Pela primeira vez na história, os metaleiros e fãs de música pesada belo-horizontinos foram agraciados com o furioso som do Metallica, que se apresentou na noite de quinta-feira (12/5) para um público de mais de 50 mil pessoas.
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Após dois anos de espera, James Hetfield, Kirk Hammett, Robert Trujillo e Lars Ulrich entregaram o prometido e fizeram o show que seu público esperava, aquecido pelas trações de abertura: Greta van Fleet e Ego Kill Talent.
Já no início do dia, quem passasse pela Avenida Abraão Caram por volta das 10h veria uma profusão de roqueiros a caráter (roupas pretas, bandanas na cabeça e braceletes de couro nos pulsos) em torno de todo o estádio para receber os californianos num Mineirão que ficou lotado.
Apesar do número de pessoas e de carros, vans e ônibus na avenida, a chegada ao estádio estava tranquila e a entrada bem organizada. Uma vez dentro do Mineirão, o público teve que enfrentar filas enormes na hora de comprar comida e bebida. Já na saída, após o show, o estacionamento enfrentou uma noite de caos, com um congestionamento que durou quase 1h30min e irritou quem tentava chegar em casa.
Quem abriu a noite foi a banda nacional Ego Kill Talent. Os brasileiros vêm se destacando ultimamente, tocando em festivais como Rock in Rio, Lollapalooza (Brasil e Chile), Brixton Academy, em Londres, e Heineken Music Hall, em Amsterdã, e foram elogiados pelo baterista Lars Ulrich em uma postagem no Instagram.
Em seguida, veio o Greta Van Fleet. Devidamente elogiado e conhecido por seu vocal, capaz de atingir com finesse as mais altas e difíceis notas, o vocalista Josh Kiszka e seus irmãos Jake (guitarra) e Sam (baixo), ao lado do baterista Daniel Wagner, mostraram que são mais do que um simples “Led Zeppelin moderno” (comparação que, sejamos honestos, não é para qualquer um). A banda abriu com “Built by nations” e se despediu do palco com seu primeiro sucesso, “Highway tune”.
A atração principal foi épica do início ao fim. O Metallica subiu ao palco ao som de “The ecstasy of gold”, de Ennio Morricone, a icônica música do clímax de “Três homens em conflito”, de Sergio Leone, uma música perfeita para criar expectativa – e entregá-la.
Daí pra frente foi só emoção: “Hardwired” foi a primeira das 16 músicas tocadas pelos roqueiros, que incluíram clássicos obrigatórios como “One”, “Sad but true”, “The unforgiven” e “Master of puppets” no setlist. O bis foi com “Fight fire with fire”, “Nothing else matters” e, claro, “Enter Sandman”.
Também houve luzes, lasers e lança-chamas (que esquentaram o Mineirão em “Moth into flame”), além de grandiosos cenários e telão, visíveis de qualquer lugar da pista.
O público, há dois anos na seca, não poupou esforços para gritar junto com James Hetflield, que se emocionou ao falar abertamente sobre os problemas com abuso de álcool que enfrentou recentemente. “Se você está passando por um momento difícil, saiba que você não está sozinho.”
O momento foi emotivo. Ele chegou a receber o abraço dos colegas de banda e os aplausos do público, que reconheceu o esforço do artista na superação de seus problemas pessoais.
Uma noite certamente inesquecível para o público de BH, que conseguiu segurar a ansiedade por dois anos de espera e foi recompensado com um espetáculo grandioso e o encontro, pela primeira vez, com uma das maiores bandas do heavy metal do mundo. Agora que James Hetfield e companhia já sabem o caminho para a capital mineira, é torcer para que eles voltem mais vezes.
* Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes