O compositor, produtor e multi-instrumentista Rogério Delayon lança o single duplo “Na mosca” e “Trupica” (Quae Music), antecipando duas faixas do álbum “Meu tempero”, que chega em junho. É o primeiro trabalho solo e autoral do elogiado produtor, que agora se assume como cantor.
A história de “Trupica” é até curiosa, conta Delayon. “Trata-se do samba de uma compositora de Betim, chamada Joyce Sotto. Produzi o disco em 2007, mas ela acabou não lançando o álbum, que já estava masterizado e pronto. Precisando de músicas para colocar no meu CD, me lembrei dele. Aproveitei os arranjos que fiz e troquei a voz, retirando a dela e colocando a minha. Então, os arranjos são meus, sou eu tocando violão, mas a base foi gravada em 2007.”
Delayon acrescentou a essa faixa o piano de Jether Garotti Júnior, maestro da Zizi Possi, a bateria de Kuki Stolarsky, que toca com Zeca Baleiro, Funk Como Le Gusta e Karnak, e o baixo de Fernando Nunes, que se apresenta com Zeca Baleiro e acompanhou Cássia Eller.
SUINGUE
“Estou me arriscando agora como cantor também. Resolvi botar a cara a tapa e cantar uma música legal, suingada, um samba e uma letra muito bacanas”, diz ele, a respeito de "Trupica".
Já o single “Na mosca” traz partes de riffs instrumentais que ele guardou. “De repente, consegui fazer uma música inteira com esses riffs. Quando era pequeno, meu pai usava muito a expressão 'na mosca'. Quando jogava pipoca para cima e pegava com a boca, dizia: 'Na mosca!”. Isso ficou comigo desde a infância, aquela coisa certeira. Resolvi dar esse nome à canção”, conta ele. “O groove é muito bacana, um tema legal.”
Delayon elogia a banda que o acompanha, reunião de amigos conquistados ao longo de sua carreira. “Temos o Ricardo Gomes, um grande baixista e produtor musical de BH, já produziu o Chico Lobo e um monte de gente. O Jelber Oliveira é um tecladista baiano que morou em BH por uns 10 anos e tocou comigo no Omeriah. Gravou o teclado lá da Bahia e me mandou”, revela.
O baterista do single “Na mosca” é Helton Lima. “Heltinho é um cara de uma geração mais nova, talentoso baterista e produtor musical, além de grande cantor. Faz um trabalho lindo com a mulher dele, a Fabi Metzker”, diz Rogério.
Ouça Rogério Delayon soltando a voz em 'Trupica':
Por enquanto, as novas canções não ganharam clipe, mas eles chegarão em breve. “Aliás, vou fazer um clipe agora, mas da primeira música que lancei em 2021, ‘Corra que a polícia vem aí’, instrumental que gravei com ‘Juazeiro’ que o Zeca Baleiro canta comigo”, conta, referindo-se a composições dele e de André Águia, respectivamente.
As duas chegaram a público em agosto do ano passado, “houve um hiato que até ficou meio grande”, segundo ele, mas Delayon está animado. Quer emplacar “Na mosca” e “Trupica” agora, e, em junho, solta o disco cheio, que deve ter 11 ou 12 faixas.
Joyce Sotto, além de “emprestar” a “Trupica” que chegou a gravar para Delayon, comparece no álbum solo do amigo com “Regra 9”, um samba pop.
'Estou me arriscando agora como cantor também. Resolvi botar a cara a tapa e cantar uma música legal, suingada'
Rogério Delayon
MICHAEL JACKSON
“Toco também ‘Baby be mine’ que Michael Jackson eternizou no disco “Thriller”. Ela é meio lado B, não tocou muito, mas é linda”, antecipa Delayon. “Fiz o arranjo dessa versão instrumental há mais de 20 anos e resolvi gravá-lo agora. Tem pegada meio George Benson”, conta. “Meu tempero” é a faixa de encerramento do disco.
Para viabilizar seu projeto, ele fez parceria com a Quae Music, que vai ajudá-lo na distribuição e divulgação tanto nas plataformas digitais quanto nas diversas mídias. Delayon se increveu em edital buscando recursos para viabilizar também o CD físico e o vinil. “Meu sonho é gravar vinil, porque quando entrei para a vida de estúdio, ele já não existia mais”, comenta.
A era dos singles incomoda um pouco o músico veterano. “Cada mês, o cara lança uma canção e acaba demorando um ano para lançar o disco cheio. Então, estou lançando de duas em duas para fechar o álbum em junho”, diz ele.
O título, “Meu tempero”, vem do fato de Delayon ter 30 anos de carreira. “Ali estará cada pitadinha de som que já fiz, influências de rock, baião, soul, jazz e samba, mas tudo dentro da minha atmosfera, da minha pegada que é voltada para o pop rock.”
Bases e produções foram gravadas ao lado de amigos no estúdio dele. Algumas baterias foram registradas em outros locais. “No final dessa etapa, fiz tudo on-line, com músicos me mandando as gravações pela internet.”
O músico destaca a contribuição de Alessandro Tavares na masterização dos dois singles. “Ele trabalhou no estúdio Gênesis, do Ruy Montenegro, mas hoje só trabalha em casa com mixagem e masterização. É muito competente”, conta.
TOCA DO LEÃO
Nascido em Ipatinga, Rogério é dono do estúdio Toca do Leão, em Nova Lima. Atualmente, faz parte das bandas de apoio de Zeca Baleiro e Flávio Venturini. Produziu álbuns de Baleiro, Titane, Sérgio Pererê e Selmma Carvalho, entre outros cantores.
Atualmente, produz o tributo ao poeta piauiense Torquato Neto (1944-1972) que está sendo gravado pela cantora mineira Patrícia Ahmaral.
“NA MOSCA + TRUPICA”
.Single duplo de Rogério Delayon
.Quae Music
.Disponível nas plataformas digitais