Com uma seleção de 21 filmes em competição pela Palma de Ouro considerados ecléticos e muito diversos em estilos e temas, o júri do Festival de Cannes 2022 tinha uma tarefa árdua para definir a premiação desta primeira edição do evento em seu formato habitual, desde o início da pandemia.
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Festival de Cannes chega ao fim, eclético e sem favoritosFilmes exibidos em Cannes discutem islã, racismo e perseguição a imigrantesOs 21 filmes na disputa pela Palma de Ouro no 75º Festival de CannesFestival de Cannes começa com recorde de diretoras disputando prêmio máximoFestival de Cannes tem Karim Aïnouz e recorde de diretoras na competiçãoDocumentário mostra como diretor de "Pantanal" foi influenciado pelo irmão"Ainda me emociono", dizia Milton Gonçalves, sobre primeiro aplauso de péCom exposição em BH, João Diniz reflete sobre a arquitetura da palavraA Palma de Ouro foi para um longa que concentrou boa parte das discussões da crítica durante as duas semanas de festival na Côte d’Azur, "Triangle of sadness" (“Triângulo da tristeza”), do sueco Ruben Ostlund. O diretor já havia levado o prêmio máximo do festival com "The square: A arte da discórdia", outro título que dividiu a crítica entre apaixonados e veementes detratores.
Se em "The square: A arte da discórdia" Ostlund expunha as hipocrisias do meio intelectual e artístico, em "Triangle of sadness" ele volta seu olhar contundente mais uma vez para as classes privilegiadas e sua inconsciência sobre a desigualdade social e econômica.
CRUZEIRO
No longa, um modelo inseguro com o futuro de sua carreira, após ouvir de um especialista do mercado o comentário de que ele não é bonito o suficiente, aceita o convite da namorada, uma influencer do Instagram, para relaxar num cruzeiro de luxo. O passeio, no entanto, está destinado a naufragar, literalmente.
"Todo o júri ficou extremamente chocado com este filme", disse Lindon. Seus companheiros na tarefa de decidir os vencedores do Festival de Cannes 2022 foram as atrizes Rebecca Hall (Reino Unido), Deepika Padukone (Índia), Noomi Rapace (Suécia) e Jasmine Trinca (Itália); os diretores Asghar Farhadi (Irã), Ladj Ly (França), Jeff Nichols (Estados Unidos) e Joachim Trier (Noruega).
Com sua nova vitória em Cannes, aos 48 anos, Ruben Ostlund se juntou ao pequeno grupo de diretores que venceram duas Palmas de Ouro, como os belgas irmãos Dardenne (“Rosetta”, de 1999, e “A criança”, de 2005) e o britânico Ken Loach (“Ventos da liberdade”, de 2006, e “I, Daniel Blake”, de 2016).
O Grande Prêmio, o segundo mais importante troféu do festival, foi para "Close", do diretor belga Lukas Dhont, sobre uma amizade rompida entre dois adolescentes, e para "Stars at noon", da diretora francesa Claire Denis, um thriller romântico ambientado na Nicarágua.
“The eight mountains”, outro filme realizado por belgas, o casal Felix Van Groeningen e Charlotte Vandermeersch, recebeu o Prêmio do Júri, juntamente com o polonês Jerzy Skolimowski e seu surpreendente "Eo", estrelado por um burro.
Os prêmios de atuação foram para a atriz iraniana Zar Amir Ebrahimi, por seu papel de uma jornalista tenaz em "Holy spider", e para o sul-coreano Song Kang-ho, astro de “Parasita”, por "Broker", do japonês Hirokazu Kore-Eda.