Junho está chegando. Finalmente, após dois anos de pandemia, estão de volta os eventos de são-joão, com suas comidas típicas, barracas do beijo, fogueiras e, claro, muito forró. Neste sábado (28/5), o pernambucano Alceu Valença vai animar o arrasta-pé no “arraiá” montado no mirante do Olhos d'Água, em Belo Horizonte.
“Rapaz, a questão do apreço e da tradição vem sendo mudada através de uma coisa chamada internet. O forró já pegou no Japão e em Paris. Fui homenageado e cantei no Luso Baião, em Portugal”, diz o cantor e compositor.
Na quarta edição da Festinha Junina, ele vai apresentar o show “Anunciação – Tu vens eu já escuto os teus sinais”, cujo repertório conta com hits de sua carreira – “Coração bobo”, “Táxi lunar” e “Papagaio do futuro” –, além de clássicos de Luiz Gonzaga (“Baião” e “Vem morena”) e do paraibano Jackson do Pandeiro “Canto da ema”.
"Muitas vezes, nos meus shows, o público vira palco e eu viro plateia para ouvir o público"
Alceu Valença, cantor e compositor
“A gente deu preferência, evidentemente, para as músicas de são-joão”, conta Alceu, mas o repertório trará os sucessos “La belle de jour”, “Cavalo de pau”, “Pelas ruas que andei”, “Como dois animais”, “Tropicana” e, claro, “Anunciação”.
“A música popular brasileira, já dizia Jackson do Pandeiro, possui uma genética muito própria. Ele dizia que tudo vem do coco. Se quiser, eu pego ‘La belle de jour’ e toco como um samba”, comenta Alceu, garantindo que os ritmos nordestinos vêm ganhando cada vez mais espaço no Brasil e no mundo.
RENOVAÇÃO
Aos 75 anos, o cantor comemora a renovação de seu público, graças à tecnologia. A versão ao vivo de “La belle de jour/Girassol”, por exemplo, já bateu 217 milhões de visualizações no canal do YouTube do Grande Encontro, projeto de Alceu, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo.
“Estou notando essa coisa da jovialidade no meu público. Sempre teve, mas agora é absurdo. O que foi que aconteceu? Eis que a internet começou a expandir tudo isso”, afirma. À sua maneira, Alceu estreita os laços com as plataformas digitais.
“Minha mulher botou para mim o tal do Spotify. Se quiser, eu escuto Dalva de Oliveira e, em seguida, Núbia Lafayette, Cauby Peixoto ou João Gilberto”, comenta, revelando que, por meio da plataforma, conheceu o trabalho de Zaz, cantora francesa de gypsy jazz.
A pandemia foi cruel para Alceu, afastando-o dos shows e do público. “Ficava sozinho dentro da minha casa, aguentando um ano e três meses de britadeiras do outro lado do prédio. À noite, quando eles terminavam, eu tocava violão, coisa que não costumava fazer”, diz. Ele gravou três álbuns durante o período de confinamento social.
“Palco é vitamina para mim. Alegria, expressão e, principalmente, troca. Muitas vezes, nos meus shows, o público vira palco e eu viro plateia para ouvir o público”, diz.
Vão se apresentar com o pernambucano o guitarrista Leo Lira, o tecladista Tovinho, o sanfoneiro André Julião, o baixista Nando Barreto e o baterista Cassio Cunha.
Outras atrações da noite são Du Monteiro, Breno Gontijo, Paula Marques e DJ Vavá.
O cardápio da Festinha Junina terá caldos de feijão e de mandioca, vira-lata (cachorro-quente com brioche, linguiça artesanal, cebola caramelizada no vinagrete de jabuticaba), bolinho de mandioca, espetinhos de boi e de coração, canjica e arroz-doce, produzidos por Flávio Trombino, do restaurante Xapuri.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
ALCEU VALENÇA
Neste sábado (28/5), na Festinha Junina, a partir das 18h. Rua Gabriela de Melo, 565, Olhos D’Água. Ingressos a partir de R$ 230, à venda no site Sympla. Informações: (31) 3889-2003