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Estado de Minas ESCÂNDALO EM HOLLYWOOD

Advogada diz que Amber Heard não tem US$ 10 milhões para indenizar Depp

Elaine Bredehoft anuncia que atriz vai recorrer da decisão do Tribunal de Fairfax. Para ela, sentença desestimulará mulheres a denunciarem abuso sexual


03/06/2022 04:00 - atualizado 02/06/2022 23:28
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A advogada Elaine Bredehoft e a atriz Amber Heard olham para o lado
A advogada Elaine Bredehoft e a atriz Amber Heard em sessão no Tribunal do Condado de Fairfax, em 25 de maio (foto: Evelyn Hockstein/AFP)

Amber Heard não pode pagar ao ex-marido Johnny Depp a indenização de US$ 10,35 milhões como determinou um júri americano, que optou pela versão do astro de “Piratas do Caribe” no julgamento por difamação movido por ele. A informação é de Elaine Bredehoft, advogada de Heard.


Os jurados determinaram que a atriz, de 36 anos, deve indenizar o astro em US$ 10,35 milhões, enquanto Depp, de 58, terá de pagar US$ 2 milhões a ela.

NA TV

Na quinta-feira (2/06), ao ser questionada no programa “Today”, da emissora NBC, sobre se Amber Heard terá condições de pagar a indenização, Bredehoft, respondeu: “Ah, não, absolutamente, não”. E informou que a cliente pretende recorrer do veredito.


Em 2020, Johnny Depp perdeu o caso de difamação no Reino Unido contra o tabloide londrino The Sun, que o chamou de “agressor de esposas”. No ano passado, o recurso dele foi rejeitado.

Na última quarta-feira, Depp comemorou como vitória a decisão do Tribunal do Condado de Fairfax, localizado no estado norte-americano da Virgínia, enquanto Heard disse estar com o “coração partido”.

Carrie N. Baker, advogada especialista em assédio sexual, comenta o caso

O ator processou a ex-mulher por causa de um artigo escrito por ela para o jornal americano The Washington Post, em dezembro de 2018. No texto, Amber se descreve como uma “figura pública que representa o abuso doméstico”.

Heard não citou o nome de Depp. Ainda assim, ele a processou por insinuar que ele é agressor doméstico e pediu indenização de US$ 50 milhões.

Por sua vez, Amber processou-o de volta exigindo US$ 100 milhões e alegando ter sido difamada por declarações de Adam Waldman, advogado de Depp, que havia afirmado ao jornal Daily Mail que as denúncias de abuso feitas pela atriz são uma farsa.

''É um grande retrocesso. A menos que você pegue o telefone e grave seu cônjuge ou parceiro te batendo, efetivamente não vão acreditar em você''

Elaine Bredehoft, advogada de Amber Heard



A advogada Elaine Bredehoft afirmou que a equipe jurídica de Depp trabalhou para “demonizar” Heard e suprimiu provas cruciais no julgamento.

“Várias coisas permitidas pelo tribunal não deveriam ter sido permitidas, e isso deixou o júri confuso”, declarou.

De acordo com Bredehoft, a decisão é mau presságio para o movimento MeToo e vai desencorajar mulheres de denunciarem assédio e abuso sexual.

“É uma mensagem horrível”, lamentou Bredehoft. “É um grande retrocesso.” E completou: “A menos que você pegue o telefone e grave seu cônjuge ou parceiro te batendo, efetivamente não vão acreditar em você.”

O júri considerou que Heard agiu com “malícia”, o que significa que ela sabia que as declarações eram falsas.

“O júri devolveu minha vida”, comemorou Depp, na quarta-feira. “O melhor ainda está por vir, e um novo capítulo começou”, avisou por meio de comunicado.

Camille Vasquez, advogada de Depp, durante sessão no tribunal de Fairfax
Camille Vasquez, advogada de Depp, agradeceu aos jurados 'por suas deliberações ponderadas' (foto: Evelyn Hockstein/AFP)

IMPASSÍVEL

Amber Heard estava no Tribunal de Fairfax quando a sentença foi anunciada. Ouviu impassível o veredito e considerou o julgamento “um revés” para as mulheres.


“Estou inconsolável, porque a montanha de evidências não foi suficiente para fazer frente ao poder e à influência desproporcional do meu ex-marido”, declarou.

“Estou ainda mais decepcionada pelo que esse veredito significa para outras mulheres. É um retrocesso na ideia de que a violência contra as mulheres deve ser levada a sério.” E completou: “Estou ainda mais triste por parecer ter perdido um direito que achava que tinha como americana, de falar livre e abertamente”.

Depp, que passou os últimos dias na Inglaterra, não estava no tribunal no momento do veredito. “Desde o começo, o objetivo de levar esse caso à Justiça era revelar a verdade, independentemente do resultado”, afirmou, por meio de comunicado.

Camille Vasquez, advogada do ator, disse que as alegações de Amber Heard “foram claramente difamatórias e com base em nenhuma prova”. Ela agradeceu aos jurados “por suas deliberações ponderadas”.

No último domingo, o ator se apresentou de surpresa no show de Jeff Beck, em Londres. Com sua guitarra, tocou covers de Jimi Hendrix, Marvin Gaye e John Lennon, no Royal Albert Hall.

O escândalo Depp/Heard se transformou em fofoca globalizada, mobilizando fãs de lado a lado e movimentando as redes sociais, especialmente o TikTok, durante os dois julgamentos – nos EUA e na Inglaterra. Os trabalhos do tribunal da Virginia foram transmitidos ao vivo pela internet e o veredito de quarta-feira ficou entre os temas mais comentados no Twitter.

Johnny Depp de cabelos brancos como o personagem Grindelwald, do filme Animas fantásticos
Johnny Depp perdeu o papel do vilão Grindelwald em "Animais fantásticos: os segredos de Dumbledore" (foto: Warner Bros/divulgação)

CARREIRAS COMPROMETIDAS

Na verdade, o prejuízo foi grande para ambas as partes. Amber Heard alega que perdeu US$ 50 milhões em contratos. Abaixo-assinado com mais 4 milhões de assinaturas circula nas redes sociais pedindo que ela seja excluída do elenco de “Aquaman 2”, que está sendo filmado.

Depp, por meio de seus advogados, alegou que receberia US$ 22,5 milhões pelo sexto filme da franquia “Piratas do Caribe”, mas foi dispensado após as acusações de violência doméstica.

O astro foi substituído por Mads Mikkelsen em “Animais fantásticos: Os segredos de Dumbledore”, o terceiro longa da franquia baseada nos livros de J. K. Rowling, derivada de “Harry Potter”. Depp deixou de atuar como o  vilão Grindelwald.

Atores Jason Momoa e Amber Heard em cena do filme Aquaman
Abaixo-assinado com 4 milhões de assinaturas exige saída de Amber Heard do elenco de 'Aquaman 2', filme protagonizado por Jason Momoa (foto: Warner Bros/divulgação)


Johnny Depp ainda vivia com a cantora francesa Vanessa Paradis, com quem tem dois filhos de um relacionamento de 14 anos, quando se envolveu com Amber Heard, em 2011. Os dois participavam das filmagens do longa “Diário de um jornalista bêbado”. Em 2015, eles se casaram e oficializaram o divórcio em 2017.

Muita baixaria cercou a separação de Heard e Depp. Vieram a público casos envolvendo abuso de drogas, fezes na cama do casal, suspeitas de infidelidade e violência. A atriz acusou Depp de bater nela; o astro alegou que Heard cortou o dedo dele com uma garrafa durante uma briga.


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