de seu novo livro, o macacão de lantejoulas roxas, decotado e apertado. Beth a aconselha a aceitar e parar de reclamar, pois só precisa usá-lo por duas horas.

Na verdade, não é o caso, pois ela será sequestrada pelo psicopata gentil Abigail Fairfax, vivido por Hadcliffe, e levada para uma ilha perdida, onde espera que a escritora o ajude a encontrar um artefato antigo. A roupa, muito apertada para o lançamento de um livro, não será mais prática na natureza. É para lá de inconveniente.

Em outras palavras, nada em “Cidade perdida” é piada descartável, mesmo o macacão de lantejoulas roxas. E Bullock e Tatum são puro ouro juntos.
O ator Daniel Radcliffe, de terno branco, segura xícara de café e tem a outra mão sobre um livro, observado por um homem ao fundo, na cena do filme Cidade perdida
O ator Daniel Radcliffe, o ricaço Abigail (à esquerda)l, constrói sua 'carreira adulta' após conquistar o mundo como Harry Potter (foto: Paramount Pictures/divulgação)

CLÍMAX 

O único problema é que a primeira hora do filme é tão forte, animada e engraçada que quando chega ao clímax ele começa a perder força. Não se trata de crítica à segunda parte, apenas o que acontece quando há tanto material interessante na primeira fase.

Ainda assim, “Cidade perdida”, como “A espiã que sabia de menos”, lançado em 2015, ficará ainda melhor a cada vez que assistirmos a ele. Pode não ser ótimo cinema no sentido tradicional, mas é muito divertido – antídoto a muito do que temos por aí.

“CIDADE PERDIDA”

EUA, 112min. Direção: Aaron e Adam Nee. Com Sandra Bullock, Channing Tatum e Daniel Radcliffe. Sessões hoje (26/4) no BH (16h40, 19h15, 21h50), Boulevard (14h10, 19h e 21h20), Cidade (13h50, 16h10, 18h30, 20h40), Diamond (19h05, 21h40), Pátio Savassi (13h50, 16h25, 19h e 22h) e Ponteio (13h30, 18h50 e 21h10).


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