Solidão, dilemas humanos e pop rock dão o tom à peça “Super só & outros videoclipes”, que ficará em cartaz de sexta-feira (20/5) a domingo (22/5), no Teatro Marília. A brasiliense Supersônica Cia. de Teatro chega a BH para apresentar o espetáculo escrito e dirigido por Miriam Virna, que também atua, canta e assina a trilha sonora.
Lançado em Brasília há cinco anos, o espetáculo retoma a temporada presencial para contar a história de quatro pessoas solitárias, trama conduzida por oito canções.
“O musical teve como ponto de partida músicas que já existiam”, conta Miriam Virna, que as compôs antes de ter a ideia do espetáculo. “Quando mostrava as canções para as pessoas, elas sempre elogiavam a característica teatral, a narrativa delas. Daí veio a ideia de montar o espetáculo”.
HUMOR
Apesar de tratar de um tema complicado como a solidão, Miriam diz que a peça traz humor, principalmente devido à atuação de Elisa Carneiro e Lupe Leal.
“A solidão é tratada da forma como acontece na vida real, com momentos leves, momentos densos e profundos. A ideia é a plateia chorar e rir logo em seguida”, comenta Miriam.
Em parceria com o diretor William Ferreira, ela criou o enredo em que quatro personagens (os “invisíveis”) vivenciam várias formas de solidão. O ambiente é típico de Brasília: uma quadra comercial/residencial, apelidada de “caixa de morar”.
Tímido e com dificuldades de se socializar, Fred ganha um cachorrinho de presente da mãe. Moça do interior de Minas Gerais, Drielly se muda para Brasília, trabalha como operadora de telemarketing e acaba viciada em videokê.
Marienilde, que trabalha no armarinho da quadra, sofre com o descaso da família, os filhos problemáticos e o marido. Ela atrai a atenção de Otacílio, o simpático zelador do prédio, recorrentemente azarado no amor.
Dois atores estarão no palco, além de Miriam: Elisa Carneiro interpreta Otacílio e Drielly; Lupe Leal vive Fred e Marienilde. “Pensamos que essa configuração pudesse ser a mais rica. Ela exige que a dramaturgia construa cenas em que podemos ter encontros que não dependam de quatro atores. Podemos ver dois atores mudarem de um personagem para o outro usando suas habilidades físicas e vocais”, afirma Miriam.
A atriz Elisa Carneiro diz que o público se identifica com os personagens. “Apesar de usarmos uma linguagem estética bem cartunesca, que poderia distanciar o público do vínculo humano com eles, fazemos questão de trazer os sentimentos da forma mais natural possível”, aponta.
Miriam interpreta a narradora da história e conduz as trajetórias dos personagens. Ela também canta nos “videoclipes” – momentos em que as canções substituem a encenação.
Cinco anos depois de estrear e com a COVID-19 em seu caminho, a peça volta aos palcos com novos elementos, fruto da vivência do elenco durante a quarentena.
“Não citamos a pandemia, mas ela ficou entranhada na interpretação e no subtexto”, defende Miriam. “Quando fazia o narrador, por exemplo, eu o fazia para fora e desenhado, em termos de movimentos físicos. Agora, ele está mais dark, sincero, humano e profundo. Isso vem da vivência e do isolamento da pandemia”.
Elisa Carneiro comenta que o momento experimentado por ela se reflete nos personagens que leva ao palco. “Nesses anos, vivenciamos, como humanidade, um período traumát7ico e triste. A pandemia modificou minha visão sobre várias coisas. Não tem como isso não atravessar meus trabalhos”, diz.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
“SUPER SÓ & OUTROS VIDEOCLIPES”
Peça de Miriam Virna e William Ferreira. Com Elisa Carneiro, Lupe Leal e Miriam Virna. Desta sexta-feira (20/5) a domingo (22/5), às 19h, no Teatro Marília. Avenida Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos. Informações: (31) 3277-4697 e (31) 3277-6319.