A fascinação por true crimes é geral, mas entre os norte-americanos é quase uma obsessão. Muito populares na TV, histórias macabras de crimes ocorridos com pessoas comuns ganharam outro status com os podcasts. Pois foi um desses que pegou de jeito a atriz Renée Zellweger.
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Renée, dois Oscars na estante, ficou obcecada pela história, que anteriormente havia ganho cinco episódios do próprio “Dateline” (tamanha cobertura só perdeu para os casos O. J. Simpson e JonBenét Ramsay, a mini-miss abusada e morta aos 6 anos).
A atriz encampou o projeto de tal forma que não apenas protagoniza a minissérie “The thing about Pam”, como também assina a produção-executiva. Esta é a primeira série que ela encabeça na TV – nos EUA, foi criada pela própria NBC.
Veja trailer de "The thing about Pam":
IRONIA
Lançada por aqui nesta semana pelo Star+, a produção chama logo a atenção pelo formato. O tom é de sátira, com Keith Morrison, correspondente do próprio “Dateline” e o primeiro a cobrir a história para a TV, atuando como narrador. O clima irônico permeia toda a narrativa, que traz personagens sempre um grau acima – do peso, da estupidez, da mesquinharia.
Renée adora transformações e histórias reais, vide os vários quilos extras que adquiriu para fazer Bridget Jones, a personagem que a lançou, e os vários que perdeu para encarnar uma decadente Judy Garland na cinebiografia “Judy”, que lhe deu seu segundo Oscar.
Aqui ela radicalizou. Para interpretar Pam Hupp, a melhor amiga de Betsy, utilizou próteses faciais, além de uma roupa que a engordou muitíssimo – e lhe valeu alguma controvérsia on-line, com críticos chamando a atenção para a caracterização gordofóbica.
Polêmicas à parte, a história de Betsy é, na verdade, a história de Pam. O depoimento dela foi fundamental para que Russ Faria fosse condenado em 2013 pelo crime. Mas o que a série mostra logo no primeiro episódio é que foi Pam quem armou tudo. A motivação era tão somente dinheiro.
SEGURO
Quatro dias antes de seu assassinato, Betsy, que sofria de câncer terminal, mudou o beneficiário de seu seguro de vida – tirou o nome de Russ e colocou o de Pam. A intenção era que Pam, que ficou responsável por US$ 150 mil, administrasse um fundo para as duas filhas dela.
O marido acabou condenado em 2013 após um julgamento surreal. As circunstâncias, na série, são apresentadas como uma sequência de absurdos. Cidade pequena, a promotora, recém-eleita, era amiga da juíza desde o colégio – elas frequentavam o mesmo bar que um dos jurados. A juíza, por seu lado, minou quase todos os argumentos do advogado de defesa, Joel Schwartz (Josh Duhamel, também fortemente caracterizado).
O caso teve vários desdobramentos, até que Russ fosse considerado inocente e Pam viesse à tona como a autora do crime. “The thing about Pam” acompanha essa história, mas, no fundo, parece criada para mostrar o poder dramático e a capacidade de transformação de Renée. E ela mostra estar se divertindo o tempo todo com o circo de horrores.
“THE THING ABOUT PAM”
Minissérie em seis episódios, disponível no Star