Como homem público, o grande legado de D. Pedro I (1798-1834) ao Brasil foi a Independência, em 1822, e a Constituição de 1824, a primeira do país. No entanto, sua imagem popular era a de um homem farreador, mulherengo, que abria mão dos grandes salões para sair às ruas. A música era uma paixão desde sempre, tanto que outro lado do imperador brasileiro está sendo destacado pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
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Letieres Leite, que morreu de COVID, deixou herança preciosa para o BrasilAndré Abujamra canta o amor nestes tempos de hatersFred Izak faz show nesta sexta (27/5), com canções autorais e hits da MPBFilarmônica apresenta, hoje e amanhã, o programa de sua estreia na EuropaOrquestra Jovem reencontra público depois de dois anosAs gravações irão até a manhã de sexta (27/5). À noite, orquestra e convidados, sob a regência do maestro Fabio Mechetti, recebem o público na Sala Minas Gerais para concerto único deste repertório. A Filarmônica estará acompanhada da soprano Carla Cottini, da mezzo-soprano Luisa Francesconi, do tenor Cleyton Pulzi, do baixo-barítono Licio Bruno e de 40 vozes do coral Concentus Musicum de Belo Horizonte, dirigido por Iara Fricke Matte.
ESFORÇO CONCENTRADO
Na quarta-feira, terceiro dia de gravações, Mechetti falou ao Estado de Minas sobre o projeto. “Está sendo bem diferente do normal. Como temos variáveis – coro e quatro solistas –, o processo está sendo um pouco mais compartimentado. Começamos com um trecho com coro e depois, mais tarde, só com solistas. Vamos ‘picotando’ a obra. Repete-se bastante para tentar colocar o melhor. É desgastante, mas, ao mesmo tempo, interessante”, comentou.
O projeto tem uma carga de ineditismo – o “Te Deum” inteiro nunca foi gravado. “E o que tem de gravação do ‘Credo’ é muito antigo, de má qualidade. Como um álbum completo, é a primeira vez (que D. Pedro I é gravado)”, comentou o regente da Filarmônica mineira.
As quatro peças duram um pouco mais de uma hora. “Para alguém que não é um compositor profissional, ter mais de uma hora de música já é um feito. Não saberia totalizar quantas eles compôs, pois deixou algumas inacabadas. As que estamos gravando são as mais importantes”, completou Mechetti.
O maestro explica que em termos de estilo musical D. Pedro foi influenciado pelo pré-classicismo, na fase rococó. “Ele soa como Rossini, tem um pouquinho de Mozart, que são as influências do período.”
Para Mechetti, como compositor, o imperador “segue as regras da época”. “Existem momentos que mostram consciência de escrita no contraponto, na harmonia. Talvez ele tenha tido apoio de outros compositores da corte. É fato que sua música é agradável de ouvir, ainda que não tenha nada de original.”
Para Mechetti, como compositor, o imperador “segue as regras da época”. “Existem momentos que mostram consciência de escrita no contraponto, na harmonia. Talvez ele tenha tido apoio de outros compositores da corte. É fato que sua música é agradável de ouvir, ainda que não tenha nada de original.”
Originalidade, para Mechetti, é ter um imperador compositor. “Toda a nobreza da época estudava música ou pintura, mas são exemplos isolados os que realmente compuseram”, continuou ele, citando outro “colega” de D. Pedro, o príncipe Louis Ferdinand da Prússia (1772-1806).
“De certa forma, é original o fato de o imperador tocar vários instrumentos (flauta, trombone, violoncelo e harpa) e também ter composto algumas obras”, concluiu o maestro.
“De certa forma, é original o fato de o imperador tocar vários instrumentos (flauta, trombone, violoncelo e harpa) e também ter composto algumas obras”, concluiu o maestro.
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concerto pelo bicentenário da Independência. Nesta sexta (27/5), às 20h30, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090 – Barro Preto). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). À venda na bilheteria e no site filarmonica.art.br