Jornal Estado de Minas

CINEMA

Tom Cruise faz mais do mesmo em "Top gun: Maverick". E isso é ótimo!


Tom Cruise é uma espécie em extinção na Hollywood de hoje. Só faz o que quer, há muito desistiu de fazer filmes densos, que poderiam lhe exigir um pouco mais do que os maneirismos que amamos acompanhar há décadas. Não está ligado a nenhuma franquia de super-herói porque, a cada novo filme de ação, dispensando dublês e fazendo coisas fantásticas, ele próprio se torna um super-herói. 





O anacronismo do astro, que chega aos 60 em 3 de julho próximo, cai como uma luva para “Top Gun: Maverick”. Com estreia nesta quinta-feira (26/5) nos cinemas e pré-estreias diárias até então, o longa dirigido por Joseph Kosinski (que o havia dirigido no esquecível sci-fi “Oblivion”, de 2013), recupera um personagem de 36 anos atrás. O piloto Pete “Maverick” Mitchell foi o protagonista do primeiro filme de ação de Cruise, então com 24 anos.

Trazê-lo à tona novamente é mais um exercício de egolatria de Cruise, que não nos poupa de informar como seus bíceps e tríceps resistiram bem ao tempo, mas também uma maneira de mostrar que o cinema é capaz de surpreender. 
 

 

NOSTALGIA

As celebradas passagens recentes do ator pelo Festival de Cannes e Londres, esta última em première com a presença do príncipe William e da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, só reforçam a ideia do quanto o cinema e Tom Cruise precisam um do outro, ainda mais neste momento de salas esvaziadas.




Como filme, “Top Gun: Maverick” é “Top Gun: Ases indomáveis” (1986) com avanço tecnológico e muita nostalgia. O que não é necessariamente mau, já que quando se coloca em ação – ou seja, com os caças no ar – ele é realmente espetacular. 

Maverick estava vivendo como um lobo solitário quando a Marinha americana decide liquidar uma instalação de enriquecimento de urânio de uma potência inimiga – não sabemos qual é e isto realmente não vem ao caso. O brilhantismo como piloto não tirou do personagem a conhecida insubordinação. 

Tanto que depois de décadas em atividade como o melhor dos melhores, Maverick não conseguiu subir na hierarquia – de tenente passou a capitão, ao contrário de seu antigo rival, hoje grande amigo, atual almirante Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer, em uma curta, corajosa e emocionante participação).





Depois de enfurecer mais um almirante (papel de Ed Harris) durante os testes de um jato hipersônico, Maverick é mais uma vez salvo por Iceman. Por ordens dele, o piloto deve voltar à Top Gun – sua tarefa é treinar a elite da elite da aviação americana para a missão quase suicida de destruir a instalação de urânio.

Com elenco mais diverso e sem tensão sexual na trama, o filme tem nas cenas de manobras aéreas seu ponto alto (foto: PARAMOUNT/DIVULGAÇÃO)

RIVAIS

Eis que ele volta, na condição de tiozão, para seu lugar de origem. Dá de cara com os 10 melhores pilotos que a Marinha tem à disposição – somente a metade deles entrará na missão. A animosidade entre os dois astros do jovem grupo, Hangman (Glen Powell) e Rooster (Miles Teller), ecoa a relação entre Iceman e Maverick no passado. Sem o clima homoerótico do primeiro filme, vale dizer.

A questão, para Maverick, é mais profunda. Rooster é o filho de seu melhor amigo Goose (Anthony Edwards), morto em ação. Até hoje Maverick vive do passado, e Rooster não tem razão alguma para gostar dele. Teme, ainda, que aconteça com o filho o que aconteceu com o pai. Neste reencontro com a Top Gun, o piloto terá também a companhia de Penny (Jennifer Connelly), um amor de outrora que hoje dirige o bar da região. 





“Top Gun: Maverick” não se furta a trazer elementos do filme original. A sequência inicial, do porta-aviões, é basicamente a mesma (atualizada, claro). Traz inclusive a canção “Danger zone”, de Kenny Loggins, principal tema do filme de 1986, como pano de fundo. O bar administrado por Penny é o mesmo que Goose tocou, ao piano, “Great balls of fire” quando se reencontrou com a família. Na atualidade, Rooster, que empunha o mesmo bigode e camisas estampadas do pai, também toca a canção.

O infame vôlei de praia do filme original (em que Cruise, de calça jeans e peito desnudo, jogava na areia para depois correr para um encontro com a astrofísica Charlie, personagem de Kelly McGillis que não é citada na nova história) vira uma partida de futebol americano. O agora professor Maverick coloca seus alunos em ação na areia para criar um espírito de equipe. Para o público, é apenas uma desculpa para ver coleções de bíceps e tríceps em clima de videoclipe.

Se o primeiro filme trazia atores brancos nos papéis principais, neste há diversidade no elenco. No time dos jovens pilotos, há latinos, negros e uma piloto mulher, Phoenix (Monica Narbaro). Por outro lado, não há nenhuma possibilidade de tensão erótica neste filme (entre os recrutas ou entre o casal principal). “Top Gun: Maverick” é muito mais conservador neste sentido do que seu antecessor.





A questão é que, a partir de determinado momento, a história para de ter importância. Mesmerizados ficamos com uma ‘dogfight’ (combate aéreo entre caças em um espaço de curto alcance) tão espetacular quanto inverossímil. E é nesse momento que “Top Gun: Maverick” funciona melhor.

Criada para atrair multidões com uma boa dosagem de escapismo e adrenalina, esta nova aventura supera a original. Assista enquanto puder. O próprio Maverick, em dado momento da história, é avisado de que, no futuro, com a evolução das aeronaves não tripuladas, não haverá espaço para pilotos. Assim como o bom e velho Tom Cruise, que hoje é visto como o último dos astros de sua era no cinema.

Para quem não quer esperar


Confira as sessões de pré-estreia do filme agendadas em Belo Horizonte

» NESTA TERÇA (24/5)

BH 1, às 18h e 21h (dub); BH 2, às 18h30 e 21h30 (leg); BH 8, às 20h30 (leg); Big 1, às 18h e 20h35 (dub); Boulevard 4, às 18h40 e 21h15 (leg); Cidade 8, às 18h30 (dub) e 21h05 (leg); Contagem 5, às 18h40 (dub) e 21h15 (leg); Del Rey 3, às 18h40 (dub) e 21h15 (leg); Diamond 1, às 18h30 e 21h30 (leg); Diamond 4, às 18h e 21h (leg); Diamond 5, às 19h10 e 22h10 (leg); Estação 3, às 19h e 22h (dub); Estação 4, às 18h e 21h (dub); Itaupower 2, às 18h30 (dub) e 21h05 (leg); Minas Shopping 4, às 18h35 (dub) e 21h10 (leg); Monte Carmo 2, às 18h25 (dub) e 21h (leg); Norte 2, às 18h e 20h35 (dub); Pátio 2, às 19h e 22h (leg); Pátio 5, às 18h30 e 21h30 (leg); Pátio 8, às 18h e 21h (dub); Ponteio 1, às 18h40 e 21h15 (leg); Via 1, às 18h20 e 20h55 (dub)

» NESTA QUARTA (25/5)

BH 1, às 15h, 17h55 e 20h55 (dub); BH 2, às 15h30, 18h30 e 21h30 (leg); BH 8, às 14h30, 17h30 e 20h30 (leg); Big 1, às 15h25, 18h e 20h35 (dub); Boulevard 4, às 13h30, 16h05, 18h40 e 21h15 (leg); Cidade 8, às 13h20, 15h55, 18h30 (dub) e 21h05 (leg); Contagem 5, às 13h30 (dub), 16h05 (leg), 18h40 (dub) e 21h15 (leg); Del Rey 3, às 13h30 (dub), 16h05 (leg), 18h40 (dub) e 21h15 (leg); Diamond 1, às 15h30, 18h30 e 21h30 (leg); Diamond 4, às 14h20, 17h30 e 20h30 (leg); Diamond 5, às 16h30 e 19h30 (leg); Estação 3, às 13h, 16h, 19h e 22h (dub); Estação 4, às 15h, 18h e 21h (dub); Itaupower 2, às 13h20, 15h55, 18h30 (dub) e 21h05 (leg); Minas Shopping 4, às 13h25, 16h, 18h35 (dub) e 21h10 (leg); Monte Carmo 2, às 13h15 (dub), 15h50 (leg), 18h25 (dub) e 21h (leg); Norte 2, às 15h25, 18h e 20h35 (dub); Pátio 2, às 16h, 19h e 22h (leg); Pátio 5, às 15h30, 18h30 e 21h30 (leg); Pátio 8, às 14h30, 17h30 e 20h30 (dub); Ponteio 1, às 13h30, 16h05, 18h40 e 21h15 (leg); Via 1, às 13h10, 15h45, 18h20, 20h55 (dub) 

“TOP GUN MAVERICK”

• (EUA, 2022, 131min, de Joseph Kosinski, com Tom Cruise, Jennifer Connelly, Miles Teler e Val Kilmer) – O filme estreia nesta quinta-feira (26/5).