Jornal Estado de Minas

Turismo Cultural

Casa da Ópera recebe Festival de Popularização do Teatro em Ouro Preto


 
 
O cotidiano, o lugar de afeto e as relações familiares com toques de humor prometem divertir quem for à cidade histórica de Ouro Preto para ver o Festival de Popularização do Teatro em Ouro Preto, que acontece nos dias 27, 28 e 29 de maio na Casa da Ópera de Vila Rica, hoje Teatro Municipal de Ouro Preto.




 
Após dois anos sem ser o palco do riso, o Teatro Municipal de Ouro Preto vai abrir as portas com sete apresentações gratuitas. Os ingressos poderão ser retirados 1h30 antes dos espetáculos no anexo do teatro, é o que garante o comediante e criador do evento, Leandro Borba.
 
O produtor cultural conta que nesta segunda edição, o Festival de Popularização do Teatro teve 381 propostas inscritas vindas de todo o país e a curadoria deu ênfase em escolher produções locais. Para isso, foram analisados deslocamento e montagem de cenário, “já que durante o mesmo dia haverá várias apresentações no mesmo palco” explica.
 
Ao todo foram selecionados seis espetáculos. Quatro são de Belo Horizonte, um de Ipatinga e um de São Paulo. “O Festival agraciou mais um espetáculo, somando assim sete peças no mesmo final de semana”.




 
Estreia
 
Para abrir o trabalhos, o Festival de Popularização do Teatro de Ouro Preto conta com a nova dobradinha teatral dos atores Ilvio Amaral e Maurício Canguçu, famosos por interpretarem a comédia “Acredite, Um Espírito Baixou em Mim”.
 
Criado durante a pandemia, o novo espetáculo “Maio, antes que você me esqueça” está marcado para as 19h e será a primeira vez que os atores apresentam fora da capital mineira com a possibilidade de casa cheia.
 
“Nós estreamos em Fortaleza na época da pandemia da COVID-19 quando era permitido 30% da capacidade do público, e agora teremos a experiência de 100% dos lugares ocupados”, afirma o ator Mauricio Canguçu.




 
O ator conta que o espetáculo é a história de uma relação familiar de um pai que está com Alzheimer e mora com a filha. Em um final de semana de descanso, ela troca com o irmão os cuidados com o pai, porém, a relação deles está estremecida durantes anos de distanciamento. Durante os dias de cuidados, o lugar de afeto e ressentimento levam o público a uma montanha de sentimos.
 
“O espetáculo sai da curva de comédia puramente, as pessoas riem do pai com Alzeimer que se confunde com as informações e com a memória, mas logo são levados à comedia dramática com propostas de reflexão”, conta.
 
Para garantir o humor e a reflexão sem entrar no senso comum da doença, o ator afirma que os jogos das emoções contaram com o olhar técnico do neurologista e diretor do espetáculo, Jair Raso e com a ajuda da mulher, Andrea Raso, que é psicóloga.




 
“Foi ele quem diagnosticou o Alzheimer da minha mãe e domina muito do assunto, e isso foi muito importante na montagem do espetáculo, tornando-o bonito, engraçado e técnico”.
 
Também com emoções familiares, a comédia “Como desencalhar depois dos 30” é um trabalho autoral baseado em experiências reais da atriz Chris Geburah, que conta sua vivência de mulher e mãe solo após um divórcio. Tendo que voltar para a casa da avó e assim, o lar ser dividido por quatro mulheres de gerações diferentes, a nova solteira, de 30 anos, resolve acabar com os dias de solidão entrando em aplicativo de paqueras.
 
“A história da minha vida serviu de inspiração para o enredo. Com as dificuldades de sair, resolvi entrar em um aplicativo de relacionamento, e foi ai que conheci cada história que gerou frutos para a construção da peça".
 
Chris Geburah conta que a partir daí montou um diário e depois adaptou para um texto teatral, e junto com o diretor Breno Gagliard, fizeram a compilação das principais histórias que renderam um espetáculo de 1h10min de muito humor.




 
A atriz conta que será a primeira vez que a peça vai a Ouro Preto e que a retomada aos palcos na fase mais amena da COVID-19 significa voltar a ter uma vida que possibilite dar ao espectador momentos de respiro e risadas.
 
“Será uma oportunidade de esquecer as tristezas, as depressões não só de quem atua, mas de quem assiste. É uma oportunidade de darmos um respiro para mente e sairmos da realidade que o mundo atravessa dando boas risadas. A comédia nos tempos difíceis ajuda a desligar das inflações, das guerras, da intolerância e simplesmente rir, ter um lugar que garante o riso”.
 
Atriz Chris Geburah interpreta uma mulher de 30 anos que busca um novo amor em aplicativos de relacionamento (foto: Divulgação/Festival de Teatro de Ouro Preto )
 
 
Teatro preservado
 
O produtor cultural Leandro Borba acredita que a volta das produções de humor e infantil no teatro Municipal Casa da Ópera trará junto a esperança de novos tempos de união por meio da alegria de uma gargalhada. Além disso, Borba aposta que, com a movimentação do final de semana, as apresentações do festival ajudam a fortalecer o turismo cultural na cidade histórica.




 
O mais antigo teatro em funcionamento das Américas foi construído em 1769 e desde a inauguração, o público já buscava na linguagem teatral elementos do cotidiano da antiga Vila Rica barroca. Os ares de liberdade já eram marcantes quando por exemplo, o administrador da Casa da Ópera, introduziu duas atrizes, revolucionando a moral da época que não admitia mulheres no palco.
 
Sempre em busca de ampliar os espaços e públicos, Borba afirma que a proposta do século 21 é criar uma experiência de redescoberta do teatro para crianças e adultos, juntamente valorizando a Casa da Ópera como memorial nacional e espaço de entretenimento.
 
Para esquentar os tambores, Borba conta que nos três dias de festival o público também vai participar dos cortejos de musicais que vão sair da praça Tiradentes em direção ao teatro.




 
O festival tem patrocínio da J. Mendes por meio da Lei de Incentivo à Cultura, do Governo Federal, via Ministério do Turismo e Secretaria Especial de Cultura. O evento é uma realização da Enquanto isso em Ouro Preto Produções, com produção da Holofote Comunicação e Cultura, com apoio da Prefeitura de Ouro Preto.
 
 
 
Veja os espetáculos
 
27 de maio (Sexta)
18h30 - Cortejo Barroco Jazz
19h00 - Maio, antes que você me esqueça (Ilvio Amaral e Maurício Canguçu)
20h30 - Pocket show Aninha Viola
21h00 - Como desencalhar despois dos 30
28 de maio (Sábado)
18h30 - Cortejo Tambor de Sambapreto
19h00 - Guara-pa-rir (Kayete e Guilherme Oliveira)
20h30 - Pocket show Geraldo Pessoa
21h00 - Comi uma galinha e tô pagando o pato (Carlos Nunes)
29 de maio (Domingo)
15h30 - Cortejo Zé Pereia Club dos Lacaios
16h00 - Os três porquinhos (Associação Cultural Casa Laboratório)
18h00 - Desculpa qualquer coisa
19h30 - Cortejo Zé Pereia Club dos Lacaios
20h00 - Irmã Selma (Octávio Mendes, ex-integrande da Praça é Nossa)
 
 
A peça "Os três porquinhos" será exibida no domingo (foto: Divulgação/Festival de Popularização do Teatro)