Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Eurovision, festival da canção europeu, chega à final neste sábado


Depois do sucesso da banda italiana Måneskin, vencedora da edição de 2021, o Eurovision, festival europeu de música, retorna para a edição de 2022, sediada justamente no país vencedor do ano anterior. Lar do tradicional Festival de Sanremo, a Itália recebe o Eurovision pela terceira vez, após 30 anos, dessa vez em Turim, no Pala Alpitour.





O sucesso da banda italiana vencedora de 2021 foi tanto que, sem emissora oficial no Brasil, o festival deste anovem sendo transmitido ao vivo pelo YouTube. Com apresentação de Laura Pausini, do cantor anglo-libanes Mika, e do apresentador italiano Alessandro Cattelan, a final, neste sábado (14/5), conta com o lançamento do novo single do Måneskin, que se apresenta também no Rock in Rio, em setembro.

O jornalista esportivo Leonardo Bertozzi viajou par Itália para acompanhar in loco o festival que, além das duas semifinais já televisionadas, contou com apresentações artísticas na Eurovillage ao longo da semana, num espírito que envolve toda a cidade piemontesa. Ele e a família já acompanham há anos o festival e a vitória da Itália no ano passado foi um chamariz para acompanhar presencialmente esse ano.

Bertozzi não acredita, entretanto, que todo ano vá surgir um fenômeno como Måneskin, mas acha que a banda liderada por Damiano David teve papel essencial na quebra do estigma de ser um festival nichado que muitas vezes não incentivava os artistas a participarem.





Cantora portuguesa de indie e folk, Maro, vencedora do Festival da Canção da emissora lusitana RTP, também figura entre os favoritos com o single 'Saudade, saudade' (foto: EBU/CORINNE CUMMING/DIVULGAÇÃO)

PÁTRIA-MÃE

Para a edição deste ano, um dos grandes favoritos é o grupo de rap ucraniano Kalush Orchestra. Para além da solidariedade de guerra, a música “Stefania”, com a qual concorrem, composta em homenagem à mãe do líder da banda, se tornou uma canção de referência nacional à pátria-mãe ucraniana e tem conquistado o público em Turim e no resto do continente, de onde votam por telefone, SMS ou pelo aplicativo oficial do concurso.

"É uma proposta muito interessante... Ela acabou virando uma coisa maior. A mãe entendida como a pátria, as suas origens, o seu pertencimento. Ela acabou extrapolando muito o significado inicial que tinha. Eles se apresentaram durante a semana na Eurovillage, que seria uma espécie de fan fest aqui e foi uma coisa de louco. Muita gente com bandeira da Ucrânia. Teve o tapete vermelho na cerimônia e eles ficaram umas três, quatro horas dando entrevista para todo mundo, falando para todo mundo. Eles têm uma proposta musical muito interessante", comenta Bertozzi.

Assim como no carnaval carioca, alguns competidores chegam favoritos ao concurso, podendo confirmar o favoritismo, ou derreter ao longo da competição, enquanto outros surgem como azarões e acabam se sagrando campeões. Além da Kalush Orchestra, a cantora pop irlandesa Brooke, por exemplo, chegou sem favoritismo, foi crescendo nas casas de apostas durante a semana de ensaios, mas acabou ficando de fora da final, enquanto a cantora portuguesa de indie e folk Maro, vencedora do Festival da Canção da emissora lusitana RTP, foi chegando aos poucos e figura entre as favoritas com o single “Saudade, saudade”, ao lado das representantes de Suécia e Holanda.





Correm por fora também o duo norueguês de electropop Subwoofer, com a animada "Give that wolf a banana", e, claro, os anfitriões italianos com a música "Brividi", do duo Mahmood e Blanco, vencedores do Festival de Sanremo, disputando o bicampeonato seguido para o País da Bota.

BRASILVISION

Para Bertozzi, o hype que a banda Måneskin deu ao Eurovision no Brasil não deve passar da presença do grupo no Rock in Rio e da transmissão do festival pelo YouTube. Ele, que é um grande fã dos festivais de música que aconteciam no Brasil nas décadas de 1960 e 1970, acredita ser muito difícil a adaptação do formato europeu a realidades nacionais como a do Brasil ou dos Estados Unidos. A emissora norte-americana NBC, por exemplo, adquiriu os direitos para a realização de um American Song Contest, mas a repercussão não foi suficiente para chamar a atenção do público.

"Eu acho que o Eurovision é um festival muito peculiar, porque ele reforça muito as identidades nacionais e por mais que ele se proponha ser um festival livre de questões políticas, é impossível que elas não entrem. Elas entram tanto nas manifestações, quanto em padrões de votação”, afirma o jornalista. 'Tem um período muito interessante no final dos anos 1980, começo dos anos 1990, que foi a última vitória da Itália antes do ano passado com uma música chamada "Insieme: 1992", que falava sobre a expectativa de ver uma Europa reunificada naquele contexto de queda do muro de Berlim. Então, o festival acaba sempre espelhando o momento político e social do continente”, acrescenta.

EUROVISION 2022
Final neste sábado (14/5), a partir das 16h (horário de Brasília), diretamente de Pala Alpitour, em Turim, na Itália. Transmissão pelo https://www.youtube.
com/c/EurovisionSongContest

* Estagiário sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro