Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e Capital Inicial tocam hoje em BH



Cada uma delas já tem 40 anos de (bons) serviços prestados ao rock nacional. Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Barão Vermelho se reúnem nesta sexta (29/4), em Belo Horizonte, a partir das 20h, no Festival Rockstar. O evento vai ocorrer no Expominas, três meses depois da data originalmente prevista – foi adiado no final de janeiro, em decorrência do surto da variante Ômicron. 





Ainda que a base seja a mesma, as escolas são diferentes. Barão é cria do rock clássico e do blues, Paralamas tem muitas referências do reggae, da música brasileira e latina, e o Capital nasceu sob a influência do punk rock e foi se transformando, ora com nuances pop, ora com vocação para o rock arena. 

Desde 2017, com a saída de Frejat, o Barão atende pelo quarteto Maurício Barros (teclados), Guto Goffi (bateria), Fernando Magalhães (guitarra), Rodrigo Suricato (voz e guitarra) – o baixista Márcio Alencar os acompanha desde então. Foi em 1981 que, na casa de Barros, ele e seu amigo de colégio Guto Goffi começaram o grupo. Guto chamou o (baixista) Dé, depois Frejat e, por último, Cazuza.

A banda comemora as datas cheias do lançamento de seu primeiro álbum, homônimo ao grupo, que só saiu em 1982. Houve celebrações dos 10, 20 e 30 anos. Com a vida voltando ao normal, os 40 já começaram a ser comemorados. 




FÔLEGO

O show desta sexta é pautado justamente em sua longa trajetória. E a entrada de Suricato, diz Barros, deu novo fôlego. “O Rodrigo, que é mais jovem, veio cheio de ideias. Ele sempre foi fã da banda, sabe tocar todas as músicas. O Barão está feliz em cima do palco, não fazemos uma coisa burocrática”, diz o tecladista.


Com o novo vocalista foram lançados dois álbuns: “Barão pra sempre” (2018) e “Viva” (2019). “Outro dia, estava pensando: ele está há mais tempo no Barão do que o Cazuza, que ficou entre 1981 e 1985. É claro que tem a relevância do Cazuza, pois aqueles primeiros anos a gente se lembra como se fosse uma década, em que tudo era novidade e estávamos desbravando territórios”, comenta Barros.
 
Paralamas do Sucesso: desde sempre com Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Barone (foto: Maurício Valladares/Divulgação)
 

Já os Paralamas são a banda mais estável dos anos 80. “Tenho comentado sobre isso: somos uma banda à moda antiga, a gente só funciona bem juntos”, diz o baterista João Barone. Ele faz essa afirmação tanto em referência ao trio, que nunca se separou em quatro décadas, quanto também às dificuldades sofridas pelo distanciamento durante o período mais duro da crise sanitária.





Os shows só voltaram, aos poucos, no final do ano passado. “(Até então) Foi cada um na sua toca e ainda temos que retomar nossa rotina criativa, na qual o Herbert traz as letras e as ideias musicais e a gente trabalha. O que conseguimos foi ensaiar alguma coisa para preparar os shows da nova turnê”, afirma o baterista.

As apresentações estão sendo chamadas de “Paralamas – Clássicos”. “Temos a sorte de ter um repertório grande, com muitas músicas conhecidas. Então, de tempos em tempos damos uma reformatada, criando outras atmosferas”, conta. 

OLD SCHOOL

“Claro que tem músicas como ‘Alagados’ e ‘Meu erro’, que não podem faltar, mas sempre arranjamos um jeito saudável de intercalá-las com outras não tão conhecidas. Isso dá uma oxigenada na rotina, pois a gente adora o que faz, vive do que faz. Nunca fizemos isso para ficar famosos, ricos ou ganhar likes. Os Paralamas são old school, o compromisso é com a música”, diz o baterista.





Barone, Herbert Vianna e Bi Ribeiro se conheceram em 1981. Começaram a tocar juntos no ano seguinte, mas foi em 1983 que saiu o que consideram o marco oficial, quando a demo de “Vital e sua moto” virou hit, depois de ter sido enviada para a Rádio Fluminense, o que gerou um contrato com a EMI Odeon e o lançamento de “Cinema mudo” (1983), o álbum de estreia.
 
Capital Inicial: rock de Brasília e sucesso no século 21 (foto: Divulgação)
 

O ano de 1982 também marca o início do Capital Inicial. Com o fim do Aborto Elétrico, os irmãos Flávio (baixo) e Fê Lemos (bateria) resolveram criar uma nova banda em Brasília. Convocaram o guitarrista Lôro Jones, que se arriscava nos vocais. Logo depois foi convidada uma amiga da faculdade, Heloísa, que assumiu a voz – não deu certo e, no ano seguinte, Flávio chamou Dinho Ouro Preto para uma audição. Com a saída de Lôro em 2001, há duas décadas Yves Passarell é o guitarrista do grupo.

O primeiro álbum do Capital só saiu em 1986. Antes disso, a banda fez shows fora de Brasília (um inclusive no antigo DCE da UFMG, quando dividiu a noite com o Sexo Explícito, antiga banda de John, do Pato Fu) e decidiu que era hora de se mudar para São Paulo. Foi lá, inclusive, que lançou seu primeiro compacto, com as faixas “Descendo o Rio Nilo” e “Leve desespero”.





O grupo tem uma trajetória diferente da de seus pares da época. Fez mais sucesso neste século do que no passado. Depois de idas e vindas e trocas de integrantes (inclusive a saída de Dinho para a tentativa de uma carreira solo que, na época, foi infrutífera), a banda, com sua formação original, gravou em 2000 o “Acústico MTV”.

Nunca mais foi a mesma desde então, alcançando novas gerações de fãs e criando um repertório independente da produção oitentista (mesmo que ela seja super-relevante e integre os shows até hoje). A pandemia mudou tudo, claro.

“Foi muito estranho não ter mais a vida a que estávamos acostumados. Desde o lançamento do ‘Acústico’ tocamos praticamente todo fim de semana. Ao parar, de repente, cada um teve que arrumar uma coisa pra fazer”, diz Fê. 





Ele foi estudar piano, jogar tênis e se dedicar ao seu projeto solo, Hotel Básico, que já rendeu dois álbuns. O terceiro seria lançado no ano passado, mas a crise sanitária atrapalhou os planos. Mas Fê não tem pressa – “Passamos dois anos de cinza, então você tem que se adaptar”.

OLHAR 'QUARENTÃO'

Com o Capital não foi diferente. O grupo entrou em 2020 planejando uma turnê comemorativa de duas décadas do “Acústico”. Não rolou naquele ano e nem no seguinte. “Quando chegou 2022, olhamos um para a cara do outro e pensamos: ‘Estamos completando 40 anos, então não vamos mais olhar para 20 anos, e sim para uma carreira inteira.”

Por ora, são os shows de retorno que a banda está fazendo. O repertório é definido só na hora – e exclusivamente por Dinho, conta Fê. “A gente tem, no bolso, umas 30 músicas. Mas nos shows tocamos por volta de 20. E o que entra depende dos humores de Dinho Ouro Preto”, afirma. E é na hora mesmo – a decisão final só sai na passagem de som ou quando o grupo está no camarim se preparando para subir ao palco.    

Mas Fê é tranquilo quanto a isto. Tocando há 40 anos com os mesmos caras, o entendimento é fácil. “Com o meu irmão é muito bom, a gente quase respira juntos. Consigo até prever o que ele vai fazer no baixo. Ele sempre foi coerente, eu que era um baterista meio maluco e depois fiquei mais focado. E o Dinho nos dá segurança, sabe exatamente o que quer, porque é ele quem está conduzindo a história”, diz Fê.

FESTIVAL ROCKSTAR

Nesta sexta (29/4), a partir das 19h30, no Expominas, Avenida Amazonas, 6.200, Gameleira. Ingressos: R$ 110 (Espaço Premium) a R$ 1 mil (Bistrô, para quatro pessoas). Informações e vendas: www.star415eventos.com.br